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Edifícios de madeira revolucionam a construção civil

No Brasil, o mercado já se movimenta para produzir em larga escala o mass timber, material inovador que substitui o concreto, trazendo diversos ganhos ambientais

Exame

24/03/2022 11h00


No segundo semestre, será inaugurada a primeira grande fábrica nacional de madeira engenheirada, inovação que está revolucionando a construção civil mundial e tem ganhado espaço também no Brasil.

O mass timber, como é chamado o material internacionalmente, já é produzido por aqui, mas em menor volume. Com a nova indústria, chegará ao mercado em larga escala.

Trata-se de uma solução que une tecnologia e sustentabilidade. Um resgate da madeira como matéria-prima nas edificações, mas agora beneficiada com avançados processos industriais, resultando num sistema de alto desempenho que

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No segundo semestre, será inaugurada a primeira grande fábrica nacional de madeira engenheirada, inovação que está revolucionando a construção civil mundial e tem ganhado espaço também no Brasil.

O mass timber, como é chamado o material internacionalmente, já é produzido por aqui, mas em menor volume. Com a nova indústria, chegará ao mercado em larga escala.

Trata-se de uma solução que une tecnologia e sustentabilidade. Um resgate da madeira como matéria-prima nas edificações, mas agora beneficiada com avançados processos industriais, resultando num sistema de alto desempenho que substitui o uso de concreto e aço em elementos como lajes, vigas, pilares, coberturas, paredes e treliças.

São placas feitas de camadas de madeira maciça sobrepostas, moldadas de forma precisa para cada projeto, já com encaixes, furações e afins. É como um Lego em grandes dimensões, que pode ser utilizado em praticamente todo tipo de edifício, de até 40 andares, em sistemas híbridos ou compondo integralmente a estrutura.

A primeira grande fabricante do país será a Urbem, empresa da Amata. “Identificamos essa oportunidade há uns 5 anos”, conta a CEO da companhia, Ana Bastos. “O material tem muitas vantagens. Porém, para fazer realmente uma diferença ambiental relevante, vimos que era necessário escala, e com competitividade”.

A indústria terá capacidade produtiva de 100.000 m³ por ano, o equivalente a 500.000 m² em área construída, e usará como matéria-prima o pinus, proveniente de florestas plantadas certificadas.

Serão fabricados três produtos: o CLT (sigla para Cross Laminated Timber), o MLC (Madeira Lamelada Colada) e o S4S Urbem Class.

As operações começam no segundo semestre, com entregas regulares a partir de outubro. Por enquanto, os primeiros equipamentos, de alta tecnologia embarcada, comprados na Europa e no Canadá, estão chegando à planta, que fica em Almirante Tamandaré, no Paraná.

Mercado em expansão – Globalmente, o mercado de mass timber está em pleno crescimento, acompanhando o aumento da adesão à agenda ESG. Um relatório da consultoria Market Research Future (MRFR) prevê que ele atinja US$ 3,6 bilhões até 2027.

A Europa é o principal fabricante e também o maior consumidor, com destaque para Áustria, Alemanha, Itália e França, atualmente as referências técnicas da produção do material. Paralelamente, Estados Unidos e Canadá têm acelerado a adoção da tecnologia, impulsionando mercados emergentes como o brasileiro.

“À medida que o mercado externo se amplia, os interlocutores do Brasil também vão ficando cada vez mais seguros. A entrada forte dos EUA na madeira engenheirada em edifícios multipavimentos mudou bastante o tabuleiro. O investidor brasileiro está vendo no movimento americano a última chancela para o uso da tecnologia”, destaca arquiteta Ana Belizário, Gerente de Projetos e Novos Negócios da empresa

Por aqui, o primeiro prédio multipisos com estrutura inteira de CLT foi inaugurado há pouco mais de um ano em São Paulo. O edifício de quatro andares e 1.500 m² – uma loja da chocolateria Dengo – foi um marco para esse inovador modelo, abrindo caminho para novos projetos.

“Ainda não existe um mercado no Brasil, porque nos produtores nacionais, na tecnologia que existe hoje, os custos são muito altos. Mas vimos que o setor estava pedindo, carente de boas soluções para a questão da descarbonização e para a produtividade. Esperamos abrir esse espaço”, finaliza Ana Bastos.

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