Depois de ter anunciado, em abril de 2009, a decisão de “desacelerar” o projeto Onça Puma, adiando sua inauguração em pelo menos um ano, alegando ajustar a produção de níquel à demanda do mercado e ao cenário recessivo global, a Companhia Vale do Rio Doce voltou atrás na decisão e já fala em retomar o empreendimento com força total. Em seu orçamento para investimentos em 2010, a empresa informa que deverá investir R$ 969 milhões nas obras civis e montagens eletromecânicas, de forma a concluir os trabalhos em 2010 e tornar o complexo operacional já em 2011. Atualmente, as obras encontram-se com mais de 60% de avanço físico. A enorme estrutura da planta de extração de beneficiamento do minério já alterou o cenário da região.
Trata- se de um dos maiores e mais importantes empreendimentos na área de mineração e metalurgia no Brasil, com orçamento de nada menos que US$ 2,3 bilhões. Localizado entre as serras do Onça e do Puma, que se estendem pelos municípios paraenses de Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Parauapebas, no sudeste do Pará, o megaprojeto tem como objeti
Depois de ter anunciado, em abril de 2009, a decisão de “desacelerar” o projeto Onça Puma, adiando sua inauguração em pelo menos um ano, alegando ajustar a produção de níquel à demanda do mercado e ao cenário recessivo global, a Companhia Vale do Rio Doce voltou atrás na decisão e já fala em retomar o empreendimento com força total. Em seu orçamento para investimentos em 2010, a empresa informa que deverá investir R$ 969 milhões nas obras civis e montagens eletromecânicas, de forma a concluir os trabalhos em 2010 e tornar o complexo operacional já em 2011. Atualmente, as obras encontram-se com mais de 60% de avanço físico. A enorme estrutura da planta de extração de beneficiamento do minério já alterou o cenário da região.
Trata- se de um dos maiores e mais importantes empreendimentos na área de mineração e metalurgia no Brasil, com orçamento de nada menos que US$ 2,3 bilhões. Localizado entre as serras do Onça e do Puma, que se estendem pelos municípios paraenses de Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Parauapebas, no sudeste do Pará, o megaprojeto tem como objetivo a extração e o beneficiamento de níquel laterítico. As metas da Vale não são nada modestas. Com Onça Puma, a empresa pretende tornar-se, num horizonte bem próximo, a maior produtora de níquel do mundo, colocando o Brasil entre os maiores players no fornecimento desta commodity estratégica.
Os números do projeto permitem sonhar alto. A reserva de minério que alimentará a planta piro-metalúrgica é de aproximadamente 100 milhões t de minério saprolítico, com teor médio de níquel de 1,72%. A capacidade nominal de produção de níquel contido em ferro-níquel, seu produto final, é de 58 mil t métricas/ano. O tempo de vida da mina é calculado em 40 anos. A produção final da mina será de 2,54 Mtpa, partindo de 1,5 Mtpa no primeiro ano de operação, alcançando a capacidade nominal após 24 meses de operação. A mina será a céu aberto, com lavra em flanco e bancos de 3 m de altura.
A usina de beneficiamento da Unidade Operacional Onça Puma fará uso da tecnologia RKEF – Rotary Kiln Electric Furnace (calcinador rotativo e forno elétrico). No processo piro-metalúrgico será utilizada uma combinação homogênea de diferentes classes de minérios, a fim de garantir uma relação otimizada dos teores de magnésio e sílica contidos.
Depois de britado, o minério passa por um processo de secagem e despoeiramento para, finalmente, sofrer redução e fusão em fornos de calcinação e elétricos, com saída do ferro-níquel como produto final.
O escoamento da produção será feito, primeiramente, por via rodoviária, partindo de Ourilândia pela PA-279 e depois pelas PA-150 e PA-275 até Parauapebas. Deste ponto, o minério seguirá pela Estrada de Ferro Carajás até o porto de São Luís. De lá o produto será embarcado, dentro de contêineres, seguindo de navio com destino aos clientes.
Serão utilizados 83 equipamentos de carga, transporte e apoio para a mina, que já foram adquiridos.
