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Brasil precisa qualificar mão de obra para atender demandas de petróleo e etanol

Agência Senado

23/03/2010 14h57


O Brasil vai precisar de grandes investimentos nos próximos anos para atender a demanda por mão de obra especializada nos setores produtivos do petróleo e do etanol, de acordo com os especialistas que participaram nesta segunda-feira (22), de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). Eles discutiram o tema "Desafios, necessidades e perspectivas da formação e capacitação de recursos humanos em energia - petróleo e etanol", no quarto painel do ciclo de audiências públicas Recursos Humanos para Inovação e Competitividade - Agenda 2009/2015, promovido pela CI.

O diretor de Operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, afirmou que investimentos em inovação tecnológica estão estritament

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O Brasil vai precisar de grandes investimentos nos próximos anos para atender a demanda por mão de obra especializada nos setores produtivos do petróleo e do etanol, de acordo com os especialistas que participaram nesta segunda-feira (22), de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). Eles discutiram o tema "Desafios, necessidades e perspectivas da formação e capacitação de recursos humanos em energia - petróleo e etanol", no quarto painel do ciclo de audiências públicas Recursos Humanos para Inovação e Competitividade - Agenda 2009/2015, promovido pela CI.

O diretor de Operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, afirmou que investimentos em inovação tecnológica estão estritamente ligados ao aumento de competitividade das empresas, bem como da produtividade e da geração de renda real. Para ele, o Brasil precisa de "um choque de cultura", pois ainda está muito atrás dos países desenvolvidos na implantação de instrumentos de inovação tecnológica, produtividade e desenvolvimento.

Mesmo assim, disse o representante da CNI, o Brasil é o país da América Latina que mais investe em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D): 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é investido anualmente nessa área ligada a atividades de longo prazo relacionadas à ciência, tecnologia e capacitação. Ele disse ainda que tanto o setor público quanto o privado precisam ter mais "cultura de inovação".

Apoio público insuficiente
Lucchesi afirmou que os instrumentos de políticas públicas para inovação tecnológica precisam ser mais disseminados no país e registrou que as pequenas empresas brasileiras têm dificuldades em atender as garantias das linhas de financiamentos para investir nessa área. Afirmou também que o "apoio público é insuficiente" e que um dos grandes problemas brasileiros é a formação/escolaridade, pois apenas 10% dos brasileiros entre 25 e 34 anos têm curso superior.

- O governo precisa assegurar instrumentos de apoio à inovação nas empresas - afirmou o diretor da CNI.

Já o diretor do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Marco Aurélio Pinheiro Lima, explicou que o objetivo da entidade é ajudar o Brasil a ser um gigante na exportação de etanol para todo o mundo. Ele afirmou que o país tem potencial para chegar em 2025 produzindo 250 bilhões de litros anuais de etanol (atualmente é de quase 30 bilhões de litros). Para que isso aconteça, disse Pinheiro Lima, o Brasil terá de construir mil novas destilarias até lá, gerando mais de 9 milhões de empregos e, consequentemente, aumentando o PIB em 13%.

O representante do CTBE registrou que o país precisa de investimentos maciços em tecnologia e formação de mão de obra qualificada (nos níveis básico, médio, superior e técnico). Ele afirmou que vai ser quase impossível o Brasil escapar da mecanização do plantio e da colheita de cana de açúcar, o que pode vir a gerar problemas de desemprego. Disse ainda que o setor sucroalcooleiro apresenta déficit de mão de obra especializada em funções das mais diversas como, por exemplo, operadores de colheitadeiras, tratoristas, mecânicos, soldadores, eletricistas, etc.

- É necessária a definição de uma estratégia para articular o setor produtivo e o setor público para aumentar a oferta de capacitação na qualidade e quantidade requeridas - afirmou Pinheiro Lima.
Brasil deve enfrentar carências

O gerente-executivo de Recursos Humanos da Petrobras, Diego Hernandes, apresentou alguns dos planos da empresa para o período 2009-2013, que prevê investimentos de mais de R$ 70 bilhões. Ele disse que a Petrobras vem investindo em novas contratações nos últimos anos e afirmou que o Brasil precisa enfrentar carências específicas: como o baixo número de profissionais que são formados anualmente em áreas como geofísica e engenharia naval, bem como oficias marinheiros.

Hernandes falou sobre as atividades da Petrobras de formação e capacitação de seus funcionários, como a Universidade Petrobras, universidade corporativa que forma seus próprios engenheiro especializados em petróleo e oferece educação continuada a quase todos os funcionários.

O senador Fernando Collor aproveitou e sugeriu aos engenheiros brasileiros que se atualizem e aumentem seus conhecimentos constantemente, para que mantenham sua competitividade no mercado de trabalho.

O gerente de Tecnologia do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Combustível (IBP), Raimar van den Bylaardt, informou que um programa especial de recursos humanos da Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi iniciado em 1999 e já tem parcerias com 23 universidades brasileiras em 13 estados, com mais de 5 mil bolsas de estudos disponibilizadas e investimentos da ordem de R$ 184 milhões. Disse também que o IBP incentiva com bolsas dissertações de mestrado sobre temas de interesse do setor de petróleo.

O representante do IBP elogiou a qualidade e eficácia do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que tem como objetivo aumentar a participação da indústria nacional de bens e serviços na implantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior. Raimar van den Bylaardt disse que o Prominp já criou mais de 70 cursos de pós-graduação lato sensu em 12 estados brasileiros. Ele também afirmou que falta ao Brasil mais infraestrutura nas instituições de ensino, professores mais bem qualificados e atividades práticas para os estudantes.

A reunião da CI foi comandada pelo presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL) e contou com a participação do senador Mão Santa (PSC-PI).

O novo ciclo de debates organizado pela CI teve início no dia 1º de março e vai até 17 de junho e prevê 14 audiências públicas, dentro da programação da Agenda Desafio 2009-2014. A iniciativa tem por objetivo discutir e reunir subsídios para a formação e capacitação de mão de obra necessária para enfrentar os desafios nos setores ligados à infraestrutura no país.

O próximo painel, em 29 de março, terá como tema "Desafios, necessidades e perspectivas na formação e capacitação de recursos humanos para exploração, refino e distribuição dos produtos existentes nas reservas petrolíferas do pré-sal".

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