Valor Econômico
18/08/2025 15h47
Apesar do cenário de juros elevados e turbulências globais, o mercado de concessões rodoviárias prevê um calendário intenso de licitações até o fim deste ano. Já há oito processos competitivos marcados, com R$ 46,7 bilhões de investimentos previstos, e ao menos mais duas concorrências poderão ser agendadas até dezembro, com obrigações de mais R$ 12 bilhões em obras.
O perfil dos projetos é variado. Há lotes estaduais de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Entre os projetos federais, há dois novos blocos no Paraná e a Parceria Público-Privada (PPP) para a constru&
...Apesar do cenário de juros elevados e turbulências globais, o mercado de concessões rodoviárias prevê um calendário intenso de licitações até o fim deste ano. Já há oito processos competitivos marcados, com R$ 46,7 bilhões de investimentos previstos, e ao menos mais duas concorrências poderão ser agendadas até dezembro, com obrigações de mais R$ 12 bilhões em obras.
O perfil dos projetos é variado. Há lotes estaduais de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Entre os projetos federais, há dois novos blocos no Paraná e a Parceria Público-Privada (PPP) para a construção do túnel Santos-Guarujá, além de contratos repactuados no âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), que agora passarão por processo competitivo.
Tanto no mercado quanto no poder público, a perspectiva é positiva para a atração de investidores - percepção confirmada na última quinta-feira (14), no leilão da concessão Rota Agro, que atraiu cinco ofertas.
“O interesse vai continuar. Apesar dessa instabilidade macroeconômica e global, acreditamos que os projetos estão bem estruturados, os riscos estão bem endereçados, como riscos geológicos, variação de insumos, variação cambial. E as taxas internas de retorno acompanham os juros de longo prazo”, afirmou Guilherme Sampaio, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Além dos novos grupos que já entraram em rodovias nos últimos anos, o setor privado avalia que ainda haverá novos atores nas próximas concorrências. “Têm entrantes que a gente sabe que estão estudando e ainda não apareceram”, disse Marco Aurélio Barcelos, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
Vinicius Daher, diretor da A&M (Alvarez & Marsal), afirmou que tanto grupos estrangeiros, por exemplo chineses, quanto empresas de engenharia têm estudado entrar no mercado. “No futuro próximo, ainda pode haver surpresas”, disse.
No mercado, há uma percepção de que até 2026 haverá uma janela de oportunidades no setor que precisa ser aproveitada. “Não se sabe o que vai acontecer a partir de 2027, então até 2026 não vejo motivo para o interesse retroceder”, avaliou Barcelos.
Neste ano, já foram realizadas nove licitações do setor, com cerca de R$ 27 bilhões em obras contratadas. Em 2024, foram R$ 70 bilhões de investimentos contratados, tanto em contratos federais quanto estaduais.
Além dos projetos novos, neste ano já foram firmadas as repactuações de duas concessões rodoviárias, com a Motiva (antiga CCR) e a Ecorodovias, que destravaram mais R$ 16,4 bilhões.
Os próximos contratos renegociados que passarão pelo processo competitivo serão da Arteris: a Autopista Fluminense, com disputa agendada para novembro, e a Fernão Dias, que ainda não tem data marcada, mas que a ANTT prevê que saia neste ano. Na avaliação de Sampaio, é possível que essas próximas concorrências atraiam interesse de outros grupos, além da atual concessionária, em especial da Fernão Dias.
Além da carteira federal, Guilherme Reisdorfer, sócio do Siqueira Castro Advogados, destaca o avanço de programas de concessões estaduais. “Outros Estados têm lançado projetos bem estruturados”, afirmou. Ele destaca o programa de Mato Grosso, que neste ano já licitou quatro lotes e neste mês planeja leiloar um quinto, que na primeira tentativa não atraiu propostas.
Entre os projetos estaduais, um dos mais desafiadores na visão de especialistas é o contrato de Minas Gerais, do corredor Ouro Preto-Mariana, principalmente por riscos geológicos e de engenharia. Fontes dizem que há empresas da área de construção estudando o bloco, mas não descartam o risco de não haver ofertas.
Já a PPP do Lote Paranapanema, do governo paulista, é analisada por grupos de maior porte, como a Motiva, o Pátria e a EPR, segundo fontes.
“Com a ampliação da quantidade de leilões e do perfil dos projetos, já está havendo uma segregação da competição, de acordo com a característica de cada lote”, afirma Rodrigo Campos, sócio do Vernalha Pereira Advogados. “Os contratos de segunda geração, de concessões que chegam ao fim e são novamente licitadas, têm atraído os grupos tradicionais. Já os lotes novos têm atraído os entrantes. Isso é uma prova do amadurecimento do mercado”, disse ele.
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