Se há 10 anos alguém dissesse que o pacato município de São João da Barra, no Norte do estado do Rio de Janeiro, com seus 36 mil habitantes e 458,611 km² de área, banhado pelas agitadas águas do Atlântico em mar aberto, um dia abrigaria um complexo portuário comparável aos mais eficientes do mundo, certamente poucos acreditariam. E acreditariam menos ainda se alguém afirmasse que a região seria sede do mais moderno estaleiro das Américas, dotado de tecnologia de quinta geração. Mas acreditar em sonhos improváveis é o que distingue homens comuns dos grandes empresários de visão. E foi essa fé, associada ao “faro” para bons negócios, que levou o megaempresário Eike Batista a investir na região, na sua vocação para a logística e indústria naval e offshore.
O Complexo Portuário Privativo de Uso Misto do Superporto de Açu, em construção pela LLX, empresa de logística do Grupo EBX, é o maior investimento em infraestrutura portuária da América Latina. O empreendimento, que se caracteriza por um projeto inovador, dentro do conceito de
Se há 10 anos alguém dissesse que o pacato município de São João da Barra, no Norte do estado do Rio de Janeiro, com seus 36 mil habitantes e 458,611 km² de área, banhado pelas agitadas águas do Atlântico em mar aberto, um dia abrigaria um complexo portuário comparável aos mais eficientes do mundo, certamente poucos acreditariam. E acreditariam menos ainda se alguém afirmasse que a região seria sede do mais moderno estaleiro das Américas, dotado de tecnologia de quinta geração. Mas acreditar em sonhos improváveis é o que distingue homens comuns dos grandes empresários de visão. E foi essa fé, associada ao “faro” para bons negócios, que levou o megaempresário Eike Batista a investir na região, na sua vocação para a logística e indústria naval e offshore.
O Complexo Portuário Privativo de Uso Misto do Superporto de Açu, em construção pela LLX, empresa de logística do Grupo EBX, é o maior investimento em infraestrutura portuária da América Latina. O empreendimento, que se caracteriza por um projeto inovador, dentro do conceito de porto-indústria, alia modernas práticas de engenharia, construção e operação, envolvendo investimentos da ordem de R$ 3,8 bilhões. Desse total, R$ 1 bilhão deverá ser aportado pela LLX Minas-Rio (responsável pela implantação do terminal portuário dedicado ao minério de ferro) e R$ 2,8 bilhões pela LLX Açu (responsável pela operação das demais cargas como produtos siderúrgicos, petróleo, carvão, granito, escória, ferro gusa e carga geral).
Para a escolha do local, foi decisiva a sua localização estratégica. O empreendimento está localizado próximo à Bacia de Campos, área responsável por 85% da produção de petróleo e gás do Brasil. Superporto do Açu vai atender as necessidades de logística e suprimento das atividades de exploração e produção de óleo nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. Toda a estrutura poderá, ainda, se conectar com gasodutos, principalmente da Bacia de Santos, para abastecer a demanda de gás natural de siderúrgicas, do complexo termelétrico da MPX e demais indústrias instaladas no Complexo Industrial.
Além disso, por estar situado próximo aos principais polos produtores e consumidores do País, o Superporto de Açu tem grande potencial para se converter na principal alternativa para o escoamento da produção dos estados do centro-oeste e sudeste do País, que atualmente sofrem com a falta de acessos logísticos.
Outro fator decisivo: a região já possui profundidade adequada para receber navios de grande porte. Assim, o Superporto do Açu terá profundidade inicial de 21 metros, com perspectiva de expansão para 26 metros, suficientes para a operação de navios Capesize e VeryLargeCrude Carrier (VLCCs), que transportam até 320 mil toneladas de carga, e Chinamax, que possuem capacidade para 400 mil toneladas. Atualmente, somente 7% dos portos brasileiros possuem capacidade para receber navios Capesize.
