Finalmente o Brasil desperta para o potencial da energia solar dentro da matriz energética nacional. O mercado se reorganiza movimentado pela demanda já crescente dos consumidores residenciais, que hoje respondem por mais de 70% do mercado. Hoje, o atual líder no mercado latino-americano de energia solar é o Chile. Mas segundo o Guia Estratégico da GTM Research para a América Latina, tanto o México quanto o Brasil poderão ultrapassar o Chile em instalações acumuladas até 2018. De acordo com o boletim “Energia Solar no Brasil e no Mundo”, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia, o Brasil deve integrar o ranking dos 20 maiores produtores de energia solar do mundo nos próximos dois anos.
A expansão do uso da energia solar fotovoltaica no país e a potência de 2,6 GW de geração centralizada colaboram nessa projeção. Até o final de 2015, todos os países do mundo computavam uma potência instalada solar fotovoltaica de 234 GW, considerando também a expansão de 52 GW no ano – o que corresponde a 1.635km² de painéis solares. Os estudos do Plano Nacional de Energia
Finalmente o Brasil desperta para o potencial da energia solar dentro da matriz energética nacional. O mercado se reorganiza movimentado pela demanda já crescente dos consumidores residenciais, que hoje respondem por mais de 70% do mercado. Hoje, o atual líder no mercado latino-americano de energia solar é o Chile. Mas segundo o Guia Estratégico da GTM Research para a América Latina, tanto o México quanto o Brasil poderão ultrapassar o Chile em instalações acumuladas até 2018. De acordo com o boletim “Energia Solar no Brasil e no Mundo”, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia, o Brasil deve integrar o ranking dos 20 maiores produtores de energia solar do mundo nos próximos dois anos.
A expansão do uso da energia solar fotovoltaica no país e a potência de 2,6 GW de geração centralizada colaboram nessa projeção. Até o final de 2015, todos os países do mundo computavam uma potência instalada solar fotovoltaica de 234 GW, considerando também a expansão de 52 GW no ano – o que corresponde a 1.635km² de painéis solares. Os estudos do Plano Nacional de Energia (PNE 2050), em elaboração pela Empresa de Pesquisa Energética, estimam que 18% dos domicílios de 2050 contarão com geração fotovoltaica (13% do consumo residencial).
Para uma projeção mais rápida, a estimativa do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE-2024), é que a capacidade instalada de geração solar no Brasil chegue a 8.300 MW, e os estudos do PDE 2025, em elaboração, sinalizam a ampliação dessas previsões. Segundo a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a geração de energia solar fotovoltaica no Brasil atingirá o patamar de 1.000 megawatts (MW) de capacidade instalada até o fim deste ano. O número representa um crescimento de 325% em relação à capacidade atual de 235 MW, suficiente para abastecer cerca de 60 mil residências, com até cinco pessoas em cada uma.
A Intersolar South America, realizada de 22 a 24 de agosto, evidenciou o entusiasmo desse mercado, atraindo especialistas, empresas, clientes e fornecedores do mundo todo. Mas, mesmo diante de um cenário de otimismo, a cadeia que envolve o setor da energia solar ainda se ressente de diversos obstáculos que têm impedido o crescimento do setor, sobretudo quando se trata de projetos de infraestrutura.
De acordo com o Rodrigo Sauaia, diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar, o cancelamento de dois leilões afetou a confiança do mercado e o crescimento dos empreendimentos solares, que não têm contratação em leilão desde 2015, quando os projetos somavam praticamente 20 GW. Por isso, a Absolar está reivindicando junto ao ministério da Energia a inclusão dos empreendimentos fotovoltaicos em dois leilões anunciados pelo MME para o ano que vem. No ano passado, havia em torno de 13 GW em projetos cadastrados para os certames. Rodrigo Sauaia, diz que a entidade vai solicitar ao ministério a inclusão da fonte no leilão A-6–que, uma vez que ela está prevista somente no leilão A-4. Sauaia diz que os investidores foram surpreendidos pela decisão do MME, e que ficaram “fortemente descontentes com a medida”, que prejudica os empreendimentos fotovoltaicos. “Não consideramos nem justo nem isonômico proibir a fonte de participar, uma vez que ela está em processo de inserção no mercado”, diz.
