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Revista GC - Ed.70 - Junho 2016
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Rental sobrevivendo no mercado em crise

Executivos do setor fazem uma análise do mercado e sugerem medidas para que as empresas consigam superar o momento turbulento

Setor de Rental, composto por mais de 10 mil empresas, busca saídas para superar a crise, reduzindo custos e abrindo novos mercados

Um dos setores mais impactados pela recente crise brasileira tem sido o de rental, principalmente as empresas que atuam como locadoras de equipamentos para a construção civil.  Estudos da Analoc – Associação Nacional dos Sindileq´s e das entidades estaduais dos locadores de equipamentos” , apontam  a existência de 10 mil empresas locadoras ou Rental , sendo 6.500 da linha leve, 2.500 da linha amarela e 1.000 empresas dos setores de guindastes, plataformas e geradores.

Segundo Renato Botelho, presidente do Grupo Orguel, a crise pegou em cheio as empresas, como todos os segmentos econômicos do país, o que obrigou as empresas a se “reinventar”. Para ele, momentos instáveis como os de hoje são boas oportunidades de fazer mudanças internas estruturantes que já se mostravam necessárias, mas que em períodos de crescimento não recebiam a devida importância.

“É difícil quantificar quantas


Setor de Rental, composto por mais de 10 mil empresas, busca saídas para superar a crise, reduzindo custos e abrindo novos mercados

Um dos setores mais impactados pela recente crise brasileira tem sido o de rental, principalmente as empresas que atuam como locadoras de equipamentos para a construção civil.  Estudos da Analoc – Associação Nacional dos Sindileq´s e das entidades estaduais dos locadores de equipamentos” , apontam  a existência de 10 mil empresas locadoras ou Rental , sendo 6.500 da linha leve, 2.500 da linha amarela e 1.000 empresas dos setores de guindastes, plataformas e geradores.

Segundo Renato Botelho, presidente do Grupo Orguel, a crise pegou em cheio as empresas, como todos os segmentos econômicos do país, o que obrigou as empresas a se “reinventar”. Para ele, momentos instáveis como os de hoje são boas oportunidades de fazer mudanças internas estruturantes que já se mostravam necessárias, mas que em períodos de crescimento não recebiam a devida importância.

“É difícil quantificar quantas empresas fecharam, mas sabemos que isso aconteceu. Aqueles que estão no mercado precisaram se readequar a novas realidades, revendo sua atuação territorial, reduzindo custos, buscando abrir novos mercados e adotando estratégias diferentes para manter ou até mesmo aumentar o share”, destaca Botelho.

O executivo acredita que buscar novos nichos de atuação se tornou uma necessidade e uma estratégia de sobrevivência. “A nossa estratégia gira em torno disso. Nos últimos anos, o Grupo Orguel vem passando por uma grande transformação, que tem garantido sua sobrevivência até hoje, e colocará a companhia como a melhor empresa de locação de equipamentos do país até 2020. Neste contexto, algumas ações que estão sendo adotadas vão muito além da simples prática de uma nova política de preços. Entre elas estão a abertura ao capital estrangeiro, o forte movimento de integração das empresas do Grupo em uma só marca, a unificação do portfólio de vendas para aumentar a participação no mercado, a abertura de novos mercados e a segmentação da atuação nos setores de edificação, infraestrutura e indústria”, informa Botelho.

Aproveitar os ativos ociosos para abrir novos mercados é uma boa medida para reverter um quadro de ociosidade, além de ser também uma oportunidade para reavaliar o portfólio e, se for o caso, vender alguns equipamentos. “É uma alternativa de receita adicional que pode ajudar a aliviar o caixa no curto prazo”, diz ele que se mostra otimista com respeito à recuperação do mercado. “Sabemos que a crise vai passar. Não sabemos como ou quando, mas uma empresa que tem uma expectativa de vida longa, como é o nosso caso, não pode deixar a crise se tornar um fator determinante. Como diz o ditado, “é fazer do limão uma limonada”. A meta do Projeto Grupo Orguel 2020 é mais do que dobrar o faturamento da empresa nos próximos cinco anos”, informa. Com humildade, Botelho passa sua receita para as empresas passarem pela crise: adequar a estrutura de custo à realidade do momento, sem perder de vista o crescimento: aproveitar a crise para “olhar para dentro” e se reinventar, provocando mudanças que não poderiam ser feitas em momentos de crescimento ou estabilidade. “Otimizar custos, aumentar a produtividade, melhorar o atendimento para manter o mercado e rever o portfólio para abrir novos mercados”, finaliza.

