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Como adiar a depreciação da máquina

Manutenções preventivas e uso conforme especificado são maneiras de mitigar o desgaste dos equipamentos, explorando ao máximo o potencial e a vida útil do ativo

Revista M&T

13/07/2023 14h15 | Atualizada em 11/09/2023 11h31


Inevitável para qualquer tipo de bem patrimonial, a depreciação é o fator de maior proeminência no momento de se estabelecer o valor de mercado de um equipamento. Embora já comece a ser computada a partir do momento em que a máquina sai da concessionária e vai para a obra, existem práticas cotidianas capazes de mitigar esse desabono financeiro. No caso de pás carregadeiras, os cuidados se concentram principalmente no uso e revisões.

Na entrega técnica da máquina, as equipes de operação e manutenção ficam cientes de todas as funcionalidades e inspeções periódicas necessárias, alé

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Inevitável para qualquer tipo de bem patrimonial, a depreciação é o fator de maior proeminência no momento de se estabelecer o valor de mercado de um equipamento. Embora já comece a ser computada a partir do momento em que a máquina sai da concessionária e vai para a obra, existem práticas cotidianas capazes de mitigar esse desabono financeiro. No caso de pás carregadeiras, os cuidados se concentram principalmente no uso e revisões.

Na entrega técnica da máquina, as equipes de operação e manutenção ficam cientes de todas as funcionalidades e inspeções periódicas necessárias, além da adquirirem a literatura com a documentação.

Se as orientações forem seguidas adequadamente, possibilitam um prolongamento da vida útil do ativo por um bom tempo. A atenção começa na especificação, que deve considerar a finalidade para a qual o equipamento será adquirido.

O dimensionamento da caçamba, por exemplo, varia em função do tipo e peso do material a ser carregado; a depreciação pode ser acelerada, até pelo uso excessivo – que desgasta prematuramente as peças – e pela operação em condições adversas, como poeira, umidade e temperaturas extremas.

“A falta da troca de óleo, lubrificação e limpeza pode desencadear problemas elétricos e mecânicos”, adverte Douglas Pereira, gerente de marketing de produto da John Deere. Ainda no campo da manutenção, a depreciação de pás se acelera devido a fatores como o descaso com preventivas, falta de revisões periódicas e ausência de uma rotina diária de verificações, buscando identificar vazamentos e outros problemas.


Além de desvalorizar o equipamento, a ausência de uma rotinadiária de verificações impacta a produtividade e gera custos

“Esses fatores influenciam não somente na desvalorização do equipamento, mas também na produtividade e no custo de operação”, ressalta Marcelo Rohr, especialista de produto da Case CE, destacando a importância de se seguir as recomendações. A capacitação da mão de obra, tanto de operadores quanto de mecânicos, também é fundamental para promover a durabilidade.

Mas as situações que diminuem o valor da máquina incluem ainda, segundo os fabricantes, o uso de peças de baixa qualidade. “Componentes ruins ou não originais podem gerar problemas mecânicos, como desgastes prematuros e maior frequência de reparos”, alerta Washington Gomes, engenheiro de tecnologia da XCMG.

Nunca é demais lembrar que acidentes ou colisões danificam a estrutura e os componentes da pá, obviamente, reduzindo sua vida útil e preço de revenda.

OPERAÇÕES

Conhecendo-se os fatores que depreciam o valor da máquina, é possível adotar ações para reduzi-los. É o caso, por exemplo, da análise de óleo, tanto hidráulico para movimentação dos cilindros, quanto do motor, transmissões e eixos. Essas verificações permitem aferir o desgaste de componentes como trem de força (motor, transmissão, eixos e cardam), bombas e cilindros hidráulicos.

“O acompanhamento da tendência de indicadores simples como rotação, pressão hidráulica e tempo de ciclo, associado a uma inspeção visual para verificação de vazamentos, folgas e danos aparentes, fornece um indicador do nível de desgaste e depreciação”, detalha Wellington Mitsuda, gerente de marketing de produto da Komatsu. “É possível, ainda, realizar o monitoramento de erros por meio da telemetria.”

