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PIB cresce, mas indústria de transformação volta a cair após quatro trimestres de alta

O principal destaque foi o setor agropecuário, que cresceu 12,2% no período, beneficiado pela forte safra de grãos. Por outro lado, a indústria geral apresentou leve queda de 0,1%, puxada principalmente pela indústria de transformação (-1,0%)

Assessoria de Imprensa

02/06/2025 08h35


O PIB cresceu 1,4% no 1º trimestre de 2025, próximo da projeção da Fiesp e da expectativa do mercado, ambas de +1,5%. Dados com ajuste sazonal.

Pelo lado da oferta, o principal destaque foi o setor agropecuário, que cresceu 12,2% no período, beneficiado pela forte safra de grãos. Os serviços, por sua vez, registraram crescimento de 0,3%. Por outro lado, a indústria geral apresentou leve queda de 0,1%, puxada principalmente pela indústria de transformação (-1,0%).

Pelo lado da demanda, foi observado avanço da absorção doméstica. O consumo das famílias (+1,0%) foi favorecido pela continuidade do mercado d

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O PIB cresceu 1,4% no 1º trimestre de 2025, próximo da projeção da Fiesp e da expectativa do mercado, ambas de +1,5%. Dados com ajuste sazonal.

Pelo lado da oferta, o principal destaque foi o setor agropecuário, que cresceu 12,2% no período, beneficiado pela forte safra de grãos. Os serviços, por sua vez, registraram crescimento de 0,3%. Por outro lado, a indústria geral apresentou leve queda de 0,1%, puxada principalmente pela indústria de transformação (-1,0%).

Pelo lado da demanda, foi observado avanço da absorção doméstica. O consumo das famílias (+1,0%) foi favorecido pela continuidade do mercado de trabalho aquecido e pelo aumento da renda. A formação bruta de capital fixo (+3,1%), por sua vez, continuou resiliente. Já o setor externo teve contribuição negativa, com alta mais forte das importações (+5,9%) vis-à-vis o crescimento das exportações (+2,9%).

Visão - Conforme esperado, a atividade econômica brasileira apresentou forte crescimento no 1º trimestre de 2025, influenciada sobretudo pelo desempenho da agropecuária, em virtude da forte safra de grãos no início do ano.

Por outro lado, foi observada uma desaceleração da indústria, com destaque para a indústria de transformação, que caiu no 1º trimestre de 2025, após quatro trimestres consecutivos de crescimento. Os próximos trimestres deverão ser marcados por uma desaceleração mais clara, em virtude dos efeitos defasados da política monetária fortemente contracionista. No entanto, medidas adotadas pelo governo federal de estímulo à demanda tendem a atuar como vetores altistas.

Além disso, o cenário esperado é de continuidade de crescimento dos investimentos (FBCF), em grande medida devido ao comportamento do investimento público. Por conta do bom desempenho da atividade nos primeiros meses do ano, a Fiesp revisou a projeção de crescimento de 2,0% para 2,4% em 2025.

Resultado do 1º trimestre de 2025 - O PIB brasileiro cresceu 1,4% no 1º trimestre de 2025 em relação ao 4º trimestre de 2024, considerando dados com ajuste sazonal. Este desempenho veio próximo da projeção da Fiesp e da expectativa do mercado, ambas de +1,5%. Em relação ao 1º trimestre de 2024, foi registrado crescimento de 2,9%. Com esse resultado, o carregamento estatístico[1] para 2025 é de 2,2%.

Pela ótica da oferta, a principal variação positiva foi da agropecuária, que cresceu 12,2%, refletindo o bom desempenho da safra de grãos do início do ano. O setor de serviços, por sua vez, registrou crescimento moderado, de 0,3% no 1º trimestre, com destaque para o avanço de informação e comunicação (+3,0%). A indústria geral, por sua vez, caiu 0,1% no período, puxada pela indústria de transformação (-1,0%) e pela construção civil (-0,8%). Os demais segmentos da indústria exibiram alta no 1º trimestre: indústria extrativa (+2,1%) e eletricidade, gás, água e esgoto (+1,5%).
No que se refere à ótica da demanda, o consumo das famílias voltou a crescer, ao avançar 1,0% na passagem trimestral.

O consumo do governo, por sua vez, aumentou 0,1%. Já a formação bruta de capital fixo (investimentos) avançou 3,1% no 1º trimestre de 2025. Por fim, a contribuição do setor externo foi negativa, com crescimento de 2,9% das exportações no trimestre e aumento de 5,9% das importações no mesmo período.

Análise de cenário
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forte crescimento da agropecuária, resiliência dos serviços e fraqueza da indústria de transformação

Após cair 3,2% em 2024, a agropecuária foi o destaque do 1º trimestre, com crescimento de 12,2% impulsionado por uma nova safra recorde de grãos, especialmente da soja.

Devido ao comportamento típico da sazonalidade da safra de grãos, concentrada majoritariamente no início do ano, a supersafra contribuiu, principalmente, para o crescimento do setor no 1º trimestre[2], embora certamente influencie também o resultado do ano. Projetamos crescimento de 6,4% do PIB da agropecuária em 2025, com forte contribuição do bom desempenho esperado para a soja (+13,3%) e para o milho (+11,8%) no ano.

