Mais de 9.500 obras de grande porte em todo o País, em setores tão diversos quanto saneamento, geração de energia, transporte e logística, siderurgia, hotelaria, papel e celulose, arenas desportivas, petróleo e gás e shoppings centers. Oportunidades de negócios que envolvem recursos superiores a R$ 1,3 trilhão. Essa é a nova cara do Brasil, que desponta finalmente, no cenário da economia mundial, como uma das nações mais promissoras, capaz de descr ever uma trajetória de crescimento sustentável e atraente para investidores do mundo todo.
Esse também é o cenário da pesquisa encomendada pela Sobratema, que deverá orientar não só seus associados – representantes da indústria de máquinas e equipamentos para a construção pesada e mineração – como também todos os players que atuam nos setores de construção civil
Mais de 9.500 obras de grande porte em todo o País, em setores tão diversos quanto saneamento, geração de energia, transporte e logística, siderurgia, hotelaria, papel e celulose, arenas desportivas, petróleo e gás e shoppings centers. Oportunidades de negócios que envolvem recursos superiores a R$ 1,3 trilhão. Essa é a nova cara do Brasil, que desponta finalmente, no cenário da economia mundial, como uma das nações mais promissoras, capaz de descr ever uma trajetória de crescimento sustentável e atraente para investidores do mundo todo.
Esse também é o cenário da pesquisa encomendada pela Sobratema, que deverá orientar não só seus associados – representantes da indústria de máquinas e equipamentos para a construção pesada e mineração – como também todos os players que atuam nos setores de construção civil, engenharia, mineração e infraestrutura, pelos próximos seis anos.
Resultado de seis meses de pesquisa, e concluído em março deste ano, o relatório “Principais Investimentos nas Áreas de Infraestrutura e Indústria”, onde estão previstos investimentos no Brasil até 2016, tem o objetivo de estruturar e organizar as informações disponíveis no mercado (mas até então dispersas ou circulando apenas dentro de cada área de negócio), de forma a reuní-las em um único documento. Com esta proposta, o relatório apresenta um panorama geral da indústria da construção no País, e aponta as perspectivas de cada um dos segmentos mais relevantes da infraestrutura e das obras.
De acordo com Cristina della Penna, diretora da Criactive Assessoria Comercial, empresa de consultoria contratada pela Sobratema para a realização do estudo, o trabalho busca materializar a percepção de que a indústria da construção e toda a sua cadeia vêm assumindo um papel de grande relevância neste novo ciclo de desenvolvimento do País. “O PAC, a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 são alguns dos alavancadores, que certamente farão diferença e levarão os volumes de investimentos em infraestrutura a novos patamares no nosso País. E toda a cadeia da construção tem acompanhado esse salto de desenvolvimento e se preparado para o que deve acontecer em termos de obras, nos próximos anos”, avalia.
Para Paulo Lancerotti, diretor-executivo da Sobratema, o relatório, ao oferecer ao mercado informação altamente qualificada, permite que toda a indústria da construção – incluindo construtoras, fabricantes de máquinas, peças e equipamentos, fornecedores de serviços e insumos para a construção – faça suas análises quantitativas, programe seus investimentos, planeje e redimensione suas capacidades, de forma a melhor atender às demandas crescentes desse mercado.
