Em todo o mundo, os prefeitos vêm se mobilizando para assumir um maior protagonismo nas decisões que impactam, diretamente, o dia a dia das cidades. São iniciativas como o Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e a CompactofMayors - coalizão global de prefeitos e funcionários municipais comprometidos em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), aumentar a resiliência às mudanças climáticas e acompanhar e divulgar o seu progresso publicamente.
Esse novo cenário foi um dos principais debates do Congresso Internacional Cidades & Transportes, que reuniu mais de 140 palestrantes de 128 cidades e 19 países, entre os dias 10 e 11 de setembro, no Rio de Janeiro. O evento foi organizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis, instituição ligada ao programa global WRI Ross, formado por mais de 200 profissionais que atuam nas áreas de mobilidade urbana e sustentabilidade.
Em paralelo, os organizadores realizaram a Cúpula dos Prefeitos, reunindo prefeitos que se destacaram por medidas de melhoria em suas cidades nas áreas de mobilidade u
Em todo o mundo, os prefeitos vêm se mobilizando para assumir um maior protagonismo nas decisões que impactam, diretamente, o dia a dia das cidades. São iniciativas como o Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e a CompactofMayors - coalizão global de prefeitos e funcionários municipais comprometidos em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), aumentar a resiliência às mudanças climáticas e acompanhar e divulgar o seu progresso publicamente.
Esse novo cenário foi um dos principais debates do Congresso Internacional Cidades & Transportes, que reuniu mais de 140 palestrantes de 128 cidades e 19 países, entre os dias 10 e 11 de setembro, no Rio de Janeiro. O evento foi organizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis, instituição ligada ao programa global WRI Ross, formado por mais de 200 profissionais que atuam nas áreas de mobilidade urbana e sustentabilidade.
Em paralelo, os organizadores realizaram a Cúpula dos Prefeitos, reunindo prefeitos que se destacaram por medidas de melhoria em suas cidades nas áreas de mobilidade urbana e sustentabilidade. Participaram Jaime Lerner, três vezes prefeito de Curitiba e criador, em 1974, dos BRTs; Enrique Peñalosa, que conduziu a introdução de sistemas viários inovadores durante sua gestão à frente da capital da Colômbia; Mary Jane Ortega, prefeita da cidade de San Fernando, nas Filipinas, por três mandatos consecutivos, que introduziu o rodízio de carros; Ken Livingstone, ex-prefeito de Londres, uma das cidades pioneiras na introdução do pedágio urbano; e Sam Adams, ex-prefeito de Portland (EUA), cidade sustentável onde se disseminou o uso da bicicleta.
Andrew Steer, presidente do WRI, observou que o Brasil tem ideias inovadoras e destacou que a entidade está trabalhando em questões ligadas a urbanismo e transportes. Ele ressaltou que, nos últimos 4 mil anos, as cidades têm sido o motor da inovação, mas, no último século, vêm sendo planejadas sob o ponto de vista dos carros, reduzindo a qualidade de vida porque as pessoas perdem muito tempo no trânsito.
Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, afirmou que a principal causa das deformações das cidades é a desigualdade e que os principais desafios não são econômicos, nem técnicos, e sim sociais e políticos. E defendeu que, para resolver a questão da mobilidade, é preciso dar a “cenoura”, com transporte público de qualidade e também o “chicote”, por meio de medidas restritivas.
“Os ricos estão cercados e não querem usar transporte público. O bem mais precioso da cidade é o espaço viário. É preciso saber como dividi-lo entre pedestres, ciclistas, transporte público e carros particulares. Um cidadão a pé e um ciclista têm o mesmo direito que um Rolls-Royce”, dissePeñalosa.
Para Jaime Lerner, é raro um poder central que entenda as cidades. Ele salientou que, no Brasil, há um excesso de dependência e de espaço dado ao automóvel, lembrando que São Paulo conta com 5 milhões de veículos, que ocupam, em média, 25 m² cada um.
“Se esse espaço fosse dedicado às pessoas, poderíamos colocar 5 milhões de pessoas vivendo próximas ao trabalho. Tudo o que se desenvolve hoje em transportes é pensando no automóvel; carros sem motoristas e gadgets com inovações. É a maneira de se usar o automóvel que tem de mudar. Enquanto não se quebrar o paradigma de morar longe do trabalho, não vamos avançar”, defendeu.
Mary Jane Ortega, prefeita da cidade filipina de San Fernando, explicou como adotou medidas para melhorar a mobilidade urbana e, ao mesmo tempo, tornar a cidade mais sustentável em relação à qualidade do ar, mas revelou que encontrou resistências na comunidade. “Implementamos um rodízio para reduzir o número de veículos na nossa cidade, e, aí, teve gente comprando um novo carro com placa diferente para poder circular durante o rodízio. Em vez de reduzir, nós praticamente dobramos o número de carros. Não podemos dizer para a população não usar seu carro se não oferecermos uma alternativa de transporte viável”, analisou.
Ken Livingstone, ex-prefeito de Londres, disse que, quando assumiu o cargo, a densidade era um problema, e as pessoas eram empurradas para os subúrbios. Mas, na sua avaliação, a densidade é positiva ao permitir atacar o problema das mudanças climáticas. “Eu vivi 17 anos em Londres e nunca aprendi a dirigir. Fazer a população se deslocar no transporte público de massa também é combater as mudanças climáticas e melhorar a qualidade do ar que respiramos, Hoje, ¾ da população de Londres usam transporte público”, destacou.
O ex-prefeito de Portland (EUA), Sam Adams, candidatou-se em meio à crise de 2008 com uma campanha prometendo tornar a cidade mais sustentável, saudável e próspera. Fez uma auditoria e descobriu que US$ 11 bilhões haviam sido gastos em 26 departamentos, cada um com uma estratégia diferente, e que havia seis agências só para transportes. O escritório de sustentabilidade foi integrado ao de planejamento.
“Criamos o Portland Plan com foco em saúde, educação, equidade e transporte; bairros para todos; ruas verdes para pedestres; e vias segmentadas para ônibus e automóveis mais voltadas para viagens rápidas. Também incentivamos o uso da bicicleta para curtas distâncias, aumentando em até 25% o número de alunos que vão de bicicleta para a escola. Procuramos não incentivar uma disputa entre os carros e as bicicletas, até porque 80% dos nossos ciclistas possuem carros. O que queremos é promover a alternativa como melhor escolha”, conclui.
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