A topografia, a extensão geográfica e o clima tropical colocam o Brasil em posição estratégica para produção e autoabastecimento de energia pelo proveito de seus recursos naturais, como água, sol, vento e biomassa. Porém, até bem pouco tempo atrás, o suprimento elétrico era provido apenas do aproveitamento da força dos rios. Tanto que, atualmente, mais de 80% do Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) é produzido pelas usinas hidrelétricas. Tal dependência evidenciou um grave problema: a queda no índice de chuvas que ocorre anualmente no segundo semestre derruba a capacidade anual de produção para menos da metade do total, deixando o sistema vulnerável nesse período.
A necessidade de começar a investir em outros tipos de matrizes de energia para complementar a distribuição elétrica no País fez o governo colocar em prática, em 2004, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Desde então, novos empreendimentos têm sido projetados com a utilização dos ventos (que têm sua intensidade aumentada no segundo semestre), de produtos à base de
A topografia, a extensão geográfica e o clima tropical colocam o Brasil em posição estratégica para produção e autoabastecimento de energia pelo proveito de seus recursos naturais, como água, sol, vento e biomassa. Porém, até bem pouco tempo atrás, o suprimento elétrico era provido apenas do aproveitamento da força dos rios. Tanto que, atualmente, mais de 80% do Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) é produzido pelas usinas hidrelétricas. Tal dependência evidenciou um grave problema: a queda no índice de chuvas que ocorre anualmente no segundo semestre derruba a capacidade anual de produção para menos da metade do total, deixando o sistema vulnerável nesse período.
A necessidade de começar a investir em outros tipos de matrizes de energia para complementar a distribuição elétrica no País fez o governo colocar em prática, em 2004, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Desde então, novos empreendimentos têm sido projetados com a utilização dos ventos (que têm sua intensidade aumentada no segundo semestre), de produtos à base de biomassa e da construção de pequenas centrais elétricas (PCHs). Até o final de 2010, estima-se que 68 empreendimentos entrarão em operação pelo Proinfa, o que representa a inserção de mais 1.591,77 MW no SIN. Serão mais 23 PCHs (414,30 MW), duas usinas de biomassa (66,50 MW) e 43 usinas eólicas (1.110,97 MW).
Ventos da mudança
O Brasil está numa classificação entre 25º e 28º no ranking mundial da energia eólica, com uma potência instalada de 370 MW. O maior parque do mundo são os Estados Unidos, com uma potência instalada de 25,700 mil MW, que equivale a duas Itaipus.
Para Lauro Fiúza Jr., presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), existiram duas etapas de introdução da energia eólica no País. “A primeira e grande experiência veio com o Proinfa e os parques construídos e entregues no Ceará. A segunda foi o leilão ocorrido em dezembro de 2009, no qual os negócios totais somaram R$19,5 bilhões”, diz. Pelo leilão, foram contratados 1.805,7 MW, a um preço médio de venda de R$ 148,39/MWh. Em relação ao preço inicial do leilão, de R$ 189/MWh, o preço médio final representou um deságio de 21,49%.
A questão financeira sempre foi o principal entrave para o investimento em parques eólicos, já que, ambientalmente, o parque eólico é o que menos impacto provoca, a não ser o visual. No entanto, a necessidade mundial em se investir em energias limpas e renováveis ampliou o número de empresas a construir materiais necessários para a implementação da matriz eólica. “Foi a energia que mais cresceu nos últimos seis anos no mundo todo. O crescimento em 2009 foi de 31%, sendo que o segundo lugar ficou com as usinas de carvão, em um crescimento de 5,6%”, compara Fiúza.
Os recentes incentivos fiscais concedidos pelo governo brasileiro também estão contribuindo para o interesse de mais multinacionais instalarem fábricas no Brasil para a construção das torres metálicas, das pás e dos aerogeradores e para os planos de expansão no setor. “Com a queda nos preços, a energia eólica tornou-se a segunda forma de energia mais barata no Brasil, só perdendo para as hidrelétricas. A fase de juventude foi superada e uma fase mais madura está sendo constituída atualmente, fincada no tripé de preços competitivos, possibilidade de energia complementar ao Sistema e energia limpa e renovável”, afirma Fiúza.