Segundo Florian Wessendorf, diretor geral da Solar Promotion International (Alemanha), presente na Intersolar, apesar das idas e vindas por parte do governo federal, o Brasil está atualmente tentando reorganizar e diversificar seus leilões solares, além de buscar alternativas para que o setor não dependa somente dos leilões governamentais. Ele destacou que o ministério considera inclusive uma política energética com paridade fiscal, adicionando incentivos para produzir equipamento nacionalmente. O impacto das duas iniciativas fortalecerá o setor solar brasileiro, a seu ver.
Para Wessendorf, mesmo em meio a uma crise, a energia solar e outras renováveis continuam sendo prioridade para o Brasil, e os investimentos nesse segmento com certeza terão impacto na taxa de emprego, especialmente se o Brasil estabelecer uma cadeia de valor robusta no setor. “Há muitas oportunidades para jovens engenheiros, trabalhadores experientes e especialistas. Numa parte do quadro, poderiam estar os investidores estrangeiros. A moeda brasileira, ora desvalorizada, está também barateando projetos; e o Brasil é essencialmente estável e confiável (por exemplo, veja os contratos de compra de energia apoiados pelo governo para 20 anos)”, destacou.
O especialista destacou que os assuntos relacionados à energia sempre se concentram entre a questão da qualidade e da confiabilidade. Para ser competitiva, a energia solar precisa ter um desempenho sólido por 20 anos ou mais, às vezes em condições climáticas severas. “A energia solar só terá sucesso se os componentes, as instalações e a manutenção atenderem a altos padrões de qualidade, e se forem confiáveis. Portanto, é inevitável que isso exija mão-de-obra qualificada. Formação e treinamento são absolutamente cruciais para o desenvolvimento sustentável de projetos solares”, enfatizou.
Para o Prof. Dr. Ricardo Rüther, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e diretor técnico do Instituto IDEAL (Brasil), o Brasil deve apostar no aproveitamento de soluções híbridas, para tirar o melhor proveito das tecnologias disponíveis e oferecer também soluções adequadas a cada tipo operacional dos clientes. Nesse sentido, um aspecto positivo para investidores e até grandes empresas que têm implantado sistemas solares, é a adesão dos estados ao Convênio ICMS 16/2015 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que isenta o pagamento de tributo estadual (ICMS) sobre o excedente de energia elétrica gerada por sistemas de geração distribuída, como a solar fotovoltaica, para o Sistema Interligado de Energia. Nessa modalidade, o tributo é aplicado apenas sobre a energia que o consumidor receber da rede elétrica, descontando a eletricidade que ele devolver à rede. Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Eduardo Azevedo, um dos palestrantes da Intersolar, a adesão é positiva e estimula a geração distribuída. “É importante quando mais um Estado percebe que isso é uma oportunidade para aumentar a geração distribuída naquela região, que traz ganhos indiretos inclusive para o consumidor”, afirmou. O convênio, na prática, faz com que o consumidor seja tributado pelo ICMS apenas no excedente consumido. Por exemplo, uma família que consome 200 kWh ao mês e que produza 120 kWh, recolherá ICMS apenas sobre 80 kWh. Isso torna a geração distribuída mais viável para os consumidores, que pagam imposto somente sobre a energia que não devolverem ao sistema. O Pará foi a 21ª unidade da federação (UF) aderir ao convenio, somando-se ao Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal. Até 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão ter energia gerada por elas mesmas, entre residências, comércios, indústrias e o setor agrícola, o que pode resultar em 23.500 MW (48 TWh produzidos) de energia limpa e renovável, o equivalente à metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Outra regulamentação positiva do setor é a nova resolução da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo, que simplifica o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica por energia solar. Os projetos de 5 MW a 90 MW serão submetidos ao Estudo Ambiental Simplificado – EAS, e para as instalações menores que 5 MW, incluindo micro e minigeração de energia elétrica distribuída, só serão exigidas autorização para supressão de vegetação nativa ou para instalação em áreas de proteção de manancial, se necessária. Para empreendimentos com potência maior que 90 megawatts (MW), o procedimento de licenciamento prévio será o Relatório Ambiental Preliminar – RAP. Com isso, o governo estadual pretende incentivar ainda mais a aplicação da energia solar ao simplificar o licenciamento. “Com estas medidas simplificadoras, os processos de licenciamento ambiental se tornarão mais claros, ágeis e previsíveis, garantindo a segurança tão desejada pelos investidores privados e pelos consumidores que pretendem produzir energia elétrica, com sustentabilidade”, disse o subsecretário de Energias Renováveis, Antonio Celso de Abreu Junior.