O setor de serviços apresentou aumento moderado no 1º trimestre de 2025 (+0,3%), após ter ficado praticamente estável no 4º trimestre de 2024. Foram observadas variações positivas em todos os segmentos do setor, com exceção de transporte, armazenagem e correio (-0,6%). O principal destaque positivo foi informação e comunicação (+3,0%).

Já a indústria geral caiu 0,1% na abertura do ano, puxada principalmente pela queda da indústria de transformação (-1,0%). Cabe destacar que a indústria de transformação participa com cerca de 58% do PIB da indústria geral. O setor, altamente sensível aos juros, tem sido impactado pelo forte aperto monetário e pela permanência das condições financeiras restritivas.

Além da política monetária contracionista, o cenário externo mais adverso impõe desafios adicionais à atividade industrial. O setor pode ser impactado não apenas pela imposição de tarifas, mas também pela redução da demanda externa decorrente da desaceleração do crescimento global e pelos efeitos negativos sobre os investimentos — tanto financeiros quanto produtivos — em razão do elevado grau de incerteza internacional.

Demanda aquecida: bom desempenho do consumo e dos investimentos
O desempenho da economia brasileira no 1º trimestre de 2025 foi favorecido, dentre outros fatores, pelo crescimento da absorção doméstica.

O consumo do governo apresentou o terceiro aumento trimestral consecutivo, embora tenha desacelerado. Já o consumo das famílias voltou a crescer no trimestre (+1,0%), após recuo de 0,9% observado no último trimestre de 2024, depois de uma longa sequência de altas, e continua sendo favorecido pela resiliência do mercado de trabalho. A taxa de desemprego encerrou o 1º trimestre em 7,0%, menor patamar observado para esse período do ano desde o início da série histórica[4].

Esse forte dinamismo do mercado de trabalho tem contribuído para a elevação dos salários. Segundo dados da PNAD Contínua, o rendimento médio do trabalho cresceu cerca de 4,0% em termos reais no 1º trimestre de 2025 na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.

A massa salarial, que corresponde à multiplicação do rendimento médio do trabalho pela população ocupada, avançou 6,6% na mesma métrica (Gráficos 2a e 2b). Além dos salários, a renda das famílias também foi impulsionada pela liberação excepcional de aproximadamente R$ 6 bilhões do saldo do FGTS em março.

Além do consumo, os investimentos também têm apresentado resiliência. A formação bruta de capital fixo (FBCF) avançou 3,1% nos três primeiros meses do ano, o que correspondeu ao sexto trimestre consecutivo de crescimento. Dentre outros fatores, os investimentos no 1º trimestre foram favorecidos pelo aumento da produção de bens de capital (+0,9%) e pela importação de plataformas de petróleo.

O cenário esperado é de continuidade de crescimento dos investimentos (FBCF), embora com menor ritmo à frente. Apesar do cenário esperado de desaceleração do investimento privado devido ao aperto monetário, os investimentos públicos devem seguir em expansão, e esse movimento deverá continuar sendo liderado pelos entes subnacionais (estados e municípios).

Estimamos que a parcela dos investimentos municipais no investimento público passou de 37,6% na média de 2010-2020 para 52,8% em 2024. Já a parcela dos investimentos do governo central, por sua vez, caiu de 27,4% para 14,0% no mesmo intervalo[6]. Dentre os fatores que explicam o aumento do peso dos municípios no investimento privado estão o crescimento das transferências constitucionais de recursos aos entes subnacionais e do volume das transferências das emendas parlamentares nos últimos anos.

Diante desse cenário, projetamos alta de 4,5% em 2025 e de 2,6% em 2026 dos investimentos (FBCF), após alta de 7,3% observada em 2024. Para a FBCF privada, esperamos aumento de 3,1% em 2025 e de 0,7% em 2026.

Cenário Prospectivo
Conforme esperado, a atividade econômica apresentou forte aumento no 1º trimestre de 2025, após leve alta de 0,1% observada no 4º trimestre de 2024.

Para os próximos trimestres, no entanto, esperamos moderação da atividade, com desaceleração do PIB mais evidente no segundo semestre do ano devido, sobretudo, à política monetária contracionista e às condições financeiras restritivas, o que deverá impactar, principalmente, os setores mais cíclicos.

Como discutido, esse aperto monetário deve impactar sobretudo os setores mais cíclicos, como é o caso da indústria de transformação. O Gráfico 4 apresenta o Indicador Antecedente da Indústria de Transformação (IAT), elaborado pela Fiesp, que tem como objetivo antecipar os ciclos de expansão e desaceleração da produção da indústria de transformação brasileira.

Historicamente, o índice antecipou a trajetória futura da produção do setor com ao menos 6 meses de antecedência, em média. Como é possível observar, o IAT corrobora o cenário esperado de arrefecimento da atividade industrial no ano.

Por outro lado, o forte crescimento no 1º trimestre deixou um carregamento estatístico positivo para 2025, de 2,2%. Ademais, os investimentos deverão apresentar resiliência no ano, em grande medida devido ao comportamento do investimento público.

Por fim, medidas do governo para estimular a atividade econômica, como a liberação de recursos do FGTS e a criação do crédito consignado privado constituem vetores altistas para o crescimento do PIB em 2025.

Por conta do bom desempenho da atividade nos primeiros meses do ano, a Fiesp revisou a projeção de crescimento do PIB em 2025 de 2,0% para 2,4%, após crescimento de 3,4% observado em 2024.

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