Para avaliar a situação da mão de obra na construção civil, o Métrica Industrial ouviu duas entidades do setor o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Tanto Haruo Ishikawa, vice-presidente de relação capital e trabalho do SindusCon-SP, como Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da CPRT (Comissão de Política de Relações Trabalhistas) da CBIC, analisaram o cenário atual do segmento e indicaram como a cadeia da construção pode se preparar para a falta de profissionais.
Para Ishikawa, o problema concentrou-se nos últimos anos, embora em 2012 tenha havido uma estabilização na contratação de trabalhadores capacitados. O executivo lembra que a falta de mão de obra foi muito acentuada em 2010, mas a demanda de contratações foi refreada nesse ano em função da crise mundial. De acordo com ele, o setor da construção civil empregava 1,5 milhão de pessoas com carteira assinada em 2005, número que saltou para os 3,5 milhões atuais.
“A qualificação é fundamental para o setor, pois com a expe
Para avaliar a situação da mão de obra na construção civil, o Métrica Industrial ouviu duas entidades do setor o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Tanto Haruo Ishikawa, vice-presidente de relação capital e trabalho do SindusCon-SP, como Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da CPRT (Comissão de Política de Relações Trabalhistas) da CBIC, analisaram o cenário atual do segmento e indicaram como a cadeia da construção pode se preparar para a falta de profissionais.
Para Ishikawa, o problema concentrou-se nos últimos anos, embora em 2012 tenha havido uma estabilização na contratação de trabalhadores capacitados. O executivo lembra que a falta de mão de obra foi muito acentuada em 2010, mas a demanda de contratações foi refreada nesse ano em função da crise mundial. De acordo com ele, o setor da construção civil empregava 1,5 milhão de pessoas com carteira assinada em 2005, número que saltou para os 3,5 milhões atuais.
“A qualificação é fundamental para o setor, pois com a experiência teremos mais mão de obra preparada. E isso reflete na produtividade, que já esta melhorando”, explica. A falta de profissionais, apesar da estabilização, aconteceria em todas as áreas - desde engenheiro, mestre de obra, operário qualificado, carpinteiro, eletricista a encanador. Entre os segmentos mais sensíveis estão os ligados à operação, caso de operários especializados em revestimento e aplicação de gesso.
Gomes, da CBIC, traz outra informação importante: o aumento do número de mulheres nos canteiros de obras. A pesquisa A Construção na visão de quem produz, organizada pela Câmara e executada pelo Instituto Sensus de Pesquisa e Consultoria, mostra que um dos fatores responsáveis por essa situação é o aumento da demanda e o envelhecimento da força de trabalho operária, hoje concentrada na faixa etária de 30 anos a 49 anos. “O levantamento foi realizado no período de 4 de abril a 30 de maio de 2011, em 24 Estados das cinco grandes regiões brasileiras”, informa. O grupo de entrevistados incluiu operários de canteiros de obra, trabalhadores administrativos e executivos da construção civil.
Em relação à demanda de engenheiros, o especialista da CBIC acredita que o número de profissionais em atuação está muito aquém das necessidades geradas pelas obras de infraestrutura, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), “Minha Casa, Minha Vida” e pelos grandes eventos esportivos, sem contar as iniciativas como o Pré-Sal e outros. “Durante muitos anos, a engenharia foi relegada a um segundo plano. Naturalmente, o número de jovens que buscavam essa formação foi caindo vertiginosamente”, diz. Gomes cita a estimativa do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), a qual indica que o Brasil tem um déficit anual de 20 mil engenheiros.
Ishikawa, do SindusCon-SP, concorda que haja necessidade de mão de obra especializada, mas não acredita em “apagão” na área de engenharia. “Não existe, pois a construção civil trabalha com um cronograma flexível: tem começo, meio e fim, com o traçado de uma rotina”, afirma. O mesmo se aplica à área operacional, com algumas considerações. Ishikawa lembra que o setor contratou em torno de dois milhões de trabalhadores entre 2005 e 2012. “Quando se emprega muita gente em pouco espaço de tempo, ela não fica qualificada. Com isso, a própria empresa investe no treinamento para melhorar a mão de obra”, argumenta.
No processo de qualificação, ele destaca que o SENAI tem participado ativamente, inclusive com aplicação de cursos em canteiros. Os investimentos em qualificação de profissionais, inclusive, tornaram a mão de obra mais cara, pois além do salário a cadeia de construção precisa investir para reduzir a falta de qualificação de seus profissionais. O piso de um trabalhador mesmo sem qualificação é de R$ 910. Ou seja, um ajudante de obra recebe acima do salário mínimo. Já o profissional qualificado tem como piso R$ 1.086.
A CBIC também tem apoiado programas para captação de mão de obra. É o caso dos Mega Feirões de Empregos. O evento, realizado em 2011, aconteceu no Rio de Janeiro, Fortaleza e Porto Alegre. Trata-se de uma ação que envolve a oferta de vagas de trabalho e também a disponibilização de serviços de saúde, lazer e cidadania, além de cursos de capacitação e atualização profissional. “Nossa meta é incentivar que outras cidades também realizem o evento”, antecipa Gomes.
Para as áreas mais qualificadas, as iniciativas do setor para atrair profissionais incluem a busca nas faculdades de engenharia civil, antecipando a formação complementar. Ishikawa avalia que é importante a retenção do profissional que está sendo formado nas empresas, principalmente, pelo investimento feito. Por outro lado, interessa ao jovem engenheiro fixar-se por um período que lhe permita ganhar experiência, considerando que a construção civil tornou-se, como outras áreas, um setor bastante competitivo.
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