O estímulo considera a necessidade de aumentar a participação das fontes renováveis e mitigar a emissão de carbono fóssil na matriz energética, e a necessidade de implementar a “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, além de cumprir o Acordo de Paris. Os empreendimentos de geração de energia elétrica solar fotovoltaica representam uma fonte limpa e sustentável de eletricidade, sem emissão de gases de efeito estufa e com baixo impacto ambiental, como preconiza a PEMC – Política Estadual de Mudanças Climáticas.
Entre os Estados com maior número de sistemas fotovoltaicos instalados, Minas Gerais aparece na liderança com 2.648, seguido por São Paulo, com 2.507 unidades geradoras. Essa diferença, no entanto, vem se estreitando rápidamente, com São Paulo registrando 1.105 conexões no primeiro semestre deste ano, ao contrário do atual líder, que teve 988 novas conexões. Ao que tudo indica, em breve o Estado paulista deverá ocupar a posição de liderança. Em seguida aparecem os estados do Ceará e Rio de Janeiro.
Alguns projetos se destacam nesse universo em São Paulo, como a construção de 200 casas da cidade de Campinas; a implantação do Data Center da Algar Tech e do Hospital Cento Infantil Boldrini; e a instalação de uma usina fotovoltaica no campus universitário da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação, em Lins, todas realizadas pela distribuidora CPFL Energia. A empresa Mercado Livre, em Osasco, instalou 2 mil módulos fotovoltaicos, que geram 700 megawatts-hora ao ano e constituem a maior usina solar em telhado do Brasil. Já se pode ver o reflexo da economia, como a implantação de montadoras de placas solares em Campinas, Valinhos e em Sorocaba, assim como uma fábrica de inversores, também em Sorocaba.
Atualmente, Campinas é a cidade paulista com maior número de sistemas instalados, com 471 conexões, ou 16,7% do total estadual, seguida por São Paulo, com 195; São José do Rio Preto, com 86; Ribeirão Preto, com 62; Moji-Mirim, com 55; Bauru, com 50; Indaiatuba, com 49; Sorocaba, com 46 e Valinhos, com 40, além de outros 263 municípios.
