Revista M&T
10/05/2022 14h33 | Atualizada em 04/08/2022 13h37
Por Antonio Santomauro
Mastros hidráulicos – ou placing booms, como também são conhecidos – elevam significativamente a produtividade de obras cuja concretagem demanda grandes volumes de concreto e deve atingir alturas elevadas, inviáveis para uma bomba-lança.
Compostos por uma estrutura de fixação e lança, os mastros de distribuiç
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Por Antonio Santomauro
Mastros hidráulicos – ou placing booms, como também são conhecidos – elevam significativamente a produtividade de obras cuja concretagem demanda grandes volumes de concreto e deve atingir alturas elevadas, inviáveis para uma bomba-lança.
Compostos por uma estrutura de fixação e lança, os mastros de distribuição giram 360 graus em torno de seu eixo, aplicando uniformemente o concreto por toda a superfície. Mas, apesar do aumento registrado com o recente reaquecimento da construção civil, a disponibilidade de mastros hidráulicos permanece baixa no Brasil.
De fato, a reportagem da Revista M&T apurou que as concreteiras e construtoras, na maioria dos casos, já não compram mastros próprios, recorrendo a empresas que oferecem locação e operação dessas soluções quando necessário. E, aparentemente, ainda há pouquíssimas empresas com esse perfil no Brasil.
PROCESSO
“Em qualquer obra com grande volume de concreto, o uso de placing boom é bastante vantajoso”, garante o engenheiro Robson Queiroz, que em 2012 fundou a NorthMix, empresa de bombeamento de concreto que disponibiliza esse tipo de equipamento (e da qual se retirou no final do ano passado, após a venda do negócio para a concreteira Valebeton).
As vantagens, acentua, não aparecem apenas quando os equipamentos são utilizados em edifícios mais altos ou em barragens. “Em silos, por exemplo, o uso também é muito indicado, pois o mastro fica centralizado no interior e vai girando para percorrer toda a parede”, descreve Queiroz. “É um típico caso em que a concretagem deve ser ininterrupta, e o mastro viabiliza esse processo.”
Segundo ele, no entanto, o mastro deixa de ser competitivo em edifícios com até oito andares, nos quais pode-se trabalhar com bomba-lança. “Além disso, em qualquer edifício é necessário deixar um vão nos três primeiros pavimentos, que precisam ser previamente concretados, para a ancoragem do mastro”, destaca o engenheiro. “Mas a partir de quinze pavimentos, aproximadamente, já se torna interessante.”
Uma vez satisfeita essa condição, o mastro torna-se vantajoso em vários aspectos, ele assegura. Primeiramente porque, ao distribuir de forma mais homogênea o concreto, a solução elimina a mão de obra de carpintaria, reduzindo significativamente a demanda da equipe de piso. “Também eleva bastante a qualidade final do trabalho, pois pelo método tradicional as tubulações e os mangotes vão sendo arrastados à medida que a concretagem avança”, ressalta o especialista. E, nesse movimento, danificam ferragens, caixas e outros componentes das partes ainda não concretadas da laje.”
Já o ganho de tempo depende da dimensão da área a ser concretada. “Na concretagem de uma laje, a cada duas ou três betoneiras, em média, é preciso cortar a tubulação para adequar o mangote à distância da área que não está concretada”, calcula Queiroz. “Esse processo, que normalmente exige entre 10 e 15 minutos, é eliminado com o mastro, que ao final de um dia de trabalho em uma laje grande pode gerar ganho de duas a três horas na operação.”
Além de distribuírem o concreto de forma mais homogênea, mastros reduzem a demanda da equipe
ANCORAGENS
Basicamente, existem dois métodos de ancoragem de mastros, como detalha o Escritório Central Comercial da Schwing-Stetter. A empresa, aliás, refere-se aos mastros pela denominação técnica mais completa de SPB (Separate Placing Boom).
Um deles utiliza os chamados ‘tubulões octogonais’, guiados por quadros guias instalados nas lajes. O outro baseia-se na elevação hidráulica de torres treliçadas, ancoradas em bases metálicas ou mesmo por meio de contrapesos de concreto. “No portfólio, temos ainda um sistema, pouco usual no Brasil, para ancoragem direta na torre de giro de alguns modelos de bombas-lança”, comenta a empresa.
No Brasil, o método das torres treliçadas é mais empregado em obras de infraestrutura, observa a Schwing-Stetter. Porém, como já ocorre em outros países, também pode ser utilizado na concretagem de áreas externas em outros gêneros de obras.
Já os tubulões são mais apropriados para uso em edifícios verticais, pois permitem que os mastros se movimentem mais facilmente em direção aos pavimentos superiores. A opção pela fixação com tubulões ou com torres treliçadas ocorre já na compra de um placing boom, ressalta Queiroz. “O mastro é adquirido já com um desses dois sistemas de fixação”, ele aponta. “Pode-se até mudar de um para o outro, algo que não vale a pena, pois o sistema tem praticamente o custo do mastro.”
