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Revista GC - Ed.28 - Julho 2012
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Construção Mista

Prédio misto e politicamente correto

O prédio-sede da Teckma Engenharia foi projetado a partir de modernos conceitos de sustentabilidade e redução dos impactos ambientais e sociais.

Com cinco pavimentos e dois subsolos, ocupando terreno de 1000 m² na Avenida Paes de Barros, no Parque da Mooca, Zona Leste de São Paulo (SP), ele foi concebido seguindo um caminho inverso da maioria dos prédios conceituais. Geralmente, esses prédios nascem da imaginação de arquitetos, cabendo aos engenheiros o desafio de tornar o sonho realidade. Nesse caso, o edifício ganhou forma, primeiramente, nos sonhos do engenheiro, Fábio Barione, diretor e fundador da Teckma, e tornou-se real pelas mãos da arquiteta Andréa Gonzaga.

O primeiro pressuposto definido por Barione era garantir, para si e para os funcionários da empresa, um espaço confortável, agradável e funcional, priorizando a qualidade de vida. O prédio deveria, ainda, colaborar com a preservação do meio ambiente, enfatizando aspectos culturais brasileiros e de uma convivência mais harmônica do homem nas grandes cidades. A partir dessas premissas básicas, Andréa Gonzaga tinha como desafio elaborar um projeto que assegurasse rapidez e menor custo de construção, facilidade de manutenção, aliando a isso bem-estar, conforto térmico,


Com cinco pavimentos e dois subsolos, ocupando terreno de 1000 m² na Avenida Paes de Barros, no Parque da Mooca, Zona Leste de São Paulo (SP), ele foi concebido seguindo um caminho inverso da maioria dos prédios conceituais. Geralmente, esses prédios nascem da imaginação de arquitetos, cabendo aos engenheiros o desafio de tornar o sonho realidade. Nesse caso, o edifício ganhou forma, primeiramente, nos sonhos do engenheiro, Fábio Barione, diretor e fundador da Teckma, e tornou-se real pelas mãos da arquiteta Andréa Gonzaga.

O primeiro pressuposto definido por Barione era garantir, para si e para os funcionários da empresa, um espaço confortável, agradável e funcional, priorizando a qualidade de vida. O prédio deveria, ainda, colaborar com a preservação do meio ambiente, enfatizando aspectos culturais brasileiros e de uma convivência mais harmônica do homem nas grandes cidades. A partir dessas premissas básicas, Andréa Gonzaga tinha como desafio elaborar um projeto que assegurasse rapidez e menor custo de construção, facilidade de manutenção, aliando a isso bem-estar, conforto térmico, lumínico e acústico.

“Foi quase um ano de estudos. Já na primeira reunião, deixei claro que queria um projeto que identificasse o prédio como sede de uma empresa de engenharia, sem que precisássemos colocar um logotipo na fachada. Eu queria pisos grandes com muitos vãos-livres, queria um projeto que me permitisse trabalhar com as luzes apagadas na maior parte do dia, e que não me tornasse dependente do ar-condicionado, nos dias mais quentes. Queria, ainda, um prédio bonito e diferente, e um ambiente silencioso para trabalhar. A ideia era aproveitar todos os conceitos de green building que a gente conhece, e, é lógico, tentar agregar o máximo de valor sem assumir custos extremamente elevados. A solução para isso era usar toda a tecnologia que a gente conhecia”, conta Barione.

A primeira definição, em termos de métodos construtivos, foi a utilização de estruturas metálicas. Barione explica que, embora isso representasse um investimento inicial maior, em relação à estrutura convencional, em concreto, a opção pelas estruturas metálicas assegurou rapidez na execução da obra, o que se traduziu em economia. “Para se ter uma ideia, nós levantamos toda a estrutura do prédio em 40 dias. A partir do momento em que o terreno foi limpo, toda a obra foi executada em apenas 10 meses”, calcula.

Além da economia de tempo a estrutura metálica evitou o corte de mais de 50 árvores, que forneceriam madeira para formas de concreto.

