Assessoria de Imprensa
22/07/2022 13h30 | Atualizada em 27/07/2022 15h07
O Brasil tem a oportunidade de utilizar compostos orgânicos para remediação de solos contaminados, a fim de que essas áreas sejam reabilitadas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2020 foram gerados 36 milhões de toneladas de resíduos orgânicos no país e um pequeno percentual é compostado.
A maioria ainda é destinada a aterros ou lixões. "É um potencial não explorado", pontuou Camila Camolesi Guimarães, pesquisadora na seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental do Instituto de
...O Brasil tem a oportunidade de utilizar compostos orgânicos para remediação de solos contaminados, a fim de que essas áreas sejam reabilitadas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2020 foram gerados 36 milhões de toneladas de resíduos orgânicos no país e um pequeno percentual é compostado.
A maioria ainda é destinada a aterros ou lixões. "É um potencial não explorado", pontuou Camila Camolesi Guimarães, pesquisadora na seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), durante o BW Talks “Transformando Resíduos em Oportunidades: Uso de Composto Orgânico para a Remediação de Áreas Contaminadas”, promovido na semana passada pelo Movimento BW.
"Esse composto orgânico advindo da compostagem pode ser usado na remediação de solos contaminados, adicionando bactérias e fungos e, assim, aumentando a quantidade de nutriente disponível para os microorganismos no solo”, explicou.
“Isso facilita o crescimento desses organismos que farão a degradação do contaminante", complementou.
Segundo ela, os compostos orgânicos também melhoram a acidez e alcalinidade do solo (pH), estimulando a capacidade de retenção de umidade e de aeração.
A técnica que utiliza microrganismos para degradar, transformar ou remover contaminantes do solo, a fim de que não ofereçam riscos ao ambiente e às populações que habitam a localidade, é conhecida por biorremediação.
"Essa técnica pode tratar diversos tipos de contaminantes, contudo, quando a concentração do contaminante for acima da capacidade dos microorganismos de realizar a degradação, é necessário um tratamento preliminar para só então aplicar a biorremediação e refinar o tratamento do solo", afirmou Camila.
Durante o evento on-line, a pesquisadora do IPT trouxe dois estudos de casos realizados no exterior, que confirmam os bons resultados da biorremediação.
No primeiro, foram remediados mais de 3 mil m³ de solo contaminado por TPH (Hidrocarbonetos Totais de Petróleo), enquanto no segundo foram tratadas 2 mil toneladas de solo contaminado por PCP (Pentaclorofenol).
Entretanto, essa técnica apresenta desafios, como o tempo e o desconhecimento sobre a biorremediação. "Por ser uma atividade biológica, há um período maior para a degradação do contaminante em comparação com processos químicos ou físicos", disse a especilista.
Em pequena escala, é possível obter resultados de degradação entre 60 a 90 dias. Já em grande escala, pode-se chegar a um ano, ela detalhou.
Outro ponto levantado pela pesquisadora durante o evento é a necessidade de se realizar testes de bancada antes da biorremediação, a fim de conhecer melhor o local contaminado.
"Se o meio estiver saturado, com muita água ou com solo muito argiloso ou compactado, pode não ser ideal para o crescimento de microorganismos", ponderou Camila, destacando que no Brasil ainda não há projetos-piloto de biorremediação em campo, mas apenas em escala de laboratório.
O BW Talks “Transformando Resíduos em Oportunidades: Uso de Composto Orgânico para a Remediação de Áreas Contaminadas” está disponível na íntegra no site oficial do Movimento BW.
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