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Construção ‘off-site’ ganha força no Brasil com a pandemia

O termo inglês significa “fora do terreno” – ou seja, é um método construtivo que não acontece no canteiro de obras, mas em uma fábrica

O Estado de S.Paulo

08/04/2021 11h00


Largamente utilizada no Canadá, em países europeus e no Japão, a construção “off-site” está começando a criar raízes no Brasil.

O termo inglês significa “fora do terreno” – ou seja, é um método construtivo que não acontece no canteiro de obras, mas em uma fábrica.

O modelo permite que diversas etapas da construção ocorram simultaneamente, dentro de um ambiente controlado e não sujeito a intempéries, enquanto o terreno é preparado para receber o empreendimento.

Funcionando sob a lógica de produção, com etapas padronizadas e parametrizad

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Largamente utilizada no Canadá, em países europeus e no Japão, a construção “off-site” está começando a criar raízes no Brasil.

O termo inglês significa “fora do terreno” – ou seja, é um método construtivo que não acontece no canteiro de obras, mas em uma fábrica.

O modelo permite que diversas etapas da construção ocorram simultaneamente, dentro de um ambiente controlado e não sujeito a intempéries, enquanto o terreno é preparado para receber o empreendimento.

Funcionando sob a lógica de produção, com etapas padronizadas e parametrizadas, o método garante uma entrega em 25% do tempo necessário na construção convencional.

Durante a pandemia, a modalidade começou a ser explorada como alternativa aos hospitais de campanha. Ao longo do último ano, a construtech (como são chamadas as startups do setor de construção) Brasil ao Cubo, sediada em Tubarão (SC), entregou cinco complexos hospitalares em diferentes pontos do País no tempo recorde de 115 dias, totalizando 333 novos leitos.

O Hospital do M’Boi Mirim, na zona sul da capital paulista, recebeu um anexo com 100 novos leitos em 33 dias; em São José dos Campos (SP), o Hospital da Retaguarda foi entregue em 36 dias. Também foram entregues unidades em Porto Alegre (RS), Ceilândia (DF) e Porto Velho (RO).

Segundo o engenheiro civil Ricardo Mateus, CEO e fundador da construtech, outra vantagem da construção off-site da empresa é ela ser modular.

Parte hidráulica, elétrica, cerâmica, tudo já vai pronto nos blocos, que são transportados e encaixados in loco. “Temos um núcleo de 50 engenheiros e arquitetos debruçados nos projetos para garantir a entrega”, diz. “E o mais importante, no caso dos hospitais, é que não são obras provisórias, elas ficam como legado para a sociedade.”
Primeiro acelerada pela Endeavor e depois pela Gerdau, que fez um aporte de R$ 60 milhões e agora é sócia da empresa, a Brasil ao Cubo já entregou empreendimentos residenciais, comerciais e escolas, e está na reta final de mais duas obras. Uma é o novo centro de tratamento de combate à Covid-19 em São Paulo. A outra é um centro comercial localizado em Tubarão, a cidade da construtech.

Preços populares

Uma das principais construtoras do país com foco em empreendimentos econômicos, a Tenda também está apostando na construção off-site, mas para a população de baixa renda de cidades do interior.

A nova fábrica de montagem da construtora vai ficar em Jaguariúna (SP) e deve ser inaugurada no segundo semestre. A ideia é atingir a capacidade produtiva de 10 mil unidades anuais até 2026.

“Nós associamos o método de construção off-site à tecnologia ‘wood frame’”, explica o diretor financeiro, Renan Sanches. Ele fala que a tecnologia cria uma parede composta por quatro elementos. Na parte estrutural, o painel tem pilares de pinus de reflorestamento.

Já o “recheio” é feito com cimento, gesso e uma membrana que faz com que a umidade saia da casa, mas não a deixe entrar.

“É uma parede íntegra, sofisticada e mais robusta, que não mofa, não cria rachadura e suporta tanto peso quanto o concreto”, diz Sanches. Ele conta que os materiais usados garantem conforto acústico e térmico.

“É uma tecnologia usada em casas de alto padrão em países desenvolvidos que estamos trazendo para casas de baixa renda aqui.”

Enquanto a fábrica é erguida, a Tenda tem dois projetos-piloto do novo modelo. O primeiro, de autoria própria, é um condomínio de 49 casas em Mogi das Cruzes (SP).

O segundo – uma parceria com a Tecverde, principal player de construção em wood frame do Brasil – prevê a construção de um condomínio de casas em Leme, também no interior paulista. O valor de venda dos imóveis ainda está em definição, mas ficará dentro da faixa de preços do programa Casa Verde Amarela.

“Estamos na fase de discutir projetos com as prefeituras”, diz o executivo da construtora, que pretende investir R$ 100 milhões por ano na compra de terrenos até 2025. Sanches diz que a aceitação por parte do poder público tem sido muito boa porque os projetos não são de novos bairros abertos que podem se tornar favelas, mas de condomínios fechados para pessoas de baixa renda. “A ideia é urbanizar e incluir uma população que hoje vive favelizada.”

A maior preocupação agora, segundo ele, é criar um padrão dentro dos condomínios, entregando desenhos prontos de quarto extra e edícula, que poderão ser construídos posteriormente.

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