Assessoria de Imprensa
01/09/2023 13h11 | Atualizada em 05/09/2023 13h39
A reconstrução da rodovia BR-319 vem sendo discutida de forma incessante nos últimos anos.
Por um lado, existe a promessa de que a pavimentação da rodovia traga benefícios socioeconômicos, como redução de custos de transporte, melhoria da inserção de áreas remotas da região com outros mercados e geração de emprego.
Por outro, a reconstrução implica impactos sociais e ambientais severos, uma vez que aproximadamente 90% da zona de influência direta da rodovia é composta de paisagens naturais florestais ainda íntegras.
Com a emissão da licença prévia (LP)
...A reconstrução da rodovia BR-319 vem sendo discutida de forma incessante nos últimos anos.
Por um lado, existe a promessa de que a pavimentação da rodovia traga benefícios socioeconômicos, como redução de custos de transporte, melhoria da inserção de áreas remotas da região com outros mercados e geração de emprego.
Por outro, a reconstrução implica impactos sociais e ambientais severos, uma vez que aproximadamente 90% da zona de influência direta da rodovia é composta de paisagens naturais florestais ainda íntegras.
Com a emissão da licença prévia (LP) para o trecho do meio, em julho de 2022, a preocupação de especialistas e organizações civis com os graves problemas de gestão no processo de licenciamento ambiental cresceu.
Pensando nesse cenário, a WCS Brasil – em articulação com as demais organizações que compõem o Observatório BR-319 – elaborou um estudo com a análise territorial e situacional, além de recomendações de ações para mitigar os impactos em áreas prioritárias no entorno da rodovia.
A nota técnica “Enfrentando os desafios da repavimentação da rodovia que atravessa o coração da Amazônia brasileira” aponta que as obras no trecho do meio podem aumentar o desmatamento na região, uma vez que a rodovia já é um vetor de degradação ambiental sem estar completamente pavimentada.
Um modelo de simulação publicado em 2020 mostrou que o projeto de reconstrução da BR-319 “levará ao desmatamento acumulado de 170.000 km² até 2050 – valor quatro vezes maior do que o valor simulado considerando a taxa média histórica de desmatamento dessa região”.
Daí a necessidade de desenvolver mecanismos de conservação imediatos para mitigar os impactos na área, defende a publicação.
No estudo, a WCS Brasil fez um zoneamento e identificou 18 potenciais áreas de intervenção no entorno da rodovia BR-319 dentro do Amazonas, levando em conta critérios de importância como floresta e carbono, rede ecológica e dados biológicos, e de urgência, como desmatamento e uso do solo, uso da terra e capacidade, fatores antrópicos (ações exercidas por humanos), posse de terras, pressões e ameaças.
“Dentre as 18 áreas potenciais, priorizamos oito, considerando a estratégia de mitigação proposta, aqui orientada para prevenir e reduzir impactos ambientais indesejados, conter os vetores de avanço do desmatamento em ambos os lados da rodovia e evitar o crescimento insustentável de novos polos de desenvolvimento e expansão acelerada de estradas secundárias e ramais rodoviários ilegais”, diz a nota técnica.
O estudo parte do entendimento de que os efeitos da repavimentação não se restringem às áreas diretamente acessadas pela rodovia, mas também atingem uma série de setores sob influência de estradas planejadas que conectam a BR-319 a setores dos municípios no interflúvio entre os rios Madeira e Purus.
“As estradas existentes e mesmo as que ainda estão apenas projetadas podem causar efeitos ambientais de extremo impacto sobre a região e sua sociobiodiversidade, transformando toda a região da Amazônia Central numa nova frente de expansão do desmatamento, queimadas e degradação de toda ordem”, explica o diretor da WCS Brasil, Carlos Durigan.
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