O Piauí tem se destacado como um dos estados que mais investem na geração de energia a partir de fontes renováveis. Com os empreendimentos que estão em marcha e projetados, o Estado deverá se tornar o maior produtor de energia solar do País e um dos maiores da América Latina. Alguns fatores explicam esse boom. Com clima tropical e temperaturas médias elevadas, variando entre 18° e 39°, o Piauí é banhado por sol intenso o ano inteiro, principalmente na época de seca, entre setembro e dezembro, com 12 horas diárias de insolação. Essa disponibilidade solar favorece o desenvolvimento de eletricidade fotovoltaica. Ao mesmo tempo, os fortes ventos, principalmente à noite, propiciam a geração de energia eólica, estimulando as geradoras híbridas.
“Sol e vento forte e constante são nossas grandes riquezas. O potencial eólico e fotovoltaico do Piauí possibilita a produção de energia híbrida e limpa, bem como interiorizar o desenvolvimento”, afirma o governador do Piauí, José Wellington Barroso de Araújo Dias. Um dos países referência em desenvolvimento de tecnologias de
O Piauí tem se destacado como um dos estados que mais investem na geração de energia a partir de fontes renováveis. Com os empreendimentos que estão em marcha e projetados, o Estado deverá se tornar o maior produtor de energia solar do País e um dos maiores da América Latina. Alguns fatores explicam esse boom. Com clima tropical e temperaturas médias elevadas, variando entre 18° e 39°, o Piauí é banhado por sol intenso o ano inteiro, principalmente na época de seca, entre setembro e dezembro, com 12 horas diárias de insolação. Essa disponibilidade solar favorece o desenvolvimento de eletricidade fotovoltaica. Ao mesmo tempo, os fortes ventos, principalmente à noite, propiciam a geração de energia eólica, estimulando as geradoras híbridas.
“Sol e vento forte e constante são nossas grandes riquezas. O potencial eólico e fotovoltaico do Piauí possibilita a produção de energia híbrida e limpa, bem como interiorizar o desenvolvimento”, afirma o governador do Piauí, José Wellington Barroso de Araújo Dias. Um dos países referência em desenvolvimento de tecnologias de produção e geração solar, a Alemanha, tem apenas 1/20 do potencial de produção piauiense. Apenas de energia solar há 82 empreendimentos no Piauí cadastrados e aprovados junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prontos para serem ofertados em leilão pelo governo federal.
Cidades como Picos, Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves, Eliseu Martins, São João do Piauí, Nova Santa Rita e Ribeira do Piauí possuem potencial a ser explorado para energia solar. Em São João do Piauí, por exemplo, existem sete projetos em fase de instalação e outros quatro em fase de proposição, que podem, juntos, produzir 1.600 MW.
Associado aos recursos naturais existentes, outra vantagem do Piauí é a disponibilidade de áreas para implantação das usinas, bem como a presença de redes de transmissão cortando o Estado, além de incentivos fiscais e financeiros oferecidos pelo governo estadual, que criou Programa Piauiense de Produção de Energia Limpa (Propidel). O plano não apenas incentiva a instalação das geradoras, mas prevê a adoção de tratamento tributário diferenciado para as empresas que fabricarem equipamentos e insumos destinados à geração de energia solar e eólica no Estado. “Quem investe em energia renovável no Piauí tem todo o apoio do governo, as condições sólidas para um bom investimento e ótimo resultado”, diz Wellington Dias, destacando que o marco regulatório e uma política feita pelo Estado, que garante o apoio aos investidores, tem cada vez mais atraído empresas de energia ao Piauí. “Temos a perspectiva ainda de um novo leilão de geração solar, que permitirá gerar 600 MW, tornando o Piauí maior produtor de energia fotovoltaica do País”, completa o governador.
Uma das empresas que aposta forte no Piauí é a Enel Green Power Brasil, subsidiária da italiana Enel, que está investindo cerca de US$ 300 milhões na construção da usina solar Nova Olinda. O projeto teve início em julho de 2016, é financiado por meio de recursos próprios do grupo e, uma vez concluído − previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano −, será a maior planta solar da América Latina. Nova Olinda está localizada em uma área de 690 hectares no município de Ribeira do Piauí, sudeste do Estado, a cerca de 380 quilômetros da capital Teresina.
A usina terá capacidade instalada de 292 MW e será capaz de gerar mais de 600 GW/h por ano, o suficiente para atender as necessidades de consumo de energia anual de cerca de 300 mil residências. “Em Ribeira do Piauí temos o maior empreendimento de energia solar da América Latina, que quando estiver em operação irá oferecer mais energia que a hidrelétrica de Boa Esperança. Gerando emprego, renda, circulando dinheiro na economia, e o mais importante, com energia limpa”, destaca Wellington Dias.