Em Goiás, surgiu o programa Casa Solar, que está instalando o sistema em 1.200 unidades habitacionais goianas. Desenvolvido pela Agência Goiana de Habitação (Agehab), o Casa Solar é capaz de gerar até 70% de economia na conta de energia das famílias beneficiárias. Alto Paraíso, no Nordeste goiano, e Pirenópolis, na Região Central do Estado, foram os primeiros municípios a receberem o benefício. Em Alto Paraíso foram instaladas 40 unidades. O programa já vem trazendo resultados positivos, como a iniciativa no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, situado no extremo norte do Estado de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, no município de Cavalcante. Nessa região de difícil acesso convivem diversas comunidades, dentre elas a Comunidade Prata, que abriga cerca de 70 famílias. A comunidade recebe esse nome por estar às margens do Rio Prata, que em 2016, após uma enchente que atingiu a região, deixou diversos moradores desabrigados. Pela situação emergencial, a AGEHAB, através do Cheque Mais Moradia do Governo de Goiás, construiu e entregou moradias populares para 26 dessas famílias, proporcionando melhorias na qualidade de vida dessas vítimas e empregando diversas soluções inovadoras, como o sistema de energia solar. Foram implantadas diversas soluções sustentáveis, desde o sistema de iluminação por garrafas plásticas, painéis solares, baterias e lâmpadas de LED que juntas proporcionaram melhorias na qualidade de vida sem descaracterizar a cultura e o modo de vida dessas famílias.
Apesar do desempenho promissor do setor de energia solar, um dos desafios fica por conta da energia solar térmica. O sistema de aquecimento de água pela energia solar é composto pelos coletores solares, e o reservatório térmico (Boiler). O calor solar é captado pelas placas e depois transferido para a água, que circula no interior de suas tubulações de cobre. A função do reservatório térmico no sistema de aquecimento solar residencial é a mesma de uma caixa d'água. Ele é a responsável por fazer com que a água armazenada fique quente no aquecedor solar. Uma das possibilidades debatidas pelo mercado é o uso misto do sistema térmico com o sistema fotovoltaico. O potencial é alto sobretudo para a habitação popular, que poderá reduzir o custo da energia elétrica dos chuveiros, um dos maiores vilões do consumo residencial. Mas o segmento considera que os programas governamentais ainda não levam em consideração o potencial da energia solar térmica. Um exemplo é o anuncio de medidas para implementar a energia solar fotovoltaica nas residências do Programa Minha Casa, Minha Vida feito pelo Ministério das Cidades, que não menciona a energia solar térmica.
Vislumbrando o crescimento do setor solar, a cadeia de produtos e serviços já se movimenta para suprir a demanda dos clientes. A Solar Solutions, por exemplo, fornecedora oficial de produtos fotovoltaicos AEG (a marca pertence ao Grupo Electrolux), anuncia a expansão do seu negócio latino-americano através da inauguração de um escritório de operações dedicado em Campinas, São Paulo, Brasil. O novo escritório atenderá clientes do Brasil e países vizinhos da America Latina. No inicio deste ano, os módulos fotovoltaicos AEG obtiveram uma classificação máxima na certificação Inmetro através do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia do Brasil.
A Yaskawa Eletricos do Brasil, tradicional empresa de inversores de frequência e servo acionamentos, apresentou seu primeiro Inversor Fotovotaico Central Smartgrid 1000 XTM, produzido pela empresa no país, em sua planta em Diadema. Desenvolvido para aplicação em usinas e instalação ao tempo, o inversor fotovoltaico central se adapta a ambientes agressivos. “Trata-se de uma nova tecnologia direcionada para a expansão da indústria de geração de energia renovável , que a empresa está começando a produzir em sua fabrica”, disse Luis Simione, diretor da Yaskawa. Disponível nas potencias de 750 kW e 1000 kV, o inversor central fotovoltaico Smartgrid 1000 XTM foi projetado para conexão direta com um transformador externo de media tensão, podendo ser combinados 2 a 2, oferecendo módulos de até 2MW. O objetivo da Yaskawa com o inversor fotovoltaico central é atingir um volume de produção de 100 a 250 MW, com flexibilidade de expandir e até duplicar a produção.
Já a ABB lançou três produtos: o REACT, um inversor com armazenamento integrado voltado para o mercado residencial, disponível nas versões de 4,6 kW e 3,6 kW. É equipado com uma bateria de 2 kWh, que permite o backup da energia gerada para utilização posterior. O produto oferece autossuficiência energética, alinha a produção de energia com os níveis da casa e pode ser gerenciado remotamente.
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