Embora incrementem significativamente a produtividade, os mastros SPB não são atualmente muito utilizados no Brasil”, confirma a Schwing-Stetter. “Primeiramente, por ainda não serem muito conhecidos no mercado nacional. Depois, porque a mão de obra é barata e muitas empresas preferem o método tradicional, que – embora mais trabalhoso – permite realizar a concretagem com dois ou três profissionais, utilizando o processo com mangueiras e mangotes.”
Além disso, a Schwing-Stetter confirma que atualmente poucas locadoras no Brasil mantêm mastros em suas frotas. Para as construtoras, por sua vez, a posse desse tipo de equipamento pode ser menos interessante, tendo em vista que não utilizam constantemente a solução. “Evidentemente, há construtoras que têm mastros, como a Pasqualotto, que utilizou um mastro no Yacht House, o edifício mais alto já construído no Brasil”, informa a empresa.
Construtora Pasqualotto utilizou um mastro no edifício mais alto já construído no Brasil
“No entanto, para justificar o uso de mastro não precisa ser um edifício muito alto, pois são soluções que agilizam os trabalhos mesmo em edifícios com 18 ou 20 pavimentos”, acrescenta a fabricante, que atualmente disponibiliza ao mercado três modelos de SPB, com alcance entre 28 e 32 m.
DEMANDA EM ALTA
Seja qual for o modelo ou método de fixação utilizado, a operação deve ser feita sempre por empresas especializadas, pois exige engenharia específica: “É preciso avaliar esforços, pensar em eventuais reforços da estrutura em algumas áreas”, justifica o engenheiro Queiroz. “E as empresas especializadas desenvolvem essa engenharia, conjuntamente com os engenheiros do projeto.”
Para ele, questões culturais – como o fato de muitos empresários nacionais olharem mais para o custo de aquisição ou locação de um equipamento, em detrimento do retorno que pode trazer – também contribuem para que os mastros ainda sejam pouco utilizados.
Ademais, a aquisição por construtoras e concreteiras é menos vantajosa até pelas dificuldades de combinar seu uso com os cronogramas das obras. “Mas, nos últimos tempos, a demanda por mastros cresceu bastante”, afirma o especialista. “No ano passado, inclusive, a empresa chegou a recusar pedidos por não haver equipamento disponível no mercado.”
Nem sempre foi assim. Entre 2010 e 2013, quando a construção civil brasileira vivia uma fase bastante dinâmica, o uso de mastros intensificou-se bastante, lembra Celso Pinheiro, gerente de suporte ao cliente da Putzmeister. Depois disso, diz ele, o uso diminuiu, acompanhando a redução do ritmo de obras no país. Nesse quadro, é preciso considerar ainda que o custo de aquisição e locação de mastros é mais elevado, em relação aos métodos convencionais de distribuição de concreto, como bombas-lança ou estacionárias. “Entretanto, as construtoras já buscam integrar os mastros novamente nos orçamentos, pois sabem que proporcionam maior produtividade”, observa Pinheiro.
Prova disso são os novos modelos oferecidos pelos fabricantes. Player de atuação global, a Putzmeister produz e comercializa mastros tipo placing boom com alcance entre 24 e 52 m. Esses equipamentos, como observa Pinheiro, aplicam uniformemente o concreto nos locais desejados, com exatidão, mesmo em superfícies com dimensões reduzidas, além de incrementarem bastante a produtividade. “Quem precisa de velocidade na obra, deve necessariamente usar um mastro”, ressalta.
Para ilustrar, o especialista cita o mais recente integrante do portfólio de placing booms estacionários da marca, o modelo MXR 32-4. Lançado em 2018, o equipamento tem alcance horizontal de 32 m, com a parte mais pesada de sua lança pesando menos de 5 ton.
Modelos estacionários com design inteligente de articulação prometem maior alcance nas obras
“Portanto, pode ser içado sem problemas por um guindaste”, diz Pinheiro, destacando que o ângulo de inclinação de -10° no primeiro braço permite que a solução alcance áreas cujo acesso é mais difícil com outros modelos. “Graças ao novo design de articulação, agora com tecnologia inteligente, a lança pode ser montada ainda mais rapidamente e facilmente reposicionada”, aponta.
MERCADO
Por falar em mercado, atualmente as bombas-lança constituem o gênero de equipamento para concreto mais demandado no mercado nacional, relata Rodrigo Kazuma, gerente da Unidade de Negócios de Concreto da Zoomlion no Brasil. “Com elas, é possível obter alcances de maneira mais prática e rápida no bombeamento de concreto, sem a necessidade de montagens de tubulação”, justifica.