A costa brasileira tem as condições ideais para a construção de parques eólicos. Pelo Proinfa, estão sendo construídos e finalizados parques na Bahia, no Ceará, em Pernambuco, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte e em Santa Catarina. Em pouco mais de três anos, de apenas 22 MW de energia eólica instalada, o Brasil saltou para os atuais 414 MW instalados, segundo dados do Programa.
Competição
No primeiro semestre deste ano, o governo federal realizará um leilão de fontes alternativas voltado para a contratação de eólicas, biomassa e PCHs. Está previsto ainda, já no segundo semestre, um leilão que contratará energia para suprir o mercado no ano de 2015, e que será aberto à participação da energia eólica. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a prorrogação veio a pedido dos próprios participantes, que alegam precisar de mais tempo para atender às novas exigências e tornarem seus projetos mais competitivos. O prazo maior permitirá que os projetos sejam revisados, que ampliem sua base de dados de medição dos ventos, dando maior segurança aos investidores e aumentando as suas respectivas competitividades no leilão.
Entre as novas exigências está o georreferenciamento da planta feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que nada mais é do que definir forma, dimensão e localização exata da área onde o parque eólico foi projetado por levantamento topográfico. A medida pretende evitar casos como o impasse entre a usina de Miassaba III (50,4 MW) e Alegria II (100,8 MW): o primeiro foi um dos vencedores do leilão passado, enquanto o segundo foi contratado em 2004 pelo Proinfa.
No início de abril, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a adjudicação da eólica Miassaba III ao consórcio Miassaba Geradora Eólica S/A. A empresa New Energy, responsável pela implantação da usina Alegria II, solicitou a mudança de localização desse empreendimento, em Guamaré, no Rio Grande do Norte (a 165 km de Natal), com intuito de eliminar a sobreposição das áreas destinadas à implantação das usinas. O novo local de instalação é respaldado pelas licenças emitidas pelo órgão ambiental do estado potiguar, que demonstram serem áreas independentes.
Alegria I e II
O Alegria II é par do empreendimento Alegria I, com data de conclusão prevista para 31 de agosto de 2010. O início das obras ocorreu em 2008, e, atualmente, encontra-se 44% concluído. O parque tem capacidade para gerar 51 MW – o suficiente para abastecer uma cidade de 150 mil habitantes – e evitará a emissão de cerca de 115 mil t de CO2 na atmosfera. Toda energia gerada no Brasil integra-se ao SIN, e não apenas à região de Guamaré (que tem quase 12 mil habitantes).
Orçado em R$ 293 milhões, o parque Alegria I será um dos maiores empreendimentos no País a ficar pronto. São, ao todo, 60 aerogeradores de 850 kW, provindos da empresa dinamarquesa Vestas, líder mundial em tecnologia para geração de energia eólica. De acordo com a multinacional, foi o segundo projeto brasileiro atendido pela companhia.
As duas usinas são empreendimentos controlados pela Multiner, companhia nacional de geração de energia elétrica que também tem projetos de origem hidráulica e térmica. A escolha da localização das usinas é extremamente estratégica, uma vez que a região tem um dos melhores regimes de ventos do País, com média anual que excede 8,5 metros/segundo.
Em 15 de outubro daquele ano, a New Energy Options – empresa subsidiária da Multiner – assinou com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) um financiamento de R$ 250 milhões para a Usina Eólica de Alegria I.
O financiamento de R$ 398 milhões para a Usina de Alegria II, o segundo empreendimento do mesmo Complexo Eólico, já se encontra também em estágio avançado de negociação com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Os “coqueiros elétricos”, como o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, apelidou os aerogeradores, são formados por torres (que variam, normalmente, de 44 m a 74 m), pás, rotor, gerador, caixa de velocidades, gerador e controles.