Pelo projeto, o complexo portuário será dotado de dois conjuntos de terminais, um offshore (TX1) e outro onshore (TX2), ambos em construção. No total, serão 17 km de píer e poderá receber até 47 embarcações. O TX1 conta com uma ponte de acesso com 3 quilômetros de extensão, píer de rebocadores, píer de minério de ferro, canal de acesso e bacia de evolução – todos já concluídos. Ele terá nove berços e profundidade inicial de 21 metros (com expansão para 26 metros), devendo movimentar até 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Já o TX2, que está sendo construído no entorno de um canal para navegação, que contará com 6,5 km de extensão e 300 metros de largura. Serão mais de 13 quilômetros de cais, onde serão movimentados produtos siderúrgicos, carvão, ferro gusa, escória e granito, além de granéis líquidos e sólidos. A previsão é que o Superporto do Açu movimente 350 milhões de toneladas por ano entre exportações e importações, com destaque para o petróleo, o que o posiciona entre os três maiores complexos portuários do mundo. O início da operação está previsto para 2013.
Atualmente, cerca de 6 mil pessoas trabalham na construção do porto, sendo que 60% reside em Campos ou em São João da Barra. Quando o porto e o Complexo Industrial estiverem funcionando, a previsão é que sejam gerados cerca de 50 mil postos de trabalho. Além disso, a estimativa é que o Superporto do Açu atraia US$ 40 bilhões em investimentos para a região.
Complexo Industrial
Sua retroárea, de mais de 90 km² equivalente a quase ¼ de toda a área do município, foi dimensionada para receber um complexo industrial onde serão instaladas siderúrgicas, cimenteiras, base de estocagem para granéis líquidos, polo metal mecânico, um estaleiro (Unidade de Construção Naval da OSX), empresas do setor de equipamentos e serviços para a indústria naval offshore de petróleo, complexo termelétrico da MPX (empresa de energia do Grupo EBX), plantas de pelotização de minério de ferro, Unidade para Tratamento de Petróleo e indústrias de tecnologia da informação que constituirão o futuro vale do silício brasileiro, entre outros.
O projeto do Complexo Industrial do Superporto do Açu também engloba centros de distribuição e consolidação de cargas, instalações para embarcações de apoio às atividades offshore e clusters para processamento de rochas ornamentais, revestimentos e cerâmica. O superporto contará com uma Unidade para Tratamento de Petróleo (UTP), já licenciada para movimentação de 1,2 milhão de barris por dia. Na UTP serão reduzidos os teores de sal e de água contidos no petróleo por meio de centrifugação e decantação. A operação melhora a qualidade e o valor comercial do produto.
A LLX possui cerca de 60 memorandos de entendimento em negociação com empresas que querem se instalar ou movimentar cargas no Superporto do Açu. Entre eles está o acordo de cooperação assinado com a Wisco (Wuhan Iron and Steel Co.), terceira maior siderúrgica da China, e contrato com a Ternium para a instalação de parque siderúrgico no Superporto do Açu, com capacidade inicial de produção de 8,4 milhões de toneladas de aço bruto por ano.
Com a Anglo American, a empresa possui um contrato take or pay para embarque de minério de ferro no Superporto do Açu. Além disso, a LLX também assinou acordos comerciais com a Camargo Corrêa Cimentos e com a Votorantim Cimentos para a implantação de unidades industriais para a produção de cimento no Complexo Industrial do Superporto do Açu.
Em outubro de 2011, a LLX divulgou a assinatura de contrato com a empresa NOV (que adquiriu a NKT Flexibles), para a instalação de uma unidade de produção de tubos flexíveis para apoio a indústria offshore no Superporto do Açu. Essa unidade, com início de produção previsto para 2013, será localizada na margem direita do TX2 e terá capacidade para produção de 250 km de tubos flexíveis por ano, além de área para armazenagem e teste de material. O investimento previsto é de 200 milhões de dólares, com geração de 400 empregos diretos. Um mês depois, a LLX assinou protocolo de intenções com a General Electric Energy do Brasil (GE), para a instalação de unidade na retroárea do Superporto do Açu. A nova unidade poderá, dentre outras atividades, produzir equipamentos para os segmentos de energia, óleo e gás.
A companhia também assinou contrato com a Technip Brasil para a instalação de unidade de produção de tubos flexíveis para apoio à indústria offshore no Superporto do Açu. A unidade, com início de produção previsto para 2013, será localizada no TX2 e terá área para produção de tubos flexíveis, além de área para armazenagem e teste de material. A unidade contará com 500 metros de frente de cais e 289.800 m² de área total. A previsão é que sejam investidos R$ 650 milhões na construção da unidade, com geração de 600 empregos diretos.