Brasil na liderança mundial
“A construção de Nova Olinda é um passo adiante para o grupo no Brasil, confirmando nossa liderança no mercado de energia solar brasileiro”, afirma Carlo Zorzoli, country manager da Enel para o Brasil. A nova planta do Piauí confirma a disposição da Enel em fazer do País um dos maiores produtores de energia solar do planeta. São cerca de 1.650 MW de projetos de energia fotovoltaica em execução ou contratados.
Ituverava, outro projeto de grande monta que o grupo constrói em Tabocas do Brejo Velho, na Bahia, terá capacidade de 254 MW e produção anual de energia estimada em 500 GW/h. Além de manter em operação a maior planta de energia solar em terras brasileiras − a Fontes Solar, com 11 MW de capacidade, localizada em Tacaratu, em Pernambuco, − o grupo totaliza capacidade instalada de 1.302 MW de energias renováveis no Brasil. Desse montante, 400 MW são de energia eólica, 12 MW de energia solar fotovoltaica e 890 MW de energia hídrica, além de 442 MW de projetos eólicos e 807 MW de projetos solares atualmente em execução.
O grupo atua também em distribuição de energia nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, totalizando 7,3 milhões de usuários atendidos. “O governo brasileiro tem desenvolvido um processo atrativo e bem estruturado de leilões. Vamos continuar investindo para crescer de maneira sólida no setor de energia no País”, acentua Zorzoli.
Vale do Silício piauiense
Teresina também entra no radar do setor, e deverá receber uma fábrica de placas de energia solar e uma usina fotovoltaica, no que está sendo chamado localmente de Vale do Silício piauiense, na região do Socopo, zona leste da capital. De acordo com a Secretaria de Mineração, Petróleo e Energias Renováveis do Piauí, as tratativas entre o governo e empresários europeus estão em andamento para confirmação dos investimentos na região.
O governo se comprometeu em garantir os incentivos necessários, por meio da Agência de Fomento e do Fundo da Previdência. Além da fábrica de produção de materiais para geração de energia fotovoltaica, estão sendo projetadas áreas de moradia e de saúde. Outra intervenção programada é o Centro de Inovação Tecnológica e Artes (CITA), que reunirá pesquisadores acadêmicos e produtores culturais.
Energia solar cresce 70% no País
O Brasil é o maior mercado de energia elétrica da América Latina, com capacidade instalada acumulada de aproximadamente 146 GW, considerando-se todas as fontes que fazem parte da matriz energética nacional. Nesse contexto, enquanto o potencial hidrelétrico brasileiro é de 172 GW e o eólico, de 440 GW, o potencial da geração solar fotovoltaica supera 28.500 GW, sendo maior do que o de todas as demais fontes de geração de energia combinadas, segundo levantamento realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Por muito tempo esse potencial se manteve inexplorado, mas o cenário está mudando. Assim como houve um crescimento expressivo da geração eólica anos atrás, agora a bola da vez é a energia solar. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), ampliou em mais de 70% a capacidade de geração fotovoltaica nos últimos dois anos. Atualmente, existem 111 projetos em andamento, dos quais 12 em construção. Com esses projetos, a Absolar estima que, em 2018, a participação da energia solar na matriz energética passará dos atuais 0,02% para entre 2% e 3%, chegando a 4% em 2014. E em uma perspectiva otimista, poderá atingir 10% da matriz energética nacional em 2030.
A expectativa é que do total de energia solar previstos para serem instalados até 2030 (25 GW), 17 GW sejam de geração centralizada (usinas de grande porte) e 8,2 GW de geração distribuída − em casas, edifícios comerciais e públicos, condomínios e na área rural, como em fazendas. “Se aproveitarmos os telhados de residências brasileiras com geração distribuída solar fotovoltaica, a energia elétrica gerada seria capaz de abastecer mais de 2 vezes toda a demanda residencial do País”, revela Rodrigo Lopes Sauaia, presidente executivo da Absolar. “Se adicionarmos aos cálculos os edifícios comerciais, industriais, públicos e rurais, o potencial técnico da geração distribuída solar fotovoltaica será multiplicado e crescerá diversas vezes. Ou seja, tanto pelo potencial da geração centralizada quanto da geração distribuída, no que depender da fonte solar fotovoltaica, não ficaremos sem energia elétrica tão cedo”, conclui o executivo.
Microgeração e minigeração
A geração distribuída a partir de fontes renováveis no Brasil, chamada de microgeração e minigeração distribuída, ultrapassou, em março deste ano, a marca histórica de 100 MW instalados. Segundo levantamento da Absolar, com base em dados oficiais da Agência Nacional de Energia Elétrica, os sistemas solares fotovoltaicos instalados em residências, comércios, indústrias, prédios públicos e na zona rural já representam mais de 99% destas instalações de microgeração e minigeração distribuída no país.
