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Rio Grande do Sul encara o desafio de destravar as hidrovias

A construção de um novo polo naval gaúcho, às margens do Jacuí, não representará apenas a interiorização da indústria oceânica, mas a possibilidade de renascimento de uma riqueza pouco explorada no Estado: os rios como via de transporte.

Zero Hora

22/08/2012 12h11 | Atualizada em 22/08/2012 18h10


Será pelas hidrovias que peças gigantes para plataformas de petróleo fabricadas em Charqueadas farão parte da viagem até os estaleiros onde será feita a montagem final.

O potencial hidroviário do Rio Grande do Sul tem sido até agora uma promessa e uma utopia. Com a instalação do polo naval do Jacuí, essa hidrovia passa a ser uma estrutura efetiva que só tende a se desenvolver prometeu o governador Tarso Genro durante lançamento do polo, ontem, no Palácio Piratini.

Mesmo quem luta há anos para ver esse plano zarpar ou por isso mesmo encara a hipótese com certo ceticismo. Atualmente, as vias fluviais movimentam apenas 3% do transporte no Estado. Um dos problemas

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Será pelas hidrovias que peças gigantes para plataformas de petróleo fabricadas em Charqueadas farão parte da viagem até os estaleiros onde será feita a montagem final.

O potencial hidroviário do Rio Grande do Sul tem sido até agora uma promessa e uma utopia. Com a instalação do polo naval do Jacuí, essa hidrovia passa a ser uma estrutura efetiva que só tende a se desenvolver prometeu o governador Tarso Genro durante lançamento do polo, ontem, no Palácio Piratini.

Mesmo quem luta há anos para ver esse plano zarpar ou por isso mesmo encara a hipótese com certo ceticismo. Atualmente, as vias fluviais movimentam apenas 3% do transporte no Estado. Um dos problemas está na distância entre a indústria e o rio.

A natureza ajudou, mas o homem atrapalhou. Há empresas que desejam se instalar à beira de rios, mas desistem ao descobrir a dificuldade em conseguir licença ambiental. Existe temor que a atividade degrade o rio, mas é justamente o contrário, porque há manutenção. Pior é deixar o rio abandonado diz Fernando Becker, presidente do conselho de administração da Trevisa, controladora da Navegação Aliança.

Para a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), o polo do Jacuí poderá representar bem mais do que a criação de ligação entre Charqueadas e Rio Grande. O superintendente Pedro Obelar aposta na reativação do transporte de passageiros. Os rios e lagoas ajudariam a desafogar as rodovias gaúchas, já saturadas de caminhões.

Transporte fluvial faz a diferença, afirma Graça

Para possibilitar o uso dos rios como transporte de cargas dos polos do Jacuí e petroquímico até o porto de Rio Grande, serão investidos R$ 40 milhões na dragagem e sinalização noturna das hidrovias. Somente o Jacuí absorverá R$ 4 milhões em recursos a curto prazo. O secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, garante que há mais de mil quilômetros de hidrovias que poderiam ser aproveitados, dependendo de uma série de melhorias, como alargamento das margens, dragagem e sinalização. No entanto, apenas 283 quilômetros estão em condições de uso, argumenta Paulo Renato Menzel, coordenador do fórum de infraestrutura e logística da Agenda 2020.

O Rio Grande do Sul e o Amazonas são os dois Estados com as melhores condições para a navegação, mas estamos aproveitando muito pouco. As hidrovias precisam de um polo de carga em cada ponta, e várias empresas que demandem esse serviço ao longo do trecho para dar escala, e isso não temos observa Menzel.

Na cerimônia do lançamento do polo do Jacuí, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Fortes, elogiou a iniciativa do governo em descentralizar a produção da indústria naval utilizando hidrovias:

Quando se investe em outra região, que tem capacidade de escoamento fluvial faz toda a diferença.

A travessia que conquistou

A quantidade de passageiros que utilizam a travessia por barco entre Guaíba e Porto Alegre 5 mil só no último fim de semana, atraídos pela agilidade, na comparação com a rodovia, é combustível para uma expansão que se avizinha.

Ontem, a EPTC apresentou à Capitania dos Portos os projetos da linha da Ilha da Pintada e da escala na zona sul da Capital, entre o cais do porto e Guaíba. Como no trajeto desde Guaíba, esses novos traçados deverão ser operados pela Catsul em formato de teste, com duração de um ano. Se também derem certo, deve ser aberta licitação. A proposta mais recente é construir um terminal no Estádio Beira-Rio, onde ocorrerão os jogos da Copa do Mundo.

Rios grandes do Sul

Transportar cargas e pessoas pela água faz parte da história do Rio Grande do Sul. Basta dizer que, dos quatro primeiros municípios do Estado, pelo menos três: Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre cresceram, em grande medida, a partir de seus portos. Rio Grande até hoje se destaca, com um dos portos mais movimentados do Brasil e do Mercosul.

Especialmente entre as décadas de 1940 e 1950, rios como o Jacuí e o Taquari, além da própria Lagoa dos Patos, eram rota movimentada para escoar produtos e pessoas. Na Capital, por exemplo, muita gente ia comprar frutas trazidas pelos barcos que atracavam no cais. Isso sem falar na tradição das procissões fluviais de Navegantes em diferentes regiões do Estado, especialmente o Litoral.

Polo naval do Jacuí

Recém-nascido, o polo naval do Jacuí começa a se desenvolver com seis empreendimentos de fabricação de módulos e equipamentos para plataformas de exploração de petróleo.

Além da Iesa Óleo & Gás, que foi atraída pela indústria naval, gaúchas como Intecnial de Metasa vão investir em unidades industriais em Charqueadas e Taquari.

Com sede em Erechim, a Intecnial irá investir R$ 30 milhões no já existente estaleiro de Taquari para fabricação de módulos elétricos uma espécie de central nervosa da plataforma marítima.

Seremos fornecedores para construtores de plataformas. São módulos de quase mil toneladas, com mais de 25 metros de comprimento, que serão transportados por hidrovias explica o diretor superintendente da Intecnial, Fernando Augusto Becker, acrescentando que a instalação deve ser concluída no próximo ano.

Fabricante de estrutura metálicas com sede em Marau, a Metasa deve investir R$ 120 milhões em nova unidade em Charqueadas. A previsão é de que a planta entre em operação no primeiro semestre de 2013, com a geração de 600 vagas.

O estaleiro da Iesa no polo do Jacuí, investimento de R$ 100 milhões da Iesa, tem cais implantado e deve iniciar as operações no primeiro trimestre de 2013. Com contrato assinado com a Petrobras, no valor de US$ 720 milhões, a empresa fabricará de 24 a 32 módulos destinados a seis ou oito plataformas o número ainda é indefinido de exploração marítima de petróleo que serão acopladas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

Os módulos sairão de balsa de Charqueadas e serão levados até o Sudeste, onde serão integrados explicou o presidente da Iesa Óleo & Gás, Valdir Carreiro, acrescentando que mão de obra gaúcha terá preferência no preenchimento de 1,2 mil vagas.

Outras três empresas, UTC Engenharia, Engecampo e Tomé Engenharia, confirmaram investimentos no polo do Jacuí.

Foi uma grande sacada do governo gaúcho não deixar todas as empresas empacotadas no mesmo lugar, o que acabaria criando alguma ineficiência observou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Fortes.

 

 

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