No ano passado, diz ele, a Zoomlion integrou três versões ao seu portfólio de bombas-lança. Duas delas – de 32 m com quatro braços e de 36 m com cinco braços – já estão sendo comercializadas no Brasil. Já a terceira – com 40 m e cinco braços – deve chegar este ano ao país. Mas as autobombas, ressalva Kazuma, estão conseguindo alcançar maiores distâncias e alturas e, por isso, também têm sua fatia de mercado. “Recentemente, ampliamos nosso portfólio com novos modelos de bombas estacionárias rebocáveis, que têm tido boa representatividade na receita mundial, porém ainda sem muito giro no mercado brasileiro”, revela.
A razão disso, avalia Enio Pallaro, gerente geral da Zoomlion no Brasil, é que perdura “uma lacuna” no mercado nacional de equipamentos para concreto, decorrente da ausência de investimentos em novas máquinas. “Esse mercado necessita de renovação de frota”, ele afirma, acrescentando que a demanda vem crescendo progressivamente nos últimos três anos, principalmente no segmento imobiliário. “Percebemos uma crescente demanda por equipamentos de maior alcance e maior vazão de bombeamento.”
Já o Escritório Central Comercial da Schwing-Stetter destaca que hoje a autobomba tem maior saída no mercado nacional. Até porque, em média, custa cerca de metade do valor de uma bomba-lança e, mesmo considerando o valor do caminhão no qual será instalada, a análise de custo segue favorável. “Como o custo da mão de obra ainda é muito barato no Brasil, acaba sendo interessante operar autobombas, ao invés de investir em bombas-lança”, argumenta a empresa.
Bombas-lança mantêm o posto de equipamentos para concreto mais demandados no mercado nacional
A Schwing-Stetter também relata um importante aquecimento da demanda por bombas, especialmente no final do ano passado. Tanto que esse aquecimento preencheu até junho a carteira de pedidos da empresa. “Agora, já é possível notar uma retração, indicada, por exemplo, pela demanda bem inferior registrada em janeiro, comparativamente à de novembro do ano passado”, comenta a fabricante.
Entre abril e maio, a Schwing-Stetter deve colocar no mercado as primeiras unidades da recém-lançada autobomba SPL 400, com capacidade para distribuir 27 m3/hora. A solução pode ser acoplada a um caminhão de 6 ton, enquanto uma bomba com capacidade similar normalmente requer caminhões com 11 a 13 ton. “Construtores de menor porte constituem um foco prioritário para esse produto”, conclui a empresa.
OPÇÕES
Modelos tipo spider têm versões mecânicas e hidráulicas
Bem mais usuais no país que os placing booms, os mastros do tipo spider destacam-se por girar em torno do próprio eixo, distribuindo o concreto em planos horizontais. A movimentação geralmente é mecânica, mas a Putzmeister – que se refere aos equipamentos como ‘distribuidores rotativos’ – disponibiliza também alguns mastros spider de maior porte, com sistema hidráulico de giro.
As spiders mecânicas, ressalta o gerente de suporte ao cliente da empresa, Celso Pinheiro, são mais simples e de baixo custo, demandando cuidados apenas no transporte por gruas. Por isso, são mais adequadas a projetos menores, constituindo uma alternativa econômica para bombas de concreto montadas em caminhões, lanças estacionárias ou linhas de entrega.
“As dimensões compactas permitem um transporte fácil no canteiro de obra”, observa Pinheiro. “Já as versões hidráulicas, cujo acionamento é feito por motores, são mais complexas tanto na montagem quanto na manutenção.”
Na Schwing-Stetter, o portfólio inclui dois modelos mecânicos de spiders. “Obras de infraestrutura, como bases de torres eólicas e vertedouros de hidrelétrica, são algumas das aplicações desses equipamentos no Brasil”, sublinha o Escritório Central Comercial da empresa.
Mastro do tipo spider é capaz de distribuir o concreto em planos horizontais
SISTEMAS
Solução digital monitora pressão do concreto
Vencedora do Prêmio da Indústria Britânica da Construção 2021 (BCIA) na categoria “Inovação do Ano em Produtos”, a solução InSite Construction (ISC) da Peri para sistemas de cofragem promete otimizar o processo de concretagem no canteiro de obras, economizando tempo e reduzindo custos.
Solução ISC promete otimizar o processo de concretagem em sistemas de cofragem
Por meio de sensores fixados diretamente na fôrma, o ISC mede a pressão que o concreto exerce sobre a cofragem e transfere os dados para a aplicação Web ISC, permitindo monitoramento em tempo real e ajuste otimizado da velocidade da concretagem. “É possível analisar os dados coletados a qualquer momento e de qualquer lugar e tomar decisões baseadas nesses dados”, diz a Peri. “Isso leva a uma maior qualidade de concreto e reduz o risco de rupturas e deformações de cofragem.”
Saiba mais:
NorthMix: www.northmixbombas.com.br
Peri: www.peri.com.br
Putzmeister: www.putzmeister.com/web/latin-central-america
Schwing-Stetter: www.schwingstetter.com.br
Zoomlion: www.zoomlion.com.br
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