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Revista GC - Ed.41 - Setembro 2013
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GreenbuildingBrasil

O "boom" da construção verde no Brasil

Quarto mercado mundial em construção sustentável, o Brasil conta com ampla linha de fornecedores de produtos e serviços e tecnologia de ponta, para redução dos impactos ambientais, uso inteligente de recursos naturais e eficiência energética

Em todo o mundo, o mercado de construção verde parece passar ileso pela crise que afeta até mesmo países com economias mais sólidas. A demanda por edifícios sustentáveis continua em alta e cresce o interesse por produtos que também contenham credenciais “ecofriendly”. Essa tendência se verifica também aqui no Brasil, onde se experimenta um verdadeiro “boom” na área das construções sustentáveis. Por todos os lados se multiplicam as construções de prédios comerciais, industriais, corporativos e residenciais, além de arenas esportivas e obras de infraestrutura, utilizando tecnologias e métodos construtivos que permitem um uso mais inteligente de recursos naturais e eficiência energética e, ao mesmo tempo, a redução dos impactos ambientais durante a construção.

De acordo com um relatório publicado pela consultoria Navigant Research, o mercado mundial de materiais de construção ecológicos deve crescer dos atuais US$ 116 bilhões para mais de US$ 254 bilhões em 2020, um aumento de quase 120%. E o Brasil ocupa posição de destaque neste cenário. Atualmente, o País está entre os quatro líderes


Em todo o mundo, o mercado de construção verde parece passar ileso pela crise que afeta até mesmo países com economias mais sólidas. A demanda por edifícios sustentáveis continua em alta e cresce o interesse por produtos que também contenham credenciais “ecofriendly”. Essa tendência se verifica também aqui no Brasil, onde se experimenta um verdadeiro “boom” na área das construções sustentáveis. Por todos os lados se multiplicam as construções de prédios comerciais, industriais, corporativos e residenciais, além de arenas esportivas e obras de infraestrutura, utilizando tecnologias e métodos construtivos que permitem um uso mais inteligente de recursos naturais e eficiência energética e, ao mesmo tempo, a redução dos impactos ambientais durante a construção.

De acordo com um relatório publicado pela consultoria Navigant Research, o mercado mundial de materiais de construção ecológicos deve crescer dos atuais US$ 116 bilhões para mais de US$ 254 bilhões em 2020, um aumento de quase 120%. E o Brasil ocupa posição de destaque neste cenário. Atualmente, o País está entre os quatro líderes mundiais em construções sustentáveis, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China e dos Emirados Árabes.

Segundo estudo realizado pela EY (antiga Ernst & Young) a pedido da Green Building Council (GBC) – organização norte-americana responsável por disseminar práticas de construção verde – o valor das construções com projetos registrados para receber a certificação de obra sustentável, os chamados prédios “verdes”, alcançou, em 2012, 8,3% do total do PIB de edificações – subdivisão do PIB da construção civil que exclui obras de infraestrutura. Em 2010, os prédios “verdes” não ultrapassavam 3% do PIB setorial. O valor total dos imóveis que reivindicam o selo sustentável atingiu R$ 13,6 bilhões no ano passado, em comparação com um PIB de edificações de R$ 163 bilhões no mesmo período.

Mas não basta apenas parecer sustentável. Tem que provar que é. Isso explica a crescente busca, dos diferentes tipos de edificações, por certificações de sustentabilidade, como o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pela GBC. Apenas nos seis primeiros meses deste ano, cinco novos empreendimentos brasileiros receberam o selo LEED e outros 15 entraram com pedido de certificação. Os números levam o País à marca dos 88 empreendimentos certificados, representando um total de 2.089.195,20 m2, e mais de 680 pleiteando o selo. E a expectativa é que até o final de 2013 serão 900 empreendimentos candidatos ao selo e 120 certificados.

Para Luiz Iamamoto, gerente sênior da EY, a busca pela certificação LEED está presente cada vez mais em segmentos, como escolas, hospitais, estádios de futebol, edificações comerciais e industriais, agências bancárias e museus. Até fundos imobiliários têm incluído a certificação LEED como exigência para receber investimentos.

Esse crescimento é impulsionado por uma combinação harmônica entre políticas públicas e regulamentações oficiais que priorizam eficiência energética e design ecológico, e ações voluntárias, por parte da iniciativa privada, empenhada na expansão de programas de certificação para edifícios e na redução de custos dos materiais.

