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Economia começa a dar sinais de desaceleração

O setor industrial é o que tem o pior desempenho neste ano

Gazeta do Povo

21/11/2022 16h18 | Atualizada em 23/11/2022 16h18


A economia brasileira começa a dar sinais de desaquecimento por causa do alto patamar da taxa de juros.

A desaceleração é mais evidente na indústria, mas também já afeta o comércio, onde as condições de crédito mais apertadas e o endividamento das famílias limitam o crescimento das vendas. Para os serviços, hoje o setor que mais cresce, a expectativa é de que o desempenho continue positivo pelo menos até o fim deste ano.

O desaquecimento da atividade econômica se reflete em uma perda de confiança entre empresários e consumidores. Segundo o superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo Jr., o setor produtivo espera uma desaceleração na atividade econômica nos próximos meses.

“Há certa resiliência no setor da construção, que continua registrando aumento da carteira de contratos e um bom nível de atividade corrente. No extremo oposto, a desaceleração continua se aprofundando na indústria, com queda do nível de utilização da

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A economia brasileira começa a dar sinais de desaquecimento por causa do alto patamar da taxa de juros.

A desaceleração é mais evidente na indústria, mas também já afeta o comércio, onde as condições de crédito mais apertadas e o endividamento das famílias limitam o crescimento das vendas. Para os serviços, hoje o setor que mais cresce, a expectativa é de que o desempenho continue positivo pelo menos até o fim deste ano.

O desaquecimento da atividade econômica se reflete em uma perda de confiança entre empresários e consumidores. Segundo o superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo Jr., o setor produtivo espera uma desaceleração na atividade econômica nos próximos meses.

“Há certa resiliência no setor da construção, que continua registrando aumento da carteira de contratos e um bom nível de atividade corrente. No extremo oposto, a desaceleração continua se aprofundando na indústria, com queda do nível de utilização da capacidade pelo terceiro mês seguido e piora da percepção sobre a procura interna e externa por produtos industriais. No setor de serviços, o bom momento do segmento de serviços prestados às famílias vem segurando uma queda mais acentuada da confiança”, diz ele.

A coordenadora de sondagens do Ibre/FGV, Viviane Seda Bittencourt, aponta que os consumidores de menor poder aquisitivo pode estar mais otimistas pelo efeito das transferências de renda, redução da inflação e crescimento dos postos de trabalho. As famílias de maior renda, por outro lado, estão revendo suas expectativas.

“Apesar do resultado mais favorável para as classes de renda mais baixa, o endividamento das famílias e as taxas de juros mais elevadas limitam uma recuperação mais robusta”, afirma Bittencourt.

As projeções de economistas para a economia brasileira em 2023 mostram uma certa dispersão, mas mesmo os mais otimistas esperam crescimento inferior ao de 2022.

O ponto médio das expectativas de bancos e consultorias aponta para crescimento de 2,77% neste ano e de apenas 0,7% no próximo – as expectativas para 2023 vão de retração de 0,5% a avanço de 2,31%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.

O Ministério da Economia, por sua vez, projeta alta de 2,7% em 2022 e 2,1% em 2023. A expectativa da equipe de Paulo Guedes para o próximo ano era de 2,5%, mas foi reduzida na última quinta-feira (17).

Um dos setores onde a perda de ritmo é mais evidente é na indústria. Segundo o IBGE, a produção encolheu 1,1% nos nove primeiros meses deste ano e 2,3% no acumulado de 12 meses.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), faturamento, emprego e utilização da capacidade instalada recuaram em setembro. Mesmo assim, o setor mantém-se em relativo otimismo.

“Apesar da desaceleração registrada nesse mês, existem elementos que podem afetar positivamente a indústria de transformação, entre eles a recomposição contínua da renda da população, que permite a sustentação do consumo dos bens industriais, e a reorganização da cadeia produtiva, que alivia a pressão sobre os custos de transformação”, explica a economista Larissa Nocko, da CNI.

A expectativa do MUFG Brasil é diferente. O banco acredita que a combinação de condições de crédito mais apertadas a partir da alta taxa de juros – atualmente a taxa Selic está em 13,75% ao ano – em meio a um aumento de endividamento das famílias leve a uma demanda mais fraca de bens mais caros, como veículos, eletrônicos e eletrodomésticos.

Outra ameaça vem de fora. “A provável extensão da política de Covid zero na China leva ao risco de paralisações adicionais de fábricas por lá, o que afeta a cadeia de suprimentos de componentes industriais”, aponta o banco.

Outra pesquisa feita pela CNI aponta que a falta ou alto custo da matéria-prima deixou de ser o principal problema para as micro e pequenas indústrias, setor extrativo e da construção. Na indústria de transformação, o entrave ainda é o principal problema, porém com menor intensidade.

“O problema da falta ou alta do custo de matéria-prima não deixou de existir, mas foi menos assinalado no terceiro trimestre pelas pequenas indústrias. A expectativa é de que recue ainda mais no fim de 2022”, afirma a analista de políticas e indústria da CNI, Paula Verlangeiro.

Os economistas Marco Caruso e Eduardo Vilarim, do banco Original, também não veem muito motivo para otimismo no setor. Segundo eles, a perspectiva de desaceleração global tende a trazer um viés negativo para a indústria extrativa, especialmente a de mineração de ferro, cujos preços caíram pela metade desde abril.

Eles apontam que a indústria de transformação esbarra em uma taxa de juros mais alta, que tende a diminuir investimentos e a demanda por produtos de maior valor agregado. Um dos poucos segmentos que deve ter um desempenho mais forte é o alimentício, puxado pelas boas expectativas para a safra.

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