Havia ainda uma razão conceitual para a escolha: “A estrutura metálica me permitiu agregar tecnologia e modernidade à construção e essa era uma mensagem que eu queria passar com a imagem do prédio”, admite Barione.

Aliadas às vantagens da estrutura metálica, adotou-se os conceitos da construção industrializada, com o emprego de estruturas pré-fabricadas de concreto. O engenheiro calcula que isso gerou uma redução de mais de 50 t de entulho.

Barione optou por manter as vigas metálicas aparentes, tanto na fachada quanto no interior do prédio, obedecendo à orientação de ter todas as instalações visíveis, dentro do conceito de um prédio de engenharia. Isso se aplicou também às lajes pré-fabricadas. “Eu queria que aparecessem os frisos das lajes. O pessoal da construtora está acostumado a fazer, mas sem se preocupar se os frisos vão ficar alinhados. Eu exigi que as barras fossem montadas com medidor de nível a laser”, orgulha-se.

Luz natural e pouco calor

Apesar da aparência esbelta, o prédio, cujo cálculo estrutural foi feito pelo engenheiro Júlio Kurkdjian, professor da Universidade de São Paulo (USP), foi projetado para crescer mais três andares. “Com o ambiente que nós temos hoje, sem quebrar nenhum conceito, esse prédio está dimensionado para 200 pessoas. Há várias áreas de expansão”, diz Barione. O calculista fez um estudo detalhado, projetando vigas de bitola mais estreitas, vigas secundárias e contraventagem. Isso deu muita leveza à fachada.

Essa sensação de leveza foi reforçada pela utilização do vidro como revestimento principal do edifício, uma sugestão do consultor especialista em fachada, André Meyer. Optou-se pela utilização de vidros especiais, do tipo SunGuard, produzidos pela Guardian, da Carolina do Norte, Estados Unidos, que bloqueiam mais de 65% do calor externo sem perda da qualidade óptica, assegurando economia de 40% nos gastos de energia com ar-condicionado e mais 20% de aproveitamento da luz natural. Tudo isso resultou em economia de 1.200 KWH de energia elétrica por ano, ou o equivalente a R$ 50 mil/ano.

André Meyer recomendou ainda a instalação de brises. “Na face norte do prédio, onde bate o sol da manhã, eu queria garantir a entrada de claridade, mas não queria que os raios do sol entrassem direto, nem queria usar cortina”. Para isso, André Meyer projetou os brises, que são essas pranchas fixadas nas laterais do prédio, que permitem a entrada de 100% de luz. Controladores da incidência de raios solares, eles aumentam o conforto e diminuem em 10% a necessidade de ar-condicionado.

Placas de poliestireno expandido, instaladas na cobertura, impedem que a radiação do calor da laje do último piso passe para o interior do edifício, ajudando a resfriar os ambientes.

Foram projetadas escadas com dimensões amplas, de fácil acesso, para desestimular o uso de elevadores. E para incentivar o uso de bicicletas pelos funcionários, no prédio há um estacionamento reservado para elas. O projeto previu ainda um sistema de captação e filtragem de águas de chuva, que abastece um reservatório de 50m3 instalado no subsolo. Apenas uma hora de chuva média fornece água por 10 dias para as descargas nos banheiros e os serviços de limpeza e jardinagem.

Com cara de Brasil

Buscando tornar o ambiente ainda mais agradável e, ao mesmo tempo, permitir o contato com um pouco da flora brasileira, Fábio Barione determinou que o paisagismo fosse elaborado tendo como referência espécies de árvores nativas, raras nas grandes cidades, como o pau-brasil, ipê roxo e ipê amarelo.

O engenheiro afirma que cada item do projeto foi analisado sob o ponto de vista funcional, mas também de redução de custos. “Teve coisa que eu não consegui fazer, mas porque me convenci de que não era viável financeiramente, e que não era fundamental para a conclusão do projeto”, afirma. Apesar disso, ele reconhece, orgulhoso, que o empreendimento qualifica a Teckma para desenvolvimento de outros projetos com o mesmo foco na sustentabilidade, para clientes.

 

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