Nos dias 27 de novembro e 1 de dezembro do ano passado, foram desembarcados no porto de Suape, em Pernambuco, 31 aerogeradores para o parque eólico de Alegria I. Em 19 de dezembro foram desembarcados 61 aerogeradores para a usina de Alegria II.
A corrida dos ventos
O Rio Grande do Norte vem recebendo investimentos crescentes no setor de energia eólica e já ultrapassou o Ceará na disponibilidade de geração de energia nos leilões eólicos, aponta o secretário. A corrida dos ventos vem atraindo grupos fortes, dispostos a investir no setor, mas que ainda tem pontos que podem ser melhorados. A maior carência no Rio Grande do Norte são as linhas de transmissão que coletem a energia e a integra ao SIM. Naquele estado, o parque do Rio do Fogo é o mais rentável e foi implementado pelo grupo Iberdrola, empresa gestora da Cosern.
Atualmente, o ranking brasileiro na geração de energia é liderado pelo Rio Grande do Norte, seguido de Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul.
Atualmente, a capacidade de geração de energia do Rio Grande do Norte é de 600 MW de demanda média, com expectativa de aumento com a entrada de outras empresas. Com Alegria I e II e os parques eólicos em Guamaré será possível atingir o dobro da capacidade necessária no estado. Em 2013, serão entregues mais de 1.310 MW de energia gerada, que corresponde ao dobro do consumo, usando as fontes térmicas e o gás natural da Termoaçu, a Usina Termelétrica do Vale do Açu, localizada no Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte.
Certa vez, brincando sobre o potencial de geração de energia eólica no estado a ex-ministra Dilma Rousseff disse: “o Rio Grande do Norte é o Pré-Sal dos ventos”.
Logística complexa
Vistoria inicial, plano de rigging, transporte, içamentos e montagens. Essas são algumas das etapas da complexa operação de logística estruturada para a montagem de um parque eólico, com suas grandes torres e hélices, geralmente em locais de difícil acesso. No Brasil, uma das empresas que se especializou nessas operações envolvendo movimentação de cargas, gestão no desenvolvimento de projetos, com um patamar de excelência resultante de investimentos em tecnologia e de mão de obra, foi a Makro Engenharia.
Com a equipe da divisão Heavy Lift, especializada em movimentação de cargas superpesadas, a Makro Engenharia atua fortemente no segmento de energias renováveis, realizando a montagem de parques eólicos no Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, em parceria com as maiores empresas do segmento em operação no País.
Exemplo dessa atuação foi a implantação do Parque Eólico de Rio do Fogo (RN), para a Wobben Wind Power, subsidiária do grupo alemão Enercon, parceira com a Petrobras. A Makro esteve presente também na movimentação de cargas e na manutenção dos sites nas localidades de Taiba e Prainha (CE), fazendo uso de guindastes telescópicos com capacidade de 100 t a 550 t.
Além disso, realizou a implantação de parque eólico em Parnaíba (PI), montando torres com altura de 80 m. Juntamente com a empresa Indiana Suzlon Energy, transportou uma das maiores pás já manuseadas no país (44 m) e nacelles, com peso de até 80 t. Para isso, utilizou conjuntos de linhas de eixo, em um trajeto que partiu do Porto do Mucuripe (Fortaleza-CE) até o pátio de estocagem (Caucaia-CE). Além disso, executou todo o processo de descarregamento e logística da empresa.
Para o parque eólico Praia de Parajuru, em Beberibe (CE), a Makro Engenharia, contratada pela IMPSA no Brasil, disponibilizou guindastes sobre esteiras e telescópicos, além de equipamentos auxiliares e de transportes especiais.
De acordo com os executivos da empresa de engenharia, as dificuldades enfrentadas nas operações vão desde a liberação e nacionalização dos equipamentos e peças no porto até o transporte a longas distâncias para os parques eólicos. Fatores naturais, como as rajadas de vento e chuvas contínuas, elevam o grau de dificuldade nas operações de transporte.
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