Outro acordo de peso foi firmado em dezembro do ano passado, com a InterMoorpara, sendo a instalação de uma unidade que oferecerá apoio logístico e serviços especializados à indústria de óleo e gás no Superporto do Açu. A unidade, com início de operação previsto para 2013, será localizada na margem direita do TX2 e irá fornecer um conjunto de serviços para atender às necessidades específicas de seus clientes, entre eles Petrobras, Shell e OGX, assim como demais empresas do setor de óleo e gás que operam no Brasil. A unidade contará com 90 metros de frente de cais e 52.302 m² de área total.
No final de maio de 2012, a LLX anunciou contrato com a Subsea7 para instalação de uma unidade para montagem e revestimento de dutos rígidos submarinos de grande extensão no Superporto do Açu. Com píer de 250 metros de extensão e dois berços para atracação de embarcações, a unidade da Subsea7 ocupará uma área de 363.334 m2 e será instalada na margem esquerda da entrada do canal do TX2.
Logística integrada
As empresas que se instalarem no Superporto do Açu serão beneficiadas com duas alternativas para o transporte ferroviário: a Nova Linha Mineira (ligando o Rio de Janeiro ao estado de Minas Gerais) e a Linha Litorânea (interligando as malhas da MRS e da FCA). Os dois acessos possibilitarão que o Superporto do Açu atenda às regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país. As ferrovias já existem e os estudos para a recapacitação desses trechos já foram iniciados.
O Superporto do Açu também contará com acesso rodoviário pelas principais rodovias brasileiras, como a BR 116 (Rodovia Presidente Dutra) e a BR 040 (Rio - Juiz de Fora). Para acesso ao Superporto do Açu será construído um corredor logístico com 400 metros de largura e 43 km de comprimento. Ele terá 4 faixas rodoviárias, 2 linhas ferroviárias e 3 linhas de transmissão (135 kv, 345 kv e 500 kv). O Corredor Logístico foi dimensionado para transportar 200 milhões de toneladas por ano, com circulação de até 100 mil veículos por dia.
Responsabilidade Socioambiental
Compromisso com o desenvolvimento sustentável e respeito ao meio ambiente são diretrizes priorizadas no empreendimento, segundo a LLX. Com cerca de R$ 150 milhões investidos ou já previstos, a empresa mantém em São João da Barra mais de 50 programas socioambientais. Entre as ações desenvolvidas está o Programa de Qualificação Profissional, que é realizado em parceria com o SENAI e com a prefeitura de São João da Barra, e disponibiliza cursos para os moradores. Nas duas fases já realizadas, foram formadas cerca de 600 pessoas nos cursos de pedreiro, soldador, carpinteiro, mecânica, operador de empilhadeira, técnico hidráulico, almoxarife, armador de ferro e assistente administrativo. A previsão é que mais 3.100 pessoas sejam formadas em 2012 para as fases de implantação e operação dos empreendimentos.
Também são desenvolvidas ações voltadas à comunidade pesqueira. Entre elas está a implantação de consultório odontológico e laboratório de informática nas colônias de pescadores, a reforma da sede de pesca de Barra do Açu, reforma da escola, doação de equipamentos para a legalização de barcos (expedição de laudos), doação de sede para colônia de pescadores, diagnóstico de escolaridade e entrega de Kit navegação, com boias, coletes salva-vidas e bandeiras.
A LLX também está instalando um Entreposto Pesqueiro no distrito de Atafona, em São João da Barra. Desenvolvido em parceria com o Grupo EBX e com a Prefeitura Municipal de São João da Barra, o Entreposto irá oferecer infraestrutura e suporte às atividades pesqueiras da região, além de possibilitar o fornecimento de produtos com maior qualidade, agregar valor ao pescado e diminuir os custos da produção, melhorando as condições de comercialização. Com investimento de mais de R$ 2 milhões, a construção do Entreposto Pesqueiro foi iniciada em janeiro de 2012 e ocupará uma área de 3,1 mil m².