O Brasil possui atualmente 8.931 sistemas conectados à rede, que proporcionam economia na conta de luz dos consumidores e beneficiam um total de 9.919 unidades consumidoras espalhadas pelo território nacional. Dos 100 MW instalados, 67,7 MW são provenientes da fonte solar fotovoltaica, totalizando 8.832 sistemas, que representam mais de R$ 540 milhões em investimentos no país.
Segundo o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o potencial técnico da geração distribuída solar fotovoltaica, já parcialmente mapeado pela Empresa de Pesquisa Energética, representa mais de 164 GW, considerando apenas os telhados de residências. De acordo com ele, isso significa que, se aproveitarem os telhados de residências brasileiras com geração distribuída solar fotovoltaica, a energia elétrica gerada seria capaz de abastecer 2,3 vezes toda a demanda residencial do país.
Dentre as unidades consumidoras beneficiadas por sistemas solares fotovoltaicos a maior parcela é de residências, que representam 77,5% do total, seguida de comércios, com 17%; indústrias, com 2,2%; consumidores rurais, com 1,8% e consumidores do poder público, incluindo iluminação e serviço público, somando 1,5% no total.
US$ 400 milhões para o Complexo Ituverava
Projetado para se tornar uma das maiores usinas de energia solar da América Latina, o Complexo Ituverava está sendo construído na cidade de Tabocas do Brejo Velho, no estado da Bahia, com capacidade de 254 MW e produção anual de energia estimada em 500 GWh. Segundo seus empreendedores, no complexo serão instaladas cerca de 20 mil placas fotovoltaicas, podendo gerar mais de 550 GWh por ano, o suficiente para atender a demanda de consumo de energia anual de mais de 268.000 domicílios brasileiros, evitando a emissão de mais de 185.000 toneladas de CO2 por ano. Ituverava ajudará a suprir a demanda crescente de energia elétrica no país que, de acordo com estimativas, vai aumentar a uma taxa média de 4% ao ano até 2020.
As obras começaram em dezembro de 2015, sob a supervisão da Enel Green Power, responsável por conduzir a construção da planta. A Enel escolheu a empresa Enerray do Brasil, que pertence à Seci Energia do Grupo Industrial Maccaferri, através da Enerray Usinas Fotovoltaicas, para executar o projeto, com orçamento estimado em US$ 400 milhões.
A usina de Ituverava foi um dos vencedores em leilão de energia de reserva realizado pelo governo federal em novembro de 2014, no qual a companhia vendeu 344 megawatts (MW) em empreendimentos, incluindo usinas eólicas.
Segundo Francesco Venturini, CEO da Enel, a empresa tem cerca de 1.650 MW de projetos de energia solar em execução ou contratados, que demonstram compromisso crescente para o desenvolvimento desta tecnologia nos próximos anos.
”Acreditamos que o Brasil representa uma grande oportunidade por ser um mercado com perspectivas de crescimento muito significativas a médio e longo prazo”, afirma Michael Scandellari, CEO da Enerray, empresa parceria da Enel em Ituverava.
Plataformas flutuantes geram energia solar
Pensar novas alternativas para a produção de energia limpa e abundante é um desafio encarado por especialistas. Nesse sentido, várias experiências internacionais têm sido trazidas para o Brasil, como a produção de energia solar flutuante. Construído para instalação em lagos de usinas hidrelétricas, o sistema flutuante contribui para manter a produção de energia mesmo nos períodos de seca. Ideal para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s), este tipo de projeto tem ainda a facilidade de utilizar áreas que já contam com licenciamento ambiental.
Desde o ano passado a empresa Quantum Engenharia, com sede em Santa Catarina, tem instalada uma plataforma flutuante em um lago na Universidade Positivo, em Curitiba, no Paraná. O sistema piloto é off-grid, ou seja, não está ligado diretamente à rede de energia elétrica. Sendo assim, toda a geração é consumida em seguida, diferentemente do que ocorre com os demais projetos fotovoltaicos. De acordo com Gilberto Vieira Filho, diretor-presidente da Quantum Engenharia, essa tecnologia pode contribuir para manter o fornecimento durante todo o ano. “O interessante desse tipo de projeto é que a produção de energia não fica mais atrelada exclusivamente ao potencial hidráulico. Mesmo quando os níveis de água estão menores é possível usar a luz solar e continuar operando”, explica.
A produção de energia solar flutuante já ocorre em países como Japão e Inglaterra e opera, basicamente, do mesmo modo que os sistemas instalados em prédios, residências e usinas terrestres. “A grande diferença é o equipamento para flutuação, que evita transtornos com água, e o cabeamento subaquático que leva a produção para as edificações”, detalha.
Até 2050 a expectativa é de que a energia solar corresponda a 13% da oferta total do Brasil. Portanto, mesmo com custo de projeto mais elevado, o uso de flutuadores promete ser uma alternativa atraente, principalmente em áreas com PCH’s, para manter a estabilidade da produção, aliando tecnologia e sustentabilidade.
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