Folha de S.Paulo
23/07/2025 07h30
O governo argentino anunciou na semana passada que dará início a uma das principais promessas do presidente Javier Milei: o processo de privatização da AySA, a companhia de águas e saneamento de Buenos Aires e região metropolitana.
Segundo o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, 90% das ações da empresa, que atualmente estão nas mãos do Estado, serão transferidas para o capital privado por meio de um processo que inclui licitações públicas nacionais e internacionais.
Os 10% restantes das ações vão se manter nas mãos de colaboradores da empresa, como parte de um programa de participaç&a
...O governo argentino anunciou na semana passada que dará início a uma das principais promessas do presidente Javier Milei: o processo de privatização da AySA, a companhia de águas e saneamento de Buenos Aires e região metropolitana.
Segundo o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, 90% das ações da empresa, que atualmente estão nas mãos do Estado, serão transferidas para o capital privado por meio de um processo que inclui licitações públicas nacionais e internacionais.
Os 10% restantes das ações vão se manter nas mãos de colaboradores da empresa, como parte de um programa de participação acionária que já existe.
Um dos símbolos do governo do ex-presidente Nestor Kirchner, a AySA presta serviços em Buenos Aires e em 26 municípios da região metropolitana, sendo 11,4 milhões de pessoas no abastecimento de água e 9,5 milhões com coleta de esgoto.
Para comparação, a Sabesp (Companhia e Saneamento Básico do Estado de São Paulo), atende a 28,7 milhões com água e 25,5 milhões com coleta de esgoto.
"A AySA antes se chamava Águas Argentinas, era privada e funcionava muito bem", disse Milei, logo após ser eleito, em 2023.
A Águas Argentinas era controlada pela empresa francesa Suez, ganhou uma licitação em 1993, durante o governo de Carlos Menem. A gestão, no entanto, foi duramente criticada.
Entre 1993 e 2002, as tarifas residenciais subiram 88,2%, enquanto os preços de varejo apenas 7,3%, de acordo com estudos da época.
Os investimentos prometidos foram abaixo do esperado, com apenas 58% das obras planejadas no primeiro período.
Em 2003, a cobertura de água potável e esgoto também ficou abaixo do que foi acordado, resultando na rescisão do contrato.
Em 2006, os serviços de água potável e saneamento na região metropolitana de Buenos Aires foram nacionalizados, dando origem à AySA.
A nacionalização foi defendida kirchnerismo na época, com a promessa de garantir a continuidade, melhorar a qualidade e expandir a cobertura dos serviços.
De acordo com dados de 2023, 85% da população argentina tem acesso à água potável e 56% ao saneamento, em todo o país.
Em bairros populares, porém, o acesso aos serviços de água e esgoto atinge apenas 11,6% e 2,5% dos habitantes, respectivamente.
No Brasil, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), a média de abastecimento de água é de 84% da população e 51% do esgoto gerado no país é tratado.
Desde dezembro de 2023, com a chegada de Milei ao poder, a AySA já cortou 1.454 funcionários, reduzindo sua equipe para 6.336 pessoas, a maioria dos desligados optou por um plano de aposentadoria voluntária.
O porta-voz da Casa Rosada mencionou que desde a renacionalização, a empresa recebeu mais de US$ 13,4 bilhões em investimentos do governo e enfrentou uma forte deterioração nos custos de operação e infraestrutura. O nível de inadimplência entre os usuários aumentou de 4% para 16% durante a administração estatal, disse.
Ele disse que a privatização visa modernizar o setor de água e melhorar a qualidade dos serviços prestados, e que todo o processo será regulado pela Comissão Nacional de Valores Mobiliários, seguindo padrões internacionais.
A privatização deverá incluir a alienação de 83 obras de expansão, que serão transferidas para o Ministério de Obras Públicas ou para municípios e províncias.
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