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Caso Evergrande gera novo equilíbrio na economia chinesa

Segundo especialistas, o cenário é de reestruturação radical na economia chinesa, que agora deve se voltar para investimentos em inovação tecnológica

CNN Brasil

03/02/2022 11h00 | Atualizada em 15/02/2022 14h06


A dívida da Evergrande, segunda maior empreiteira da China, já ultrapassa o PIB da África do Sul. Na casa dos US$ 300 bilhões em atraso, a gigante chinesa, responsável por mais de 1.300 projetos em 280 cidades locais, se tornou a face da crise no setor imobiliário do país.

Responsável por quase 1/4 do PIB, a atividade é a que mais contribui para a economia chinesa, que enfrentou uma desaceleração no último trimestre de 2021 com os baques no setor imobiliário.
Com o default da dívida da Evergrande no final do ano, sinal de um possível calote bilionário, e uma série de outras empreiteiras menores tamb&eacu

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A dívida da Evergrande, segunda maior empreiteira da China, já ultrapassa o PIB da África do Sul. Na casa dos US$ 300 bilhões em atraso, a gigante chinesa, responsável por mais de 1.300 projetos em 280 cidades locais, se tornou a face da crise no setor imobiliário do país.

Responsável por quase 1/4 do PIB, a atividade é a que mais contribui para a economia chinesa, que enfrentou uma desaceleração no último trimestre de 2021 com os baques no setor imobiliário.
Com o default da dívida da Evergrande no final do ano, sinal de um possível calote bilionário, e uma série de outras empreiteiras menores também em apuro, analistas de todo o mundo foram levados num primeiro momento à pergunta: estaria a China diante de uma bolha de proporções parecidas a dos Estados Unidos de 2008?

Era uma possibilidade de arrepiar a espinha até alguns meses atrás, mas, com as medidas de contenção adotadas pelo governo chinês, a sombra dessa possibilidade foi logo dissipada.

Agora, segundo especialistas, o que se desenha é um novo equilíbrio entre os setores que compõe o Produto Interno Bruto da segunda maior economia do mundo.

“Mais do que o caso específico da Evergrande, a quebradeira no setor imobiliário e a forma com que o governo chinês tem administrado a crise mostram uma série de mudanças estruturais drásticas na economia da China”, disse Isabela Nogueira, professora do Instituto de Economia da UFRJ e coordenadora do LabChina (Laboratório de Estudos em Economia Política da China), núcleo também vinculado à federal carioca.

Isso porque, do ponto de vista estrutural, a China tem sido há muito tempo puxada por taxas de investimento. “É o que a literatura econômica chama de um caso clássico de Investment-Led Growth, que, lá, teve o setor da construção civil como um de seus pilares essenciais. Agora, a ideia é puxar o crescimento investindo em inovação, sobretudo a tecnológica”.

É um processo que começou em 2017, com uma agenda que visa reduzir riscos sistêmicos e setores de elevada “alavancagem” – no mercado financeiro, o termo remete à relação entre as dívidas da empresa com sua capacidade de quitar obrigações. Nessa toada, ao final de 2020, o governo chinês pôs em prática uma série de políticas regulatórias batizada de “Três Linhas Vermelhas”, que coloca tetos máximos em alavancagem, endividamento e liquidez.

Limitada pela regulação, a Evergrande deixou de conseguir administrar o rombo nas contas como até então vinha fazendo – isto é, efetuando novos empréstimos para quitar dívidas antigas. “Por isso que o default da empresa não foi uma surpresa. Era inevitável que a Evergrande não conseguisse mais gerir suas dívidas por causa desse pacote de mudanças estruturais”, explica Isabela.

“Parte da dívida deve ser honrada, principalmente às famílias, e outra, de detentores de produtos financeiros mais alavancados, deve passar por um default”, prevê ela.

De acordo com o professor de Direito Internacional da FGV, Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China, o caso da Evergrande – ou até mesmo do setor imobiliário como um todo – não vem isolado.
“Dentro do contexto de regular a influência de grandes empresas sobre a economia, o governo chinês também se voltou para a regulação de Big Techs, por exemplo”, disse.

“A ideia é justamente impedir o surgimento de oligopólios que pudessem concorrer com o poder político do governo, mas não só. Ao regular as grandes empresas, a China impede que concorrentes menores queiram seguir caminhos parecidos, método conhecido como governança pelo exemplo. A crise da Evergrande se tornou a ocasião perfeita para efetuar esse reajuste na economia”.

Em curso há alguns anos, explicam os especialistas, esse processo ganhou tração com a pandemia. Em cenários de competição internacional ultra-acirrada, como era o caso até 2019, promover uma mudança tão drástica na estrutura econômica seria um movimento impensável.

Isso porque, ao tirar o peso de um dos pilares mais fortes da economia, a China inevitavelmente teria um crescimento menor.

Mas, frente a uma crise mundial, se tornou possível “tirar o pé do acelerador” e voltar o foco para outras frentes. “O governo chinês viu uma janela de oportunidade para impulsionar essa reorganização da economia”, disse Isabela.

Com enfoque em inovação, a China agora expande o leque para investidores. Ao deixar de lado a infraestrutura física para privilegiar o setor tecnológico, de rápida e vistosa expansão, o que se vê, caso a transição seja feita com sucesso, é uma mudança no perfil de investimentos.

“É uma economia que se redireciona para investimentos qualitativos, não mais quantitativos”, avalia Isabela. “Dentro disso, há, claro, inúmeros desafios. Não é certeza que esse plano irá vingar.”

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