Vantagens do rental

A Inovar Locações, rede de locações de máquinas e equipamentos para construção civil, realizou um levantamento que mostra que locar equipamentos pode gerar uma economia de mais de 12% nos custos de uma obra. Segundo Mauricio Crivelin, presidente da rede,“em uma obra de pequeno ou médio porte, com aproximadamente 500 m2, o valor dos equipamentos de uso para a construção representam menos de 1% do custo total, já para compra, isso pode ser 12 vezes maior”

Para obras com que ultrapassam o investimento de R$ 500.000,00, o percentual de locação de equipamentos no custo final é menor de 0,5%, enquanto a compra dos mesmos equipamentos, por exemplo, pode chegar a 12,25% dos custos, tornando-se inviável. Em países como os Estados Unidos, a locação de equipamentos chega a ser 18 vezes maior que no Brasil. É comum ver a população alugar máquinas e equipamentos até para reparos menores, como por exemplo, para aparar o jardim de suas casas.

A Inovar Locações diante desse cenário, mesmo com o momento de recessão enxerga oportunidades de crescimento nos próximos três anos. A rede possui atualmente 39 unidades e espera chegar a 200 unidades até 2018.

Para Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, em que pese a importância estratégia do segmento de Rental ao país, uma vez que ele é um dos principais  apoios para  suportar o volume de obras de infraestrutura que o país precisa,  o segmento ainda precisa amadurecer e se fortalecer. “Em épocas como essa, em um mercado mais maduro, uma leitura mais objetiva sobre o futuro já teria ocorrido entre 2013 e 2014, permitindo adotar ações prévias como cortar investimentos, realizar fusões e evitar perdas com vendas abaixo do valor. Este teria sido um caminho natural”, diz ele. Mas ao contrário, segundo ele, as ações foram lentas, o que levou muitas empresas à condição de inadimplência. “Com estrutura subutilizada, ociosidade e improdutividade ficaram evidentes.  Somente após uma forte percepção desses fatos é que as empresas se posicionaram realizando cortes nos custos, demissões, vendas de ativo e redução nos preços, impostos pelo mercado. A sobrevivência das empresas está sendo muito difícil. Muitas não aguentaram esperar a retomada, que ainda não chegou”, destacou ele. Daniel acha difícil uma movimentação das empresas para buscar novos mercados.  “O mercado de linha amarela está consolidado em várias regiões do país, o que dificulta o surgimento de novos nichos de atuação. A paralisação das grandes obras aumentou a oferta de máquinas. A agricultura, que poderia ser uma opção, possui uma dinâmica diferente. Além do fato desse mercado ter condição própria de investimentos, até em melhores condições”, explica o executivo líder da Escad, uma das principais empresas de rental.

Para enfrentar a nova realidade, foi preciso que as empresas praticassem uma nova política de preços. “O mercado rapidamente impôs novas condições e preços, inviabilizando novos investimentos e promovendo uma destruição dos ativos do estoque de cada locador, ou seja, obrigando-os a operar com preço abaixo do custo. A seu ver, o maior impacto dos custos para um locador ocorre sobre a manutenção e a mão de obra, pois são poucas as opções de manobra e a redução dos custos por se reverter em queda da qualidade.

Para Eurimilson Daniel, as empresas devem aguardar uma retomada, desde que a frota esteja alinhada com a expectativa da recuperação, evitando-se ao máximo possível a venda abaixo do valor. Se for necessário, que se venda a frota com a menor possibilidade operacional, segundo a avaliação de cada empresa. “É avaliar o custo da ociosidade e os juros a serem pagos, para assim tomar uma decisão sem medo”.

