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Valor
13/11/2013 18h34
A série de estímulos concedidos pelo governo impulsionou os investimentos na primeira metade do ano, segundo economistas, mas não foi suficiente para manter a demanda por bens de capital aquecida no terceiro trimestre em meio a uma piora da confiança do empresariado e diante da maior volatilidade cambial.
Com a influência negativa destes dois fatores, analistas consultados pelo Valor calculam que o consumo doméstico de máquinas, equipamentos e veículos pesados voltou a cair nos três meses encerrados em setembro, um forte indício de que a alta de 6% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e construção civil) de janeiro a junho ficou para trás. Para o terceiro trimestre, as
...A série de estímulos concedidos pelo governo impulsionou os investimentos na primeira metade do ano, segundo economistas, mas não foi suficiente para manter a demanda por bens de capital aquecida no terceiro trimestre em meio a uma piora da confiança do empresariado e diante da maior volatilidade cambial.
Com a influência negativa destes dois fatores, analistas consultados pelo Valor calculam que o consumo doméstico de máquinas, equipamentos e veículos pesados voltou a cair nos três meses encerrados em setembro, um forte indício de que a alta de 6% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e construção civil) de janeiro a junho ficou para trás. Para o terceiro trimestre, as expectativas vão de redução de 1% a 4% no investimento dentro do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao segundo trimestre, após avanço de 3,6% no trimestre anterior na comparação com os primeiros três meses do ano.
A despeito da expansão de 1,4% da produção de bens de capital na passagem do segundo para o terceiro trimestre, feito o ajuste sazonal, Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, explica que o recuo de 4,7% do volume de importações destes itens na mesma comparação tem peso maior no cálculo da absorção interna. Assim, em suas estimativas, o consumo aparente de bens de capital (a soma da produção interna, mais as importações, menos as exportações) diminuiu 0,7% de julho a setembro. Já a projeção do Itaú para os investimentos dentro do PIB no período está entre retração de 1% e 1,5%.
'Se o cenário é de confiança menor, aumento dos juros e câmbio mais depreciado, a tendência é que estes fatores predominem sobre as decisões de investimento', diz o economista, referindo-se à perda de efeito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, que oferece financiamento a juros reais negativos para a compra de máquinas, equipamentos e caminhões. Os juros nominais do Finame, linha que financia bens de capital, subiram de 3% para 3,5% no meio do ano, patamar ainda abaixo da inflação, que vai vigorar até dezembro.
O governo já informou que o PSI será renovado para 2014, mas sem garantir que as condições atuais serão mantidas. Com a perspectiva de que os juros aumentem em janeiro, o economista-chefe da LCA Consultores, Braúlio Borges, cogita que o PSI pode provocar uma 'corrida' às compras de bens de capital nos últimos três meses do ano. No terceiro trimestre, porém, as condições ainda vantajosas do programa não evitaram um enfraquecimento dos investimentos.
Excluindo-se os efeitos sazonais, Borges calcula que o consumo doméstico de bens de capital recuou 3% ante o segundo trimestre, enquanto, em suas projeções, a FBCF caiu 2% na mesma ordem. Ele destaca que metade da demanda interna por máquinas é abastecida por produtos importados e, por isso, os investimentos têm uma importante correlação com a variação do câmbio. Como, ao longo do terceiro trimestre, o dólar foi rapidamente de R$ 2 para níveis mais próximos de R$ 2,30, o encarecimento dos custos de importação prejudicou a formação de capital físico, diz o economista.
Para Fernando Rocha, economista e sócio da JGP Gestão de Recursos, os cenários político e econômico 'mais nebulosos' para o ano que vem já colocaram os investimentos em compasso de espera e, ao lado da confiança menor e da volatilidade do dólar, explicam o tombo de 4,3% do consumo de máquinas entre o segundo e o terceiro trimestres, segundo seus cálculos. Com a aproximação do fim do ano, afirma Rocha, o empresariado passa a olhar 2014 com mais atenção para decidir se vai ampliar ou não sua capacidade produtiva.
Como os sinais dados pelo atual governo de como seria um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff são 'muito confusos', o economista da JGP avalia que os projetos de investimento tendem a continuar engavetados no último trimestre de 2013. 'Podemos até ter um soluço da formação bruta, mas não estou achando que será uma melhora consistente. O melhor período para os investimentos já ficou para trás.'
Segundo Rodrigo Baggi, analista de bens de capital da Tendências Consultoria, a alta mais forte que o esperado da produção do setor em setembro - de 4% sobre agosto, feito o ajuste sazonal - colocou perspectivas menos adversas para a formação bruta de capital fixo no terceiro trimestre, mas não evita que esse componente do PIB tenha retração. Após a divulgação dos dados da indústria, a Tendências passou a projetar que a formação bruta de capital diminuiu 1,3% na passagem trimestral, ante previsão anterior de queda de 5,2%.
'Os efeitos do PSI estão se saturando. Com toda a antecipação de consumo do primeiro semestre, o mercado está, aos poucos, voltando à normalidade', diz Baggi, que não viu com muito otimismo o desempenho da fabricação de bens de capital nos três meses terminados em setembro. Ele destaca que as maiores contribuições para a produção vieram de segmentos não voltados à indústria, tais como equipamentos agrícolas, para construção e de transporte.
Para Baggi, porém, uma volta gradativa da confiança do empresariado e a maior estabilidade da taxa de câmbio desde meados de setembro podem ter impacto positivo sobre os investimentos e sobre a atividade no quarto trimestre, ainda que modestos. Por ora, a estimativa preliminar da Tendências é de alta de 1,3% da FBCF no período.
Bráulio Borges, da LCA, também tem um cenário de ligeira recuperação dos investimentos nos meses finais do ano, devido à maior previsibilidade da cotação do dólar e à redução de alíquotas de importação para uma lista extensa de bens de capital. Para o quarto trimestre, a consultoria trabalha com aumento próximo de 1% da formação de capital físico sobre o trimestre anterior, o que resultaria em alta de 7% na média de 2013.
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