Metodologia
Cristina explica que, para oferecer uma visão privilegiada do cenário nacional, com áreas de negócios tão diversas e tantas oportunidades de investimentos, o estudo optou por segmentar o mercado em 11 setores. São eles:
Energia: subdividido em obras de geração, transmissão e distribuição. No total foram utilizadas 43 fontes secundárias no levantamento dos dados;
Combustível: subdividido em obras nas áreas de álcool, biodiesel, estaleiro, etanol, gás e petróleo. Neste setor foram consultadas 13 fontes secundarias;
Saneamento: subdividido em obras de: abastecimento/esgoto, adutoras, barragens/açudes, irrigação, saneamento/meio ambiente e outras. Para as análises deste setor serviram de base oito fontes secundarias;
Transporte: subdividido em obras de aeroportos, ferrovias, hidrovias, metrôs, pontes/viadutos, portos, rodovias/vias urbanas e outras. No total, foram utilizadas 18 fontes secundarias;
Habitação: subdividido em obras de habitação e urbanização, com a consulta de oito fontes secundarias;
Setor Privado: subdividido em obras industriais, mineração, siderurgia e outras. Além das 49 fontes secundarias, foram contatadas 14 empresas de grande porte, dos diversos setores, na busca de informações primárias;
Hotel & Resort: além das 33 fontes secundárias, foram contatadas as principais redes hoteleiras, na busca de informações primárias;
Shopping Center: além das 101 fontes secundárias, foram ouvidas as principais redes do setor na busca de informações primárias;
Copa 2014: nos estudos foram consideradas apenas as obras de infraestrutura esportiva, balizadas em duas fontes secundárias;
Olimpíadas 2016: foram consideradas apenas as obras de infraestrutura esportiva, com base em informações de seis fontes secundárias;
Outros: subdividido em obras de hospitais, universidades e infraestrutura de turismo, entre outras. Além de 64 fontes secundárias, foram contatadas as principais redes de hospitais e grupos de ensino.
Para cada setor foi elaborada uma analise geral e um ranking das principais obras. O estudo também permite quantificar o volume de investimentos por região e por tipo de obra, possibilitando análises gerenciais e estratégicas.
Crescimento com muita energia
De acordo com o levantamento, que levou em conta principalmente os dados do BNDES, só na área de infraestrutura, a perspectiva de investimentos é da ordem de R$ 274 bilhões entre 2010 e 2013. Estão contemplados os setores de energia elétrica, telecomunicações, saneamento e logística. Nesta área, o setor de Energia será o que mais vai demandar recursos, com um volume de investimentos previstos da ordem de R$ 92 bilhões. Isso representa 33,5% do total de investimentos na área, até 2013.
São projetos de geração, transmissão e distribuição de energia, que têm como carros-chefes os projetos do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira – as usinas de Jirau, com 3.450 MW, e Santo Antônio, com 3.200 MW, ambas em Rondônia –, além de Belo Monte, com potencial de 11.233 MW, no Pará, e da terceira usina nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O montante a ser investido no setor é 35,7% superior ao que foi disponibilizado entre 2005 e 2008 (R$ 199 bilhões).
Na sequência, em termos de volume de recursos, vêm os setores de telecomunicações, saneamento, ferrovias, transporte, rodoviário e portos.
Ainda com base em projeção do BNDES, a pesquisa apurou que, graças às recém-descobertas reservas do pré-sal, a exploração de petróleo e gás vai liderar o investimento da indústria nos próximos quatro anos, somando US$ 271 bilhões (cerca de R$ 487 bilhões). Na comparação com o período de 2005 a 2008, o valor representa crescimento de quase 42% no volume de recursos aplicados na indústria. O pré-sal deverá gerar um efeito multiplicador na indústria brasileira, como um ciclo virtuoso. Vários setores, como os da indústria naval, siderurgia, metalurgia e equipamentos, se beneficiarão da exploração das áreas.
Mais de 60% dos investimentos virá de petróleo e gás, responsáveis por US$ 171 bilhões ate 2013, pela estimativa do banco. A Petrobras, em seu planejamento estratégico, prevê investimentos de US$ 174,4 bilhões de 2009 a 2013.
Outro setor da cadeia do petróleo que contribuirá muito para a expansão da indústria é o petroquímico, que vai mais do que triplicar os investimentos em relação aos US$ 5 bilhões do período 2005-2008. Segundo o BNDES, serão aplicados US$ 17 bilhões na petroquímica até 2013, um aumento de 240% em relação ao outro quadriênio. Entre os projetos em curso, estão o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e o Polo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, que devem consumir US$ 8,4 bilhões e US$ 2 bilhões, respectivamente.
Pelo menos oito estaleiros de grande porte, no valor estimado de US$ 10 bilhões, estão sendo projetados por grupos nacionais e estrangeiros para operar no Brasil entre 2010 e 2011. O objetivo do reforço é atender as demandas crescentes de construção de sondas de perfuração, plataformas e navios petroleiros, que devem atingir R$ 150 bilhões em cinco anos, segundo o Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval).
