De acordo com levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), foram registradas 68 mil pessoas empregadas nos estaleiros brasileiros no primeiro semestre deste ano. O número representa a perda de 14 mil postos de trabalho em relação ao número de empregos registrados em dezembro de 2014, que totalizou 82.472 trabalhadores. É primeira queda na geração de empregos desde o início do novo ciclo de expansão da construção naval brasileira, iniciado em 2000. Esse é um dos principais indicadores de que o setor enfrenta desafios importantes. O maior deles é a crise da Petrobrás, que vem redefinindo investimentos, o que impactará novos pedidos de embarcações e plataformas. A construção naval para a produção de petróleo representa o maior volume de faturamento entre os principais estaleiros internacionais, e no Brasil é o segmento de mercado com maior volume de encomendas.
Segundo o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, a indústria da construção naval é um setor de ciclo longo de produção onde o planejamento é de quat
De acordo com levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), foram registradas 68 mil pessoas empregadas nos estaleiros brasileiros no primeiro semestre deste ano. O número representa a perda de 14 mil postos de trabalho em relação ao número de empregos registrados em dezembro de 2014, que totalizou 82.472 trabalhadores. É primeira queda na geração de empregos desde o início do novo ciclo de expansão da construção naval brasileira, iniciado em 2000. Esse é um dos principais indicadores de que o setor enfrenta desafios importantes. O maior deles é a crise da Petrobrás, que vem redefinindo investimentos, o que impactará novos pedidos de embarcações e plataformas. A construção naval para a produção de petróleo representa o maior volume de faturamento entre os principais estaleiros internacionais, e no Brasil é o segmento de mercado com maior volume de encomendas.
Segundo o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, a indústria da construção naval é um setor de ciclo longo de produção onde o planejamento é de quatro a cinco anos. A carteira de encomendas dos estaleiros para 2015 está parcialmente ocupada com a construção de plataformas de produção de petróleo, petroleiros, navios de apoio marítimo, embarcações para transporte fluvial, rebocadores portuários e navios-sonda, navios contêiner e graneleiros. As entregas estão previstas para até 2020. O problema é daqui para frente, tendo em vista as incertezas da economia. “Agora é o momento de definir o próximo ciclo de encomendas de forma a permitir que os estaleiros planejem a produção até 2025”, revela Rocha.
Do ponto de vista do mercado existe demanda firme por construção naval, na visão do presidente do Sinaval. Demanda que permanece aquecida nos segmentos de embarcações de transporte fluvial e de rebocadores portuários. “Existem questões que devem ser enfrentadas em relação à queda no preço do petróleo, que devem causar impacto no plano de negócios da Petrobrás para 2015 e os anos seguintes. O principal impacto deve ser na demanda por plataformas de produção de petróleo, já que as limitações de preços do petróleo e acesso a financiamentos podem provocar uma redução na demanda prevista”, avalia o executivo.
A carteira de encomendas dos estaleiros soma 279 contratos de construção naval, segundo o Cenário da Construção Naval do primeiro semestre, publicado pelo Sinaval. Em agosto foi entregue à Transpetro, subsidiária da Petrobras, o primeiro navio gaseiro de uma série de oito encomendados. Ainda este ano será entregue o primeiro navio-sonda construído no País. Contudo, o Plano de Negócios da Petrobras 2015-2019 revela redução geral da demanda, principalmente por plataformas de produção de petróleo. São sete cascos de plataformas em construção em estaleiros locais. Cinco contratos de construção de cascos foram transferidos para estaleiros da Ásia, de acordo com o Sinaval. Cinco novas plataformas estão previstas para licitação internacional até 2020. Outro problema a ser resolvido envolve os estaleiros que têm contratos com a Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela Petrobrás na exploração do pré-sal. Segundo foi divulgado, a empresa deixou de pagar aos estaleiros perto de R$ 2 bilhões e vive uma crise.
“Com certeza, teremos para os próximos anos grandes desafios”, afirma o diretor executivo da Wilson, Sons Estaleiros, Adalberto Souza. “Consideramos, porém, que é a hora de investimentos na construção naval, já que a valorização do dólar frente ao real deixa o setor mais competitivo. Nossa missão será trabalhar em aumento de produtividade para enfrentarmos o mercado que com certeza terá suas margens reduzidas.”
Um dos maiores projetos do país, a Sete Brasil está refém da crise da Petrobrás
A Sete Brasil foi criada como projeto da Petrobrás e do governo para construir numa só tacada 28 sondas para o pré-sal, no Brasil, com estaleiros igualmente criados para esse fim. A encomenda era de US$ 25 bilhões. Mas as dívidas desse investimento não ficariam no balanço da estatal, e sim no da Sete. A estatal é só minoritária, com 10%, direta e indiretamente, da Sete. A crise da empresa começou pela desistência do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) de financiar o projeto após ele já ter sido iniciado, colocando em dúvida os R$ 19 bilhões em investimentos já feitos pela Sete e pelos estaleiros que iniciaram a produção das sondas.
Controlada por diversos bancos e fundos, dos quais o BTG Pactual é o maior, com 30%, seguido por Bradesco e Santander, a Sete Brasil já encontrou algumas saídas - US$ 4 bilhões em dívidas novas e R$ 1,9 bilhão em aporte de capital por uma companhia internacional do ramo, que operaria dez sondas - dentro do novo projeto operacional para reestruturação. Mas não consegue avançar porque não obtém na Petrobrás a assinatura do acordo definitivo e documentado para essa nova Sete.
O acordo operacional revisado mantém as condições das licitações de 2011 e 2012, mas reduz a encomenda a 19 sondas, sendo que só 15 ficarão com a Sete. Como compensação, a holding também operará cinco dessas unidades, em joint-venture com empresa internacional do setor. A empresa tinha conseguido do presidente da companhia, Aldemir Bendine, um aval e um acordo sobre o modelo a ser implementado na reestruturação da empresa. No entanto, depois disso, a Sete não conseguiu mais dialogar com as áreas dentro da companhia que deveriam produzir esse acordo para submetê-lo às instâncias superiores, ou mesmo conversar com a diretoria da estatal.
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