Segundo dados da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o potencial de produção de biogás no Brasil é estimado em cerca de 84,6 bilhões de metros cúbicos ao ano, o que poderia atender aproximadamente 36% da demanda elétrica nacional.

Com o crescimento da agenda ESG e a busca por fontes renováveis, a capacidade de crescimento do setor ganha destaque na economia.

“O Brasil, com sua vasta disponibilidade de resíduos agrícolas e uma forte demanda por soluções energéticas renováveis, apresenta um enorme potencial para o desenvolvimento do setor de biogás e suprir a demanda energética de forma limpa e eficiente. Isso coloca o país em uma posição estratégica para a produção de biogás em escala industrial, além de promover o desenvolvimento econômico em regiões rurais”, diz Tatiane Schmitz, sócia da Berkan, empresa de consultoria e auditoria especializada no setor de utilities.

Segundo a especialista, o desenvolvimento desse setor ainda enfrenta desafios significativos, especialmente em relação ao financiamento, à infraestrutura, à regulação e à viabilidade tecnológica.

Recentemente, o biogás foi colocado em destaque no cenário energético nacional com a aprovação de um novo marco regulatório. Este avanço legal reconhece o biogás e o biometano como combustíveis importantes na matriz energética brasileira, promovendo sua inserção na cadeia de produção e consumo de energia.

“O novo marco legal facilita a atração de investimentos e o desenvolvimento de projetos de biogás ao estabelecer diretrizes claras para a produção, distribuição e comercialização deste combustível renovável. Este avanço regulatório representa uma oportunidade significativa para o setor, pois traz regras mais claras e maior segurança jurídica aos produtores, além de reconhecer oficialmente o biogás como combustível”, avalia a sócia da Berkan.

Ainda assim, a implantação de plantas de biogás requer investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia, além de enfrentar uma regulamentação ambiental e energética complexa. Há também a escassez de profissionais qualificados no mercado para operar e manter as plantas de biogás e a dependência de tecnologias estrangeiras.

Caminhos para o crescimento – De acordo com Tatiane, do ponto de vista contábil, os investimentos em biogás devem ser cuidadosamente planejados para assegurar a viabilidade econômica dos projetos.

“Estudos detalhados são essenciais para avaliar o retorno sobre o investimento e o fluxo de caixa esperado. A correta contabilização dos benefícios fiscais pode melhorar a rentabilidade do projeto, e o monitoramento rigoroso dos custos de operação e manutenção é crucial para a sustentabilidade financeira. Com o novo marco legal, é fundamental garantir conformidade com as regulamentações para evitar sanções e aproveitar plenamente os benefícios”, detalha.

As projeções indicam um crescimento significativo do setor de biogás nos próximos anos. A ABiogás estima que, até 2030, o biogás possa representar até 10% da matriz energética brasileira.

Para que esse potencial seja alcançado, simplificar processos e promover um ambiente regulatório favorável, facilitar o acesso a financiamentos e promover parcerias público-privadas, investir em formação profissional para atender às demandas tecnológicas do setor e aproveitar as oportunidades proporcionadas pelo novo marco regulatório são caminhos fundamentais para impulsionar o setor.