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A transformação da indústria automotiva nos próximos 20 anos

Acomodação tecnológica, legislação de uso e eficiência energética são os principais fatores que devem impactar as soluções conceituais até 2040

Ricardo Plc

19/07/2022 09h34 | Atualizada em 20/07/2022 16h40


Por Neil McGregor*


A transformação da indústria automobilística segue em ritmo acelerado, com vários fatores impulsionando os projetos de desenvolvimento futuro dos veículos nos próximos 20 anos e muito além.

O ritmo de mudança na indústria está se acelerando como nunca, com influências políticas, econômicas, sociais e técnicas que provavelmente terão impacto nos ciclos de vida dos projetos e nas decisões de investimento.

A exigência global de redução de CO2 e de emissões para melhoria da qualidade do ar urbano são apenas do

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Por Neil McGregor*


A transformação da indústria automobilística segue em ritmo acelerado, com vários fatores impulsionando os projetos de desenvolvimento futuro dos veículos nos próximos 20 anos e muito além.

O ritmo de mudança na indústria está se acelerando como nunca, com influências políticas, econômicas, sociais e técnicas que provavelmente terão impacto nos ciclos de vida dos projetos e nas decisões de investimento.

A exigência global de redução de CO2 e de emissões para melhoria da qualidade do ar urbano são apenas dois dos desafios que a indústria automotiva enfrenta na atualidade. Uma mudança social emergente nas exigências de mobilidade e o interesse na mobilidade como serviço tem resultado na redução da propriedade direta de veículos e em mutações no uso dos veículos, influenciando os conceitos futuros de automóveis.

Fatores econômicos como o aumento do custo da propriedade, ligado à nova tecnologia necessária para reduzir as emissões, também são suscetíveis de provocar mudanças nos modelos de transporte e aumentar o tempo de atividade dos veículos.

Além disso, fatores tecnológicos estão influenciando o setor, incluindo o aumento da conectividade por meio da Internet das Coisas. Uma variedade de sistemas de propulsão, incertezas em torno da infraestrutura e necessidade de segurança no fornecimento de energia, assim como o uso contínuo de modelos de fabricação just in time, ajudarão a moldar o desenvolvimento futuro desses produtos.

Vários capacitadores-chave terão impacto nos projetos e no desenvolvimento futuro de veículos de passageiros, incluindo a adesão à legislação de CO2 e os requisitos para eliminar as emissões.

Esses fatores, juntamente com a atualização da legislação europeia e o movimento em direção à introdução de zonas de baixa emissão e, eventualmente, zonas de emissão zero em cidades do mundo todo, também terão impacto profundo na indústria. A segurança dos veículos também continua a ser de vital importância, e as montadoras estão sendo induzidas a tentar zerar os acidentes fatais.

A nova legislação para veículos conectados e autônomos vem sendo aprimorada, uma vez que a implementação prática se alinha com a teoria. Ao lado dos requisitos tradicionais de conforto, dinâmica de direção, refinamento e confiabilidade, é provável que vejamos uma mudança para uma maior funcionalidade e conveniência em veículos de passageiros no futuro.

As estruturas de propriedade também devem evoluir consideravelmente ao longo dos próximos 20 anos. Um distanciamento do motorista-proprietário ou mesmo do modelo de locação em direção à mobilidade como prestação de serviço já está sendo visto em áreas com população mais densa nos países desenvolvidos.

E, à medida que os veículos autônomos se tornem predominantes, as estradas e a infraestrutura de abastecimento também mudarão, respondendo diretamente às diferentes exigências que surgem no horizonte. O que pode apoiar essa mudança são melhorias significativas nas estruturas de tarifação.

O investimento em estações de carga de alta tensão e tecnologias para troca de baterias, por exemplo, assim como novas capacidades de uso de hidrogênio, também influenciarão a mobilidade no futuro. Além disso, veículos autônomos (como o conceito E-Motive Steel) mudarão a forma como passamos de um ponto A para um ponto B.

Da mesma maneira, a introdução de veículos autônomos mudará as exigências e a abordagem da engenharia de dinâmica veicular. Com a eliminação dos controles do motorista, como o volante, o ocupante fica mais afastado das interações de deslocamento.

Devido a isso, os requisitos sobre o projeto da suspensão e do sistema de direção mudarão. Os ocupantes de veículos autônomos esperam alto grau de conforto ao dirigir e sua reação às ondulações da estrada podem ser aumentadas em uma experiência de direção autônoma. Os futuros projetos de veículos autônomos devem considerar isso.

A acomodação tecnológica, a legislação de uso e a eficiência energética são os principais fatores que irão impactar as soluções conceituais até 2040. O ambiente da cabine, a segurança e o custo total de propriedade são filosofias, enquanto os objetivos são baseados tanto em dados subjetivos quanto objetivos, à medida que os conceitos são desenvolvidos.

É provável que os futuros veículos de passageiros continuem a utilizar a arquitetura convencional de estrutura monobloco montada em chassi por meio de subestruturas rigidamente conectadas ou isoladas.

Essa é uma abordagem comprovada, permitindo bons níveis de conforto ao dirigir, considerando ruídos, vibração e durabilidade em um pacote eficiente, de baixo peso e bom custo-benefício. É improvável que a introdução de veículos autônomos mude tal abordagem.

De fato, os projetos aproveitam o potencial de remoção dos controles do motorista, mas também surgirão novas técnicas de fabricação e a possibilidade de uma gama muito maior de configurações e opções no campo. Isso dá maior credibilidade à noção de que soluções inovadoras irão aumentar o bem-estar dos ocupantes.

O carregamento dinâmico sem fio também deve ser considerado e suporta a capacidade escalável da bateria. Embora existam desafios atuais para melhorar os projetos de baterias, espera-se que a química seja aprimorada até 2030, tornando-se capaz de proporcionar maior estabilidade térmica, juntamente com um BMS conectado, ajudando a controlar o conceito de carga e a melhorar a vida útil da bateria.

O hidrogênio também é visto como um combustível potencial do futuro, porém, com consideráveis desafios de infraestrutura, baseados em questões sociais e econômicas mais complexas, que podem ter impacto em seu uso mais amplo.

O uso de combustíveis alternativos, como os biocombustíveis, poderia ser visto em áreas com veículos de alto desempenho, mas todos os conceitos dependem da acessibilidade à fonte e podem incidir em custos elevados de implementação.

Em geral, o setor automotivo precisa de flexibilidade para responder aos desafios de infraestrutura, enquanto as montadoras precisam aproveitar ao máximo as oportunidades que surgem, apoiadas pela legislação, em vez de serem asfixiadas.

É provável que muitos desses conceitos não sejam implementados, mostrando-se demasiadamente dispendiosos, mas sem dúvida é uma jornada emocionante que está por vir.


*Neil McGregor é engenheiro-chefe da Ricardo Plc

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