Para Arthur Lavieri, o CEO da Solaris Brasil, a situação pode ser considerada ainda mais crítica para muitas empresas. “Acho que a palavra “sobrevivendo” é adequada para muitas empresas. Para outras, o termo adequado é “agonizando”. Segundo ele, o mercado de rental tem sofrido muito com a queda da economia, especialmente nos segmentos de construção e indústria. “As empresas que perceberam este movimento, a partir dos sinais na segunda metade de 2014, e se prepararam, têm conseguido manter o nível adequado de serviço a seus clientes, mesmo depois de uma forte adequação da estrutura de custos”, diz ele.

Segundo Lavieri, várias empresas de pequeno porte estão fechando. Dependendo da aplicação do equipamento e seu segmento econômico, segundo ele, o mercado de rental está enfrentando quedas de demanda que oscilam entre 40% e 90% desde 2015. Aquelas empresas que deixaram para fazer os ajustes necessários em 2016 não têm conseguido salvar o negócio. “Existe hoje uma conjunção de fatores muito negativos: incerteza política e econômica, queda muito forte da demanda por projetos de média e longa duração, aumento da inadimplência, e aumento dos custos de peças de reposição, além da diminuição da oferta de crédito por parte dos bancos”.

Na opinião de Lavieri, nem todos os segmentos econômicos caíram no Brasil. “O agronegócio continua crescendo, mesmo que lentamente, e as empresas exportadoras receberam um novo alento, com o nível cambial atual. “No nosso caso, por exemplo, entramos em novos segmentos no Centro-Oeste e no Norte do país, neste ano. Além disso, estamos apresentando novos equipamentos e tecnologias mais produtivas a clientes tradicionais, substituindo práticas antigas e ampliando nossos negócios”.

Com preços baixando desde 2014, os mercados tem sido muito pressionados e atingiram um limite perigoso, diz o executivo, lembrando que as máquinas são ferramentas não somente de produtividade como de segurança também. “Aqueles que comprometem a  manutenção em função de baixas receitas já deveriam ter saído do mercado. Em outras palavras, ou os custos se adequam aos novos níveis de preços ou é melhor parar de operar”.

E o que fazer com a frota ociosa? Para Lavieri, o jeito é cuidar bem dela, e buscar aplicações em novos segmentos ou mesmo em outros países. Outra opção, já seguida por muitos, é vender parte da frota para países da Ásia e Europa, que são mercados compradores de boas máquinas usadas. “Tristemente, no entanto, temos visto o oposto. Frotas em processo de sucateamento acelerado no Brasil. Este é um caminho sem volta e que acabará com muitas empresas”. Para  Lavieri, somente as empresas que fizerem a lição de casa estarão preparadas para a retomada do mercado. “Haverá uma depuração em todos os segmentos. Falências, fusões, abandono de certos mercados e geografias, etc. “Do lado da demanda, acredito que 2018 será marcado pela inflexão na curva da demanda. Os projetos e necessidade represados necessitarão de equipamentos e bons serviços para tentar compensar um pouco o tempo perdido. Talvez em 2020 retomemos o nível de investimento de 2012.

Alisson Daniel, do Grupo Jovem da Sobratema, e diretor da Escad, destaca que nos últimos anos ocorreu um forte fluxo de investimentos no mercado de máquinas “não só por empresas do ramo, que naturalmente cresceram, mas também por empreendedores interessados em diversificar, que vislumbraram uma nova opção interessante de negócio”.  No entanto, devido à falta de uma base profissionalizada ou conhecimento suficiente para operar no ramo, muitas dessas empresas seguiram rumos e metodologias de locação baseados em simples tendências, ou em pequena avaliação financeira da relação investimento x retorno. E ressalta: “Sem uma avaliação correta sobre riscos, custos e impactos na receita, elas se prejudicavam e perdiam dinheiro, criando um alinhamento disforme e sem padronizações no mercado de rental”, diz.  Como consequência, esse desequilíbrio gerou um legado de dissolução de várias empresas e de falta de metodologias. “As únicas referências aplicadas hoje para contratação estão baseadas no menor preço a todo custo, relação concorrencial destrutiva e predatória”, alerta.

 

 

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