Agência O Globo
04/04/2023 08h31 | Atualizada em 05/04/2023 10h00
As próximas concessões de saneamento básico que utilizarem recursos federais terão como critério de seleção o operador que oferecer menor tarifa no menor tempo para universalização do serviço. Atualmente, ganha quem oferece o maior valor.
Além disso, o governo vai retirar o limite de 25% para a participação de Parceria Público Privada (PPP) em concessões de saneamento, disse ao Globo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho. O presidente Lula deve assinar o decreto mudando parte da regulamentação do marco legal do saneamento na próxima quarta-feira (5).
“Não podemos interferir
...As próximas concessões de saneamento básico que utilizarem recursos federais terão como critério de seleção o operador que oferecer menor tarifa no menor tempo para universalização do serviço. Atualmente, ganha quem oferece o maior valor.
Além disso, o governo vai retirar o limite de 25% para a participação de Parceria Público Privada (PPP) em concessões de saneamento, disse ao Globo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho. O presidente Lula deve assinar o decreto mudando parte da regulamentação do marco legal do saneamento na próxima quarta-feira (5).
“Não podemos interferir nas decisões estaduais, mas nas concessões que tiverem recursos federais, faremos a combinação entre menor tarifa e menor cronograma de concessão”, disse o ministro. “Na prática, o dinheiro do saneamento ia para outras obras. Esse dinheiro precisa ir para o saneamento.”
O decreto também vai retirar o limite de 25% para PPPs no setor de saneamento. Assim, na prática, uma estatal poderá entregar para o setor privado todo o serviço, mas o contrato continuará entre a empresa pública e uma cidade.
“Era limitado até 25% porque o governo anterior não pensava em PPP, pensava em privatização. Para nós, não importa se o investimento é público ou privado. O importante é garantir a prestação do serviço.”
As mudanças vão destravar investimentos de pelo menos R$ 120 bilhões no setor até 2033, de acordo com o ministro.
“Seja público ou privado, ninguém sozinho vai conseguir destravar e nem fazer os investimentos necessários para alcançar a universalização. Precisa de investimento privado e também público. É esse o intuito do decreto.”
O texto do decreto também definida que a Agência Nacional de Águas será responsável por regular o setor, seguindo diretrizes do Ministério das Cidades. Essa foi uma demanda do setor privado durante as discussões que levaram ao novo decreto.
Sancionado em 2020, o marco do saneamento definiu 2033 como meta para a universalização dos serviços, ou seja, fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%. O marco permitiu a entrada da iniciativa privada – mais de 20 leilões já foram feitos desde o início do marco, com investimentos que ultrapassam R$ 50 bilhões.
Para isso, um passo considerado fundamental é a formação de blocos de cidades (que não precisam ser vizinhas) para a licitação dos serviços, de maneira que cidades pequenas se juntem para dar atratividade financeira para a operação.
O novo decreto permite que as cidades formem blocos até 31 de dezembro de 2025. Caso a cidade decida não formar um bloco, ela fica proibida de receber recursos públicos federais e financiamentos com recursos da União para serviços de saneamento. O prazo anterior venceu no último dia 31 e foi um dos principais motivadores da publicação do novo decreto.
O novo decreto também vai prorrogar os prazos para que as estatais provem que são capazes de fazer os investimentos que levarão cada cidade (ou o conjunto de cidades) a ter 99% da população com água tratada e 90% das pessoas com coleta e tratamento de esgotos até 2035. Se não houver a comprovação, o governo local precisa licitar a área.
O ministro afirmou que o decreto vai estabelecer a necessidade de metas intermediárias, num horizonte de cinco anos. O cumprimento dessas metas será verificado ao longo desse período.
Para justificar a prorrogação do prazo para regionalização, o argumento é de que quase 1,2 mil municípios, com população de mais de 30 milhões de pessoas, ficariam de fora do novo modelo.
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