Grande demanda por equipamentos e serviços
As obras foram iniciadas em 2006 com previsão de término para o primeiro trimestre de 2009, até sofrer os efeitos da crise mundial da economia. A expectativa é de que as atividades para a construção do complexo gerem cerca de 4.500 empregos diretos, chegando a 8.000, no pico das obras, das diversas empresas prestadoras de serviços. A Vale não informa quando isso deverá acontecer, alegando haver pendências no licenciamento ambiental para o prosseguimento das obras.
Para os serviços de Engenharia, Suprimentos e Gerenciamento de Construção, na modalidade EPCM, foi contratada a Progen, que constituiu joint venture com a empresa canadense Hatch, especializada em detalhamento de engenharia, e de processos, tecnologias, consultoria empresarial e serviços de gerenciamento de projeto e construção para os setores de Mineração e Metais.
Para a Montagem Eletromecânica foi contratada a MIP Engenharia. O escopo do contrato inclui a montagem mecânica de transportadores; da estrutura metálica; caldeiraria; tubulação; cabos e aterramentos e de equipamentos de instrumentação.
A Construtora Norberto Odebrecht ficou responsável pela execução dos serviços de terraplanagem e as obras civis destinadas à implantação da futura usina de processamento de níquel. Para a terraplanagem, a Odebrecht subcontratou a Fidens, que executou ainda escavação, carga e transporte de material, além de compactação de aterro e obras-de-arte civil.
As estruturas de concreto para os principais equipamentos estão prontas, com destaque para as fundações que receberão os fornos elétricos, as estruturas para os fornos calcinadores e fornos secadores, fundações da britagem primária, as vigas de rolamento para as empilhadeiras e para a retomadora de minério. Já foram executados cerca de 60 mil m³ de concreto, do total previsto de 80 mil m³.
Também estão prontas as torres metálicas para suporte da linha de alta tensão, bem como a estrutura metálica da área de redução e fusão; das fundações da empilhadeira; das retomadoras de minério e as obras das barragens de captação de água para usina e a de retenção de finos. Foram iniciadas as montagens do steel deck, a fixação dos trilhos e seu alinhamento topográfico. A região onde será instalada a subestação já está pronta e os transformadores já estão no canteiro, prontos para instalação.
Os custos socio ambientais
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra Xinguara – PA (CPT-PA), uma das organizações apoiadas pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos, o Projeto Onça Puma atinge diretamente 3 mil famílias, de dois assentamentos do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). São os assentamentos de Campos Altos, situado no município de Ourilândia, e de Tucumã, localizado entre Ourilândia, Tucumã e São Félix. As comunidades hospedeiras dos dois municípios, no entanto, possuem uma população de aproximadamente 15 mil habitantes.
A CPT vem atuando diretamente na organização das famílias da área rural afetada pelo projeto, denunciando supostas agressões ao meio ambiente, causadas pela implantação do complexo e exigindo indenizações para os agricultores eventualmente prejudicados por ele. De acordo com o relatório da organização, muitos assentados foram pressionados a vender suas benfeitorias para a mineradora. A CPT faz a defesa jurídica desses agricultores por meio de uma ação civil pública.
Entre os danos ambientais relatados pela Pastoral da Terra estão a poluição de grotas, a intoxicação de animais e a extinção de igarapés, resultado da construção de barragens e diques e desvios de cursos d´água.
Ainda de acordo com a CPT, as consequências do empreendimento são a desestabilização da organização social e do sistema produtivo dos assentamentos. Os camponeses que continuaram nos assentamentos seriam, segundo a entidade, afetados pela poluição ambiental e sonora, além dos danos às suas propriedades.
Outra denúncia feita pela Pastoral da Terra é a de inchaço demográfico na região, com aumento da violência urbana, do consumo de álcool e drogas e a prostituição. A entidade afirma que, nos últimos cinco anos, a região teve um boom migratório, com a chegada de milhares de pessoas atraídas pela perspectiva de empregos e melhores condições de vida, que poderiam ser proporcionadas pela Onça Puma. A maioria dessas pessoas, no entanto, não conseguiu emprego e continuam vagando. A situação se agravou com a crise financeira mundial, que afetou as contratações e a conclusão do projeto.
A Vale do Rio Doce foi procurada pela reportagem de Grandes Construções, para comentar essas afirmações e falar sobre o andamento das obras, mas preferiu não se pronunciar. Por meio da sua assessoria de Imprensa, a mineradora admitiu apenas que o projeto Onça Puma ainda tem “algumas pendências ambientais” que não foram resolvidas.
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