Outro programa realizado pela empresa é o ABC de Ensino, que possibilita que pescadores concluam o Ensino Fundamental I (antiga 4ª série). Para o primeiro semestre de 2012 estão matriculados 45 alunos, divididos em turmas iniciais e avançadas. O programa é equivalente ao supletivo e fornece certificado de conclusão. As aulas acontecem numa escola municipal em Atafona, próxima à sede da Colônia de Pescadores. A iniciativa é uma parceria da LLX Minas-Rio (empresa formada pela LLX e pela Anglo American), SESI e Prefeitura de São João da Barra.
Na área ambiental, a LLX desenvolve programas voltados à recuperação e preservação do meio ambiente, onde seus empreendimentos são instalados. No entorno do Superporto do Açu, a LLX criou, como medida socioambiental, em área própria de aproximadamente 40 km², a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de restinga do país. Isso garantirá não só a preservação de um importante ecossistema natural, como também dotará o crescimento urbano municipal de alto padrão de sustentabilidade e qualidade ambiental.
A LLX também mantém, em São João da Barra, um viveiro específico para espécies nativas de restinga, com capacidade para produção de 500 mil mudas/ano. As mudas são utilizadas para reflorestamento da área de restinga degradada antes do início da construção do Superporto do Açu. O projeto de recomposição prevê o plantio de mais de 10 milhões de mudas e, até o momento, já foram plantadas cerca de 100 mil. O viveiro institucional, como é conhecido, domina a técnica de produção e manejo de mais de 53 espécies de restingas, constituindo um marco para o conhecimento reprodutivo dessas espécies. Atualmente, o viveiro possui mais de 200 mil embalagens prontas e semeadas.
Em parceria com o Projeto Tamar (Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas), a LLX desenvolve um programa de monitoramento da desova de tartarugas marinhas em um trecho de 62 km de costa, entre Atafona e Barra do Furado. O monitoramento cumpre uma condicionante ambiental do licenciamento do porto e tem o objetivo de comparar os resultados obtidos antes, durante e após a conclusão da obra. Todos os dias, seis monitores, moradores locais treinados pelo TAMAR, percorrem um trecho de praia registrando qualquer ocorrência relativa às tartarugas marinhas.
As ocorrências reprodutivas (como desovas) são georreferenciadas e marcadas com estacas numeradas para identificar sua localização. O local da ocorrência também é registrado por meio de GPS. A empresa também instalou, dentro do Superporto do Açu, um Centro para Tratamento e Recuperação de Quelônios Marinhos.
A companhia também celebrou convênio com a Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro para a implantação de projetos visando à melhoria de tecnologia agrícola e geração de renda para o setor de agricultura. O convênio visa implantar na área agrícola, próxima ao Superporto do Açu, duas estufas de cultivo protegido. As estufas fazem parte do Plano de Investimento Social da Agricultura Familiar, já em andamento no 5º distrito de São João da Barra.
Além disso, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (CODIN) e a Prefeitura de São João da Barra, a LLX está construindo a Vila da Terra, modelo de assentamento rural realizado em São João da Barra. No local, 90 áreas estão sendo destinadas a famílias desapropriadas para a criação do Distrito Industrial de São João da Barra, em implantação no município pela CODIN. Para definir quais famílias seriam reassentadas na Vila da Terra, foram estabelecidos alguns critérios como ser residente no local e a propriedade ser menor que 10 hectares.
Construída na Fazenda Palacete, local indicado pelos próprios produtores rurais, a Vila da Terra conta com cerca de mil hectares. Do total de casas previstas, 36 já estão concluídas. Todas as casas são entregues com máquina de lavar, televisor, geladeira, fogão, computador, além dos móveis de sala, quartos e armários de cozinha.
Além disso, os moradores recebem as terras já preparadas para o cultivo, com o solo tratado e adubado, além de um pomar que está sendo preparado com 20 árvores frutíferas para consumo próprio. Até que a primeira colheita ou o primeiro pasto esteja pronto, os produtores rurais receberão um auxílio-produção por até 24 meses. O benefício já está sendo pago pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro desde julho de 2011.
A Vila da Terra foi desenvolvida de acordo com os padrões do Banco Mundial, referência internacional em reassentamento. Ela foi planejada com toda infraestrutura necessária ao pleno funcionamento, como ruas pavimentadas, quadra poliesportiva, centro comunitário, iluminação pública, rede de água e esgoto e centro comercial.
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