A abertura do mercado de energia, proposta no PL 414/21, conhecido como o projeto da portabilidade na conta de luz, traz a possibilidade do ACL (Ambiente de Contratação Livre) crescer, passando das atuais 30 mil para cerca de 250 mil unidades consumidoras de toda a alta tensão, a partir de janeiro de 2024, data prevista para a abertura a este tipo de consumidor.

Integram esse contingente grandes consumidores empresariais, comerciais e industriais que consomem entre 30 kW e 500 kW, e que hoje estão no ACR (Ambiente de Contratação Regulada ou mercado cativo), sem acesso aos benefícios do mercado livre.

Na avaliação do Grupo Safira, essa projeção de crescimento do ACL desencadeará um amadurecimento da gestão da própria energia, uma vez que o mercado passará a considerar esse insumo como mais uma matéria-prima do negócio, algo que hoje é reservado apenas a um seleto grupo de grandes consumidores.

“Não há qualquer ingerência no que diz respeito ao fornecimento de energia por parte das empresas, mesmo de alta tensão, que estão no mercado cativo, já que elas são atendidas por um único fornecedor, que é a distribuidora concessionária.

Até por isso, dificilmente possuem uma área especifica interna para cuidar deste insumo”, afirma Raphael Vasques, coordenador de Gestão e de Inteligência de Mercado do Grupo Safira.

“Com a migração para o mercado livre, as possibilidades se abrem e a energia deverá passar a ser tratada como matéria-prima, com a criação de uma gestão específica e a procura de um fornecedor que oferecerá o melhor custo-benefício”, pondera.

Pelo lado dos agentes que atuarão para atender estes consumidores, como geradores, comercializadores e gestores de energia, também são esperados aperfeiçoamentos, de modo que a expectativa é do surgimento cada vez maior de soluções digitais que atendam à nova demanda.

O próprio Grupo Safira acaba de lançar duas plataformas digitais no modelo SaaS (Software as a Service), com o objetivo de amparar os consumidores em todas as etapas de compra e venda de energia e na gestão de contratos no ACL.

A primeira é o Kantan, criado em parceria com a BMS Tecnologia e que consolida a gestão de contratos de curto e longo prazos, projeções de carga e os balanços energéticos no ambiente digital.

Já a plataforma digital Prisma municia os clientes com dados sobre meteorologia, projeção de preço, regulação do setor e operação do Sistema Interligado, ajudando na tomada de decisão para a contratação de energia no ACL.

“Combinadas, as duas plataformas são capazes de colaborar com a gestão completa da energia das empresas que já estão no mercado livre e com a gestão da energia dos novos entrantes beneficiados pelo PL 414”, diz a empresa.