O volume total de obras levantadas no setor de Saneamento foi de 5.838, gerando um investimento de R$ 80.964,8 milhões. No setor de Transporte foram levantadas 719 obras, totalizando um investimento de R$ 232.163,8 milhões.
Para capacitar as 12 cidades-sede para a realização da Copa 2014 serão necessários pelo menos R$ 79,4 bilhões em investimentos, voltados para obras de infraestrutura, construção de novos estádios de futebol existentes ou construção de novas instalações. As obras previstas contemplam ainda a construção de centros de treinamento, reforma de aeroportos, projetos de incentivo ao turismo, segurança e adequação do sistema de transito, entre outras. Mas se forem consideradas apenas as obras das instalações desportivas, os gastos projetados são da ordem de R$ 10 bilhões.
Já o projeto olímpico do Rio de Janeiro está orçado em cerca de R$ 25 bilhões, dos quais grande parte será destinada às obras de infraestrutura, como transporte, saneamento e segurança, além da construção de instalações esportivas, da Vila Olímpica e centro de imprensa, entre outras obras. Somente as instalações esportivas, no entanto, terão um custo de aproximadamente R$ 2 bilhões, distribuídos em 41 obras.
O que pensam os representantes da indústria da construção
Para Marcos Monteiro, Presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copa 2014 muito tem se falado do potencial de geração de negócios do evento e os benefícios que o país terá com os legados por ele deixados. Estudos realizados pela consultoria Ernst Young mostram que o campeonato poderá gerar, considerando-se apenas o setor da construção civil, um aumento do PIB da ordem de R$ 8 bilhões entre impactos diretos e indiretos. Ele observa, no entanto, que pouco se viu de ação efetiva por parte dos governos, desde o anúncio. “Algumas ações em estádios, poucos planos anunciados... É evidente que para as expectativas de resultados serem alcançadas é preciso investir”, pondera.
Monteiro observa que, de acordo com o estudo da consultoria, serão necessários investimentos de R$ 4,6 bilhões em estádios, R$ 3,2 bilhões na rede hoteleira, R$ 2,6 bilhões na rede de transporte (aéreo, viário, ferroviário etc.), além de R$ 2,8 bilhões em ações de infraestrutura e reurbanização, entre outros setores. Mas, em sua opinião, a participação da iniciativa privada tem sido tímida, por falta de segurança no retorno dos investimentos.
“O governo federal vem afirmando, com razão, que grande parte dos investimentos terá que ser feita pela iniciativa privada. E esse é o grande nó da questão. Quem investe em qualquer negócio em que não estão claras as regras do jogo? Onde não existe um planejamento claro ou projetos de implantação? Ou ainda, se não tem claro quais são as perspectivas de continuidade de geração de resultados após a realização do evento?”, questiona Monteiro.
Ele crê que enquanto as diversas esferas do governo não se articularem e não apresentarem, claramente, planejamento e projetos integrados para as diversas cidades-sede, bem como ações para continuidade de geração de negócios após a Copa, o setor privado não se sentirá seguro em tirar seus projetos de investimento do papel.
O presidente da Abece lembra que grandes obras de construção civil têm tempo de execução longo, e que por conta do longo período de inércia, talvez não tenhamos tempo de fazer as coisas da forma correta. “Teremos projetos básicos feitos na correria, com falhas e indefinições que causarão atrasos de obra e adendos contratuais. Teremos falta de mão de obra especializada e a necessidade de utilizar uma mão de obra não qualificada produzirá obras com qualidade abaixo da desejada. Nada muito diferente do que vivemos até agora, mas que ainda não foi suficiente para aprendermos”, lamenta.
