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China mira etanol brasileiro para combustível sustentável de aviação

O país definiu uma meta de incorporar 3% de SAF em seus voos nos próximos cinco anos, com a ambição de alcançar 50% até 2030

Folha de S.Paulo

19/08/2025 14h29


A crescente colaboração comercial entre Brasil e China está agora focada na utilização do etanol brasileiro para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) na nação asiática.

Essa temática foi objeto de discussão em encontros entre representantes do governo brasileiro, da China Petroleum and Chemical Industry Federation (CPCIF) e da Chimbusco, uma subsidiária da PetroChina.

De acordo com informações obtidas pela Folha, essa parceria apresenta um potencial financeiro significativo e posiciona o etanol como um elemento chave na transição energética da Chi

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A crescente colaboração comercial entre Brasil e China está agora focada na utilização do etanol brasileiro para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) na nação asiática.

Essa temática foi objeto de discussão em encontros entre representantes do governo brasileiro, da China Petroleum and Chemical Industry Federation (CPCIF) e da Chimbusco, uma subsidiária da PetroChina.

De acordo com informações obtidas pela Folha, essa parceria apresenta um potencial financeiro significativo e posiciona o etanol como um elemento chave na transição energética da China.

O país definiu uma meta de incorporar 3% de SAF em seus voos nos próximos cinco anos, com a ambição de alcançar 50% até 2030, o que equivaleria à produção de 46 milhões de toneladas desse combustível, considerando um consumo anual total de 86 milhões de toneladas.

O Brasil desempenha um papel crucial nesta negociação, uma vez que a China enfrenta limitações em suas terras agrícolas para cultivos não alimentares e apresenta baixa disponibilidade local de etanol.

Dentre as alternativas analisadas pelos chineses para a produção de combustíveis sustentáveis, como óleo reciclado industrial, combustível sintético e hidrocarbonetos, o etanol proveniente da cana-de-açúcar é considerado a opção mais viável para a cooperação com o Brasil, devido à competitividade e escalabilidade dessa matéria-prima no território brasileiro.

Durante uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder chinês Xi Jinping manifestou que “a China está disposta a colaborar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global”. No comunicado emitido pelo Brasil, os dois líderes também abordaram tópicos relacionados aos BRICS e oportunidades comerciais.

O presidente Xi ressaltou ainda que “a China apoia o povo brasileiro na defesa de sua soberania nacional e seus direitos legítimos”, fazendo um apelo à união contra práticas unilaterais e protecionistas.

A CPCIF informou ao governo brasileiro que está prestes a finalizar um protocolo técnico que padroniza o SAF, permitindo a adequação do etanol brasileiro às novas diretrizes estabelecidas. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil acompanha atentamente essa questão, tendo realizado uma missão à China em junho passado.

Em relação a esse tema, o Mapa não se pronunciou até a publicação deste artigo.

O aprofundamento dos laços comerciais entre Brasil e China inclui um memorando de entendimento (MoU) que o Brasil planeja assinar com o China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT) durante a COP30, programada para novembro em Belém (PA). Esse documento visa promover práticas comerciais sustentáveis relacionadas ao SAF.

As negociações anteriores entre os dois países também exploraram possibilidades de financiamento para produção sustentável, incluindo a criação de fundos bilaterais de “financiamento verde” e aproveitamento de mecanismos do bloco BRICS, que abrange Brasil, Rússia, China e África do Sul.

O fundo China-Celac foi identificado como uma alternativa viável para financiar projetos voltados à recuperação de pastagens degradadas no Brasil, visando aumentar a produção de insumos para biocombustíveis com condições favoráveis de juros.

Em sua declaração, Xi Jinping enfatizou que as relações entre China e Brasil estão em seu ápice histórico, ressaltando a construção de uma comunidade sino-brasileira orientada por um futuro compartilhado. Ele afirmou que “o lado chinês está preparado para colaborar com o Brasil na identificação de oportunidades e fortalecimento da coordenação”.

A implementação de mecanismos financeiros bilaterais e definição conjunta de padrões técnicos podem proporcionar segurança aos dois países contra imposições externas, especialmente no contexto das recentes investigações comerciais dos Estados Unidos sobre o etanol brasileiro.

O governo Trump havia alegado que o Brasil alterou sua postura em relação às tarifas sobre importações americanas de etanol, resultando em uma taxa significativamente maior sobre esse produto.

Além disso, Brasil e China estão trabalhando na formulação de um protocolo bilateral destinado à certificação e rastreabilidade dos produtos agropecuários. Esse protocolo visa alinhar metodologias para avaliação das emissões ambientais, manejo do solo e bem-estar animal.

Espera-se que certificados brasileiros desenvolvidos pela Embrapa sejam reconhecidos pelas autoridades chinesas como evidência válida de sustentabilidade.

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