O empenho da iniciativa privada não se explica apenas pelo idealismo e pela consciência ecológica. O que se observa, por trás desses fatores, é um interesse visível do mercado consumidor por este tipo de edifício, de olho nas vantagens que os empreendimentos asseguram. Essas vantagens vão desde a economia de energia e corte de custos operacionais até a valorização do imóvel na hora da revenda. A certificação LEED agrega valor e desperta interesse dos investidores, ampliando a atratividade para a mercado imobiliário corporativo – principalmente por reduzir riscos operacionais. “Quando os projetos certificados começaram a ser comprados, as construtoras viam esse tipo de investimento como custo adicional. Hoje já entendem que o investimento feito em curto prazo pode até ser mais alto, mas ele é recuperado na velocidade de venda das unidades, além de reduzir em até 10% os gastos em um condomínio, em razão de projetos de eficiência energética e reuso de água.” conclui Luiz Iamamoto.

Além do selo LEED, presente em 143 países, o Brasil conta também com o sistema Aqua de origem francesa e adaptado pela Fundação Vanzolini, ligada à Universidade de São Paulo (USP). Este sistema certificou os primeiros sete empreendimentos em 2009 e atualmente esse número chega a 107 projetos.

Para receber o selo deve-se atender critérios dentro de sete categorias: eficiência energética; uso racional de água; materiais e recursos; qualidade ambiental interna; espaço sustentável; inovações e tecnologias e créditos regionais.

A sustentabilidade entra em campo

Os grandes eventos esportivos sediados no Brasil, como Copa das Confederações, Copa 2014 e Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, deram impulso à adoção do conceito greenbuilding, por parte das construtoras, fora do universo da construção imobiliária, estendendo-o às obras de infraestrutura e das arenas que abrigarão as competições. De acordo com o GBC Brasil, os 12 estádios que abrigarão os jogos do Mundial de 2014, além das arenas do Palmeiras, em São Paulo, e do Grêmio, em Porto Alegre, estão sendo entregues com o selo LEED. O Parque Olímpico no Rio de Janeiro e a revitalização da zona portuária, batizada de Porto Maravilha, também são exemplos de projetos que estão sendo construídos com base nos preceitos da sustentabilidade e que serão certificados.

Especialmente nos estádios de futebol, foi possível observar a adoção de tecnologias de ponta, como o uso de painéis fotovoltaicos em fachadas e coberturas. No estádio Mané Garrincha, de Brasília, por exemplo, construído pelo consórcio formado pelas empresas Via Engenharia e Andrade Gutierrez, o sistema fotovoltaico deve produzir 2,5 MW de energia, o suficiente para iluminar todo o entorno da arena esportiva.

As tecnologias de captação, tratamento e reuso de água da chuva são também destaques no Mané Garrincha, o que possibilita redução de 80% no consumo de água, comparado a um estádio convencional. O uso de uma película autolimpante, revestida por óxido de titânio, que capta a poluição gerada pelos veículos, também é novidade inserida na arena, que deve ser a primeira no mundo a receber a certificação LEED Platinum, a mais avançada no uso de tecnologias sustentáveis.

No Castelão, em Fortaleza, o destaque foi a reutilização de resíduos da demolição da antiga estrutura, o que permitiu que o volume de detritos encaminhados para aterros fosse 75% menor que o aceitável para uma obra daquelas proporções. As estruturas demolidas serviram para fazer brita, pedrisco e concreto.

Na Arena Pantanal, em Cuiabá, o diferencial de sustentabilidade começa no projeto, premiado pela Blomberg - Americas Property Awards e com o VII Prêmio Arquitetura Corporativa. A arena foi desenhada para ter algumas partes desmontadas após a realização dos jogos, graças ao uso de estruturas que podem ser dimensionadas conforme a necessidade e o tamanho do público. A preocupação central do projeto foi afastar o risco de, ao atender apenas às recomendações e restrições específicas da FIFA, deixar como herança um equipamento superdimensionado e sem uso real pela comunidade.

A área do conjunto arquitetônico onde a Arena Pantanal está inserida ocupa aproximadamente 300 mil m2, espaço que será requalificado para se transformar em uma arena de múltiplo uso, para instalações esportivas, culturais, educativas e de entretenimento.

A Arena Corinthians, cuja construção está a cargo da Odebrecht, também terá painéis fotovoltaicos para geração de energia, sistema de captação de água de chuva nas coberturas, uso de madeira de origem florestal certificada, equipamentos econômicos de ar condicionado e sistema de iluminação com lâmpadas LED, que são até 80% mais econômicas que as fluorescentes e possuem vida útil mais longa.

Muitas das obras de ampliação e modernização dos aeroportos, também previstas para os eventos desportivos, estão sendo executadas segundo os conceitos de sustentabilidade. É o caso dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Belo Horizonte, que preveem o uso de tecnologias sustentáveis como captação de água de chuva e iluminação por LED.

A expectativa é de que a economia gerada com as tecnologias sustentáveis inspire a adoção de padrões de sustentabilidade em outras obras de infraestrutura, como na ampliação de portos e rodovias.

 

 

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