O nível de desgaste – e, por consequência, de depreciação – tem relação direta com o tipo de uso do equipamento. A construção, por exemplo, é um dos cenários mais favoráveis para que a máquina cumpra suas funções, mas também se desgaste.

Isso porque o setor demanda uma variedade de operações, com destaque para trabalhos em áreas reduzidas com carregamentos e descarregamentos muito frequentes (ou seja, manobras para frente e para trás), além da movimentação de materiais entre pátios. Nos canteiros, o desgaste da máquina tende a ser maior principalmente nos pneus e na caçamba, pelo contato constante com insumos abrasivos como areia e cascalho.


A melhor maneira de evitar problemas é sistematizar a manutenção de itens importantes

rande demanda por pás, a máquina é utilizada para carregamento de cargas em ciclos mais curtos. Esse tipo de operação exige bastante da transmissão e dos eixos, além do motor, que trabalha com muitos ciclos de acelerações e reduções bruscas, causando maior desgaste. Em pedreiras, os pneus também são colocados à prova pelo contato direto com as rochas.

Como o desgaste na mineração é elevado, recomenda-se o uso de componentes de alta resistência que aumentem a disponibilidade mecânica e diminuam os intervalos de manutenção. Reduzir a movimentação da pá também é importante para minimizar o consumo exagerado.

Por sua vez, em trabalhos rurais, especialmente com cana, as operações são agressivas para eixos, transmissão, filtros de ar e carenagem. Para as máquinas que trabalham nessa área são indicadas proteções extras, que minimizem os desgastes causados pelo ambiente, utilizando-se um ventilador reversível para aumentar a capacidade de troca de calor dos radiadores.

Além disso, é preciso cuidado extra com filtros, para evitar a entrada de bagaço no motor.

EXPOSIÇÃO

Igualmente agressiva para a pintura e componentes elétricos é a operação com fertilizantes, devido ao teor de acidez presente em sua composição, o que pode gerar problemas em partes da máquina.

Por isso, as chapas da estrutura devem receber tratamento especial (eventuais quinas provocam o aparecimento prematuro de pontos de corrosão, aumentando a depreciação). É necessário, ainda, cuidado com o filtro de ar do motor, para evitar a “ingestão” de poeira junto com o ar – o que pode, inclusive, ocasionar a perda do equipamento.

Em aterros sanitários, a agressividade do chorume também é nociva à pintura e aos componentes. Além disso, como resíduos da construção e outros detritos são erroneamenteenviados para os lixões, os pneus acabam sendo mais exigidos.

A suspensão e o sistema hidráulico também demandam atenção, devido à exposição a líquidos corrosivos. Assim, é importante que o equipamento conte com reforços estruturais e coberturas adicionais nos principais componentes, para evitar a entrada de sólidos. Outro cuidado fundamental é limpar e lubrificar regularmente as partes em contato com os resíduos.


Entender a finalidade de uso da pá é fundamental para evitar a depreciação precoce

Com operações de pátio e abastecimento de cimento de fornos e moegas, o setor de siderurgia emprega as pás de maneira intensa na movimentação de materiais. Nesse tipo de trabalho, os pneus, a transmissão (ciclos curtos) e os eixos são bastante exigidos, além do motor, que opera com muitos ciclos de acelerações e reduções bruscas, sofrendo desgaste.

A depreciação pode, ainda, ser motivada pela exposição da máquina a altas temperaturas e substâncias corrosivas. A melhor maneira de evitar problemas é sistematizar a manutenção de itens importantes, como filtro de ar. Como há muita poeira na atmosfera, uma grande quantidade de sílica aspirada pelo equipamento pode danificar prematuramente o motor.

Segundo Etelson Hauck, gerente de produtos da JCB, a terraplenagem é uma atividade que utiliza o equipamento em solos variados, aumentando os gastos com o desgaste excessivo dos pneus.

“Podem ser necessárias substituições frequentes nesse tipo de trabalho, por conta de danos provocados por cortes, rasgos ou furos causados por pedras, metais e detritos”, explica. “Já no caso de minério e pedreiras, os pneus podem ter vida útil mais longa, pois são usados em terrenos mais duros e rochosos, mas ainda assim representam uma parcela significativa dos custos de manutenção e reposição.”


DEMANDA
Mercado passa por acomodação de demanda

O segmento de pás carregadeiras representa ¼ de todas as vendas de máquinas pesadas no Brasil. E, segundo Marcelo Rohr, especialista de produto da Case CE, os resultados do 1º trimestre de 2023 seguiram os fortes níveis alcançados no pós-pandemia, principalmente, nas regiões Sul e Centro-Oeste do país – movimento impulsionado pela agricultura.

“Ainda muito forte, a construção é o maior comprador dessas máquinas, seguida pelo agronegócio, que somados representam 55% da demanda”, detalha. “O produto também vem ganhando cada vez mais destaque na locação.”

O otimismo é compartilhado por Wellington Mitsuda, gerente de marketing de produto da Komatsu, que indica aumento de aproximadamente 70% na demanda nos últimos três anos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).


Acompanhando a demanda, vendas de pás vem aumentando nos últimos três anos

“O volume de vendas acompanhou essa tendência no período, sendo que a base de 2021 já estava em um patamar elevado e se manteve quase no mesmo nível em 2022”, avalia.

Para Julio Ramos, supervisor de vendas da Liebherr, o mercado passa por uma acomodação de demanda, assim como os preços. “Espera-se que mantenha o mesmo ritmo do ano passado, após uma estabilização da expectativa com o novo governo”, analisa.

Por sua vez, Douglas Pereira, gerente de marketing de produto da John Deere, menciona dados da Abimaq que mostram queda no volume de pás vendidas no 1º trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Esse número, porém, continua acima dos anos anteriores”, pondera.Na JCB, as vendas de pás se mantiveram estáveis no 1º quadrimestre, apesar das projeções de crescimento de 10% para o ano.

De acordo com o gerente de produtos Etelson Hauck, os números mostram leve queda ao longo dos mesmos períodos, indicando maiores volumes em Mato Grosso (agricultura) e em São Paulo (construção). “Mas se olharmos para a locação, São Paulo e Minas Gerais apresentam os maiores volumes”, conclui.


LANÇAMENTO
Novo modelo promete aliar robustez e baixo consumo

Lançada em março, a nova pá carregadeira Liebherr L 538 Plus é indicada para operações de movimentação de grãos, carvão, areia, gesso, concreteiras e outros serviços de apoio. Com caçamba padrão de 2,7 m3, o modelo oferece carga de tombamento de 9.300 kg e potência de 139 hp.

O sistema de translação prevê menor peso operacional, reduzindo o consumo de combustível e desgaste de freios e pneus.

Mas é no trem de força que a nova pá traz as principais melhorias em relação à antecessora L 538. “A substituição da caixa de transmissão e dos diferenciais garante que o trem de força opere com máxima potência, ao mesmo tempo que aumenta a estabilidade e robustez da máquina”, afirma Julio Ramos, supervisor de vendas da Liebherr.


Versão atualizada da pá L 538 Plus ganhou melhorias no trem de força


LANÇAMENTO
Volvo lança carregadeira L200H HL na América Latina

Destinado à movimentação em pátios, o modelo L200H HL (High Lift) traz nova gama de garras com capacidade de carregar até 11,2 t de toras (27% acima da versão anterior), enquanto o sistema de braço empilha até 6,9 m de altura, potencializando o espaço no pátio em até 60% em comparação à carregadeira convencional.


Voltado para o setor madeireiro, modelo L200H HL tem maior capacidade de carga

Outro destaque é a tecnologia embarcada, que promete reduzir o consumo em até 15% graças à funcionalidade Optishift, composta por novo conversor de torque e uma função de reversão do sentido de direção por frenagem (Reverse-by-Braking – RBB).

A versão vem ainda com Co-pilot Load Assist e outros aplicativos de assistência.

“A L200H HL é uma solução única para o segmento madeireiro obter o máximo de desempenho na movimentação de toras em pátios”, afirma Boris Sánchez, head de gerenciamento de produtos e serviços de produtividade da Volvo CE na América Latina.

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