O Brasil depois de 2016
Mais otimista, Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), acredita que o Brasil que organizará a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016 certamente será maior e mais exigente do que o atual. Para ele, a organização de dois dos eventos mais importantes do mundo serve como fator fundamental para antecipar investimentos em diversos setores de infraestrutura e para pressionar por decisões das autoridades públicas envolvidas no planejamento, na execução e no controle de gastos e investimentos. “O Brasil, tão acostumado a conviver com atrasos e interrupções em obras de infraestrutura, terá de cumprir prazos para que os projetos estejam à disposição da sociedade, já que há data marcada para os dois eventos começarem. Os projetos previstos para os dois eventos esportivos, no entanto, não serão suficientes para suprir todas as necessidades das cidades e da sociedade que anos e anos de investimentos aquém do necessário deixaram de legado. Mas há oportunidades claras para fazer confluir esforços e recursos públicos e privados numa mesma direção, de forma que as intenções sejam traduzidas em obras importantes para reduzir gargalos econômicos e sociais”, avalia Godoy.
“Em um estudo realizado pela Abdib para identificar a capacidade atual e ideal de infraestrutura e de serviços públicos para as cidades brasileiras receberem jogos da Copa do Mundo, foram identificados 786 projetos, com perspectiva de investimento de R$ 104 milhões, previstos ou em execução nas áreas de portos, aeroportos, mobilidade urbana, energia elétrica, saneamento básico, telecomunicações, hotelaria, rede hospitalar, segurança pública e arenas esportivas.”
Godoy adverte, no entanto, que se o País quiser competir em igualdade de condições com as principais nações do mundo, terá de manter amplo e contínuo programa de investimentos em infraestrutura e promover ações para ampliar a qualidade de vida e as oportunidades para a população urbana e rural.
O legado é a nossa medalha
Carlos Maurício Lima de Paula Barros, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), representante das empresas de engenharia industrial atuantes na implantação da infraestrutura do País, também se preocupa com o legado dos grandes jogos para a sociedade. Ele calcula que pra viabilizar o projeto Rio 2016, a previsão de investimentos públicos e privados gira em torno de R$ 30 bilhões, dos quais R$ 23 bilhões aplicados em projetos de linhas de metrô, corredores de ônibus, revitalização da zona portuária, despoluição das baías, entre outras. Já para a Copa, dos R$ 104 bilhões em investimentos totais, 33%, ou R$ 60 bilhões, nas contas do dirigente setorial, correspondem a obras de mobilidade urbana. “Não surpreende que esse seja o setor a exigir maiores esforços: as cidades brasileiras há muito se ressentem da ausência de estrutura de transporte eficiente e adequada às necessidades da população”, analisa.
“Acelerar os projetos de modernização e ampliação do transporte de massa nas grandes cidades é um legado que poderá ficar da Copa e da Olimpíada, assim como a solução das deficiências crônicas em saneamento básico. Segundo estudo realizado em 2009, cerca de R$ 12 bilhões precisarão ser investidos em saneamento básico, praticamente o mesmo necessário à ampliação da capacidade da rede de hospitalidade”, revela.
Carlos Maurício destaca que um setor que concentra grandes expectativas é o aeroportuário. Com a maioria dos principais aeroportos brasileiros operando hoje acima da capacidade, as intervenções prometidas pelo governo federal se fazem urgentes não somente para atender ao aumento do fluxo de passageiros no período das competições, mas principalmente para suportar o crescimento recente da demanda interna, pelo aumento do poder aquisitivo da população. O plano anunciado pela Infraero é de investir RS 5,4 bilhões em 16 aeroportos das 12 cidades-sede ate 2014. As reformas incluem novos terminais e pistas, ampliação de pátios e modernização de sistemas de aproximação e proteção ao voo.
Energia e telecomunicações são outros itens prioritários na agenda do Brasil e dos eventos internacionais. Para o presidente da Abemi, na área energética, o desafio é aumentar a capacidade instalada em transmissão e distribuição e adotar medidas que impeçam os temidos ‘miniapagões’. Em comunicações, as demandas se relacionam à ampliação de redes de alta velocidade e na formação de estrutura capaz de suportar tráfego intenso de conteúdos e mensagens.
“Uma fotografia de 2010 revela um Brasil longe de estar pronto para sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo. Se bem conduzidos, os investimentos programados poderão se transformar em legado permanente para toda a população brasileira. Caso contrário, o país corre o risco de um vexame internacional, com perda de imagem e credibilidade, duramente conquistadas”, alerta.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade