O ano de 2012 chegou ao fim sem permitir uma conclusão muito clara quanto aos seus resultados, no que tange à cadeia da construção no Brasil. As opiniões são divididas, de acordo com o segmento da indústria que representa os analistas ou representantes de entidades, que tentam analisá-lo. Os otimistas olham para os níveis de empregos formais; para as medidas de estímulo à produtividade e competitividade; para os pacotes de investimento em infraestrutura, editados pelo governo federal, ou ainda para os índices de crescimento das vendas de materiais de construção, da ordem 3,5% sobre 2011. Com esses focos, é possível afirmar que nem foi um ano tão ruim assim, já que foram postas algumas das bases necessárias para um crescimento mais vigoroso em 2013.
Já os pessimistas se debruçam sobre os indicadores de queda nas vendas de máquinas e equipamentos para a construção, da ordem de 19%; ou sobre a forte redução do ritmo de execução das obras públicas, principalmente aquelas incluídas no PAC 2; ou se detém, ainda, na defasagem nas tabelas de preços do governo para obras públicas e seus impa
O ano de 2012 chegou ao fim sem permitir uma conclusão muito clara quanto aos seus resultados, no que tange à cadeia da construção no Brasil. As opiniões são divididas, de acordo com o segmento da indústria que representa os analistas ou representantes de entidades, que tentam analisá-lo. Os otimistas olham para os níveis de empregos formais; para as medidas de estímulo à produtividade e competitividade; para os pacotes de investimento em infraestrutura, editados pelo governo federal, ou ainda para os índices de crescimento das vendas de materiais de construção, da ordem 3,5% sobre 2011. Com esses focos, é possível afirmar que nem foi um ano tão ruim assim, já que foram postas algumas das bases necessárias para um crescimento mais vigoroso em 2013.
Já os pessimistas se debruçam sobre os indicadores de queda nas vendas de máquinas e equipamentos para a construção, da ordem de 19%; ou sobre a forte redução do ritmo de execução das obras públicas, principalmente aquelas incluídas no PAC 2; ou se detém, ainda, na defasagem nas tabelas de preços do governo para obras públicas e seus impactos negativos na margem líquida das empresas do setor. Por esses parâmetros, o período pode entrar para a história com a marca da frustração, dos resultados muito aquém do esperado.
Mas 2012 acabou e é chegada a hora de preparar o terreno para o novo ano. Na tentativa de antecipar as principais tendências, a Grandes Construções ouviu alguns dos principais representantes da cadeia da construção, colhendo seus depoimentos. Algumas visões não mais sombrias que outras, mas, de uma forma geral, todos concordam que, para continuar crescendo, a ponto de se converter em uma das molas propulsoras do desenvolvimento da Nação, a cadeia da Construção precisa de investimentos, planejamento, projetos consistentes e ambiente jurídico que estimule a participação da iniciativa privada no desenvolvimento da infraestrutura.
Com a palavra, os nossos convidados.
Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia
Como principal ponto positivo de 2012, considero a conscientização de que a Engenharia é fundamental para a alavancagem do progresso e desenvolvimento econômico do país. Engenharia não é commodity. Planejar é preciso! Como pontos negativos, estaco a inércia exasperante dos órgãos governamentais na implantação de programas e projetos, e a injustificável desconfiança na iniciativa privada como real promotora das melhorias nas obras e serviços públicos.
O Brasil necessita de quase US$ 2 trilhões para pôr em ordem os serviços públicos nos próximos 30 anos. Isto significa mais de 6% do PIB a cada ano. Com o crescimento pífio de 1% verificado no PIB de 2012, as perspectivas são de impossibilidade de avanço no desenvolvimento.
O mundo globalizado atual trabalha com moedas fictícias, virtuais, apenas escriturais. Não há lastro monetário e nem mercadorias palpáveis, para não falar duráveis, capazes de honrar o meio circulante. A valoração de empresas ou até do PIB de um país parte de um princípio subversivo de ser calculada a partir de rendimentos fantasiosos. Desta esbórnia, já estão ocorrendo ressacas monumentais na Europa, as quais em breve chegarão aqui.
A maior prioridade está nos empreendimentos de logística, para dar vazão ao setor mais importante de nossa economia atual: o agronegócio. Queira Deus que o Governo não o desmantele, como está a indicar o “aparelhamento partidário” da Embrapa.
O mundo brasileiro não acabará no final da Copa de 2014. Porém, os grandes eventos, tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, além de ótimas vitrines para o mundo, têm também o condão de elevar a autoestima da população, elemento fundamental para a retomada do desenvolvimento. Talvez os estádios fiquem prontos. Mas o legado em melhorias da nossa infraestrutura, simplesmente não está sendo cuidado em tempo e hora. Ademais, não me parece efetiva a capacidade mundial de investimentos exógenos.
Cristiano Kok, diretor da Engevix
O ano de 2012 foi um ano que se iniciou com grandes esperanças, mas termina com frustrações. O mercado imobiliário sofreu um desaquecimento, as obras do Plano de Aceleração de Crescimento não tiveram o ritmo previsto, os grandes investimentos nos setores de óleo, gás e energia sofreram postergações importantes por questões estruturais, ambientais e financeiras e o resultado final foi um crescimento abaixo das expectativas. Como aspectos positivos do ano, esta mesma desaceleração deu tempo à formação de quadros e à estruturação das empresas, visando adequar suas equipes aos desafios dos próximos anos.
O ano de 2013 se inicia com a perspectiva otimista diante do anúncio de medidas de desoneração da folha de pagamento da construção, mediante a substituição da contribuição patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por um acréscimo de dois pontos percentuais na alíquota da contribuição social sobre o faturamento. Somente essa medida permitirá uma organização muito mais racional das empresas, uma formalização no mercado de trabalho e um maior investimento na formação de quadros mais permanentes. Por outro lado, a necessidade de investimentos na infraestrutura do país tenderá a ser equacionada através da maior participação da iniciativa privada, e os investimentos em instalações e em mobilidade urbana para a Copa do Mundo e Olimpíadas, aliados aos planos habitacionais e de saneamento gerarão uma demanda, em 2013, superior à de 2012.
As dificuldades de articulação de projetos de infraestrutura decorrem da inexistência de projetos de engenharia consistentes, que permitam ter orçamentos de obras confiáveis. O Brasil precisa investir na transformação de Planos em Projetos de Engenharia e Projetos de Engenharia em investimentos de infraestrutura. A inexistência de projetos dificulta a implantação dos empreendimentos, pois a falta de estudos impede a obtenção de licenças ambientais, a articulação de financiamentos e a obtenção de orçamentos confiáveis, aumentando de forma expressiva o risco dos investidores. E a elaboração de projetos requer prazos, mas permitirá a redução dos custos e dos prazos de execução das obras.
O Grupo Engevix tem atuado tradicionalmente em engenharia, gerenciamento e integração de empreendimentos (EPC) nas áreas de energia elétrica, óleo e gás e infraestrutura urbana e de transportes. Como investidores, o foco tem sido na geração de energia renovável, através da Desenvix; na construção oceânica e de estaleiros, através da Ecovix; e nas concessões aeroportuárias e rodoviárias, através da Infravix.
No ano de 2013, a atuação do grupo, como investidor, estará fortemente concentrada nessas áreas, com a expectativa de crescimento da indústria de construção oceânica vinculada à exploração do pré-sal, da expansão dos serviços na área de concessão aeroportuária e na implantação de novas hidrelétricas, como São Roque. Como prestadora de serviços, a Engevix vê boas perspectivas na área de mobilidade urbana, na infraestrutura de transportes e na área de geração de energia como a continuidade dos grandes empreendimentos como Belo Monte.
O Brasil está com excepcionais oportunidades de atração de investimentos e capitais externos, e de mobilização de poupança interna, através da maior participação do setor privado no campo da infraestrutura. Os marcos regulatórios existem, mas é essencial a sinalização de manutenção de regras. O BNDES tem sido uma alavanca excepcional neste processo, com financiamentos em prazos e juros competitivos para o setor. O caminho a trilhar está aberto, e a experiência nos anos recentes tem mostrado que o modelo é viável e pode ser atrativo para capitais privados nacionais e estrangeiros. Faltam ainda projetos de engenharia consistentes para que estes empreendimentos possam se transformar em realidade.
Fabio Barione, presidente da Teckma Engenharia
Na área de construção eletromecânica, nosso Brasil ainda está atrativo, com um alto volume de investimentos produtivos a ser aplicado e com isso tivemos uma boa demanda de novas oportunidades em obras ligadas a infraestrutura e em alguns setores da economia. Mas como pontos negativos, destacam-se a baixa produtividade, a demora nas liberações de licenças, as fortes pressões por reajustes ligados a mão de obra acima de qualquer índice de inflação.
Quanto às perspectivas que se desenham para o próximo ano, ainda temos 2013 com muita incerteza, mas que poderá ser um ano muito bom, porém dependerá de fatores que ainda não dominamos, principalmente, ações ligadas à velocidade da reação da economia e do impacto das medidas de incentivo para a área da construção recentemente anunciadas. O desemprego deverá continuar com baixos índices, o que por um lado mantém a confiança na elevação do consumo interno, porém, por outro, manterá a pressão de reajustes elevados sem a contrapartida da elevação da produtividade que poderia compensar este desequilíbrio. Portanto, vejo um cenário difícil, com elevação dos custos dos projetos e dificuldades de obtenção de mão de obra qualificada.
Estamos correndo um sério risco de ver nossos projetos serem canalizados para outro lugar do mundo pela falta de competitividade de nosso País. Precisamos enfrentar esse problema com a seriedade necessária. Não podemos perder mais tempo tentando emplacar medidas paliativas para combater grandes problemas. Temos de enfrentar já temas como a revisão completa na Consolidação das Leis do Trabalho, mudando o viés de uma lei que privilegia o “assistencialismo” para uma nova lei que dá foco na “meritocracia”. Criar mecanismos de aprovações de alvarás e licenças em geral de forma ágil e segura.
Temos que, rapidamente, definir um projeto de País, de forma clara e objetiva, como fazemos em nossas empresas. Estamos perdendo a competitividade no cenário mundial e, com isso, parte dos investimentos estão tomando outros rumos. Não podemos permitir que isso aconteça, pois a conta será alta. Temos de elevar nossa competitividade e isso não se faz sem um projeto de País claro e forte investimento nos gargalos nacionais ligados basicamente na melhoria na gestão pública, investimentos em infraestrutura e fortalecimento da educação.
Íria Lícia Oliva Doniak, presidente da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto
A questão tributária foi um dos entraves ao desenvolvimento da construção civil em nosso país, pois, especialmente, impede um maior avanço da industrialização pela adoção de sistemas construtivos produzidos na indústria. As recentes medidas tomadas no arcabouço do Plano Brasil Maior como a desoneração da folha, que reduzirá o custo da mão de obra, sem dúvida foi um aspecto positivo. No entanto, ainda há muito que se fazer em relação ao tema da desoneração. A crise internacional que impõe receios ao desenvolvimento da economia global é sem dúvida um dos pontos que interferiram de forma negativa ao maior desenvolvimento da construção civil neste ano. Outro aspecto importante são os possíveis gargalos diante do fato de que ainda precisamos identificar novas fontes de recursos, pois os existentes ainda não são suficientes para toda a necessidade dos desafios que o Brasil tem proposto a sua frente.
As perspectivas para o ano de 2013, e creio que para os próximos anos são positivas. O controle da inflação e o crescimento da renda da população, associados aos eventos que se realizarão no Brasil (Copa 2014, Olimpíadas 2016) e, também, aos incentivos governamentais em seus programas Minha Casa Minha Vida e Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) devem continuar impulsionando o crescimento da construção civil. Em especial, as possibilidades de novas concessões e abertura à iniciativa privada devem catalisar os investimentos em infraestrutura.
Trata-se de um conjunto de ações. Em 2010, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), dentro do Construbusiness, lançou uma publicação chamada Brasil 2022: Planejar, Construir e Crescer, um excelente material, onde foi apresentado um diagnóstico e sugestões para o desenvolvimento da Construção civil no Brasil. Durante o 10º Construbusiness, no início de dezembro, houve dentro deste mesmo escopo, uma segunda publicação denominada “2012 Competitividade Sustentável da Construção Civil”. Os seis temas lá indicados que compõem o chamado programa Compete Brasil entregue ao governo nas mãos do Vice-Presidente Michel Temer, listados abaixo, se constituem na forma de fazer os projetos deslancharem. A Abcic é uma das 110 entidades da construção civil representadas pela Fiesp e também integra esse trabalho.
O enfoque do trabalho está sintetizado nos seguintes itens:
1. Planejamento e Gestão: redução do risco de paralisação de empreendimentos;
2. Aspectos Institucionais e Segurança Jurídica: ambiente de negócios para ampliar investimentos;
3. Funding: diversidade de recursos para o crescimento continuado em habitação e infraestrutura;
4. Mão de Obra: atrair, qualificar e reter;
5. Impactos Tributários e Custos Produtivos: eficiência produtiva e mais recursos para produção;
6. Sustentabilidade: respeito aos princípios da qualidade técnica e busca da eficiência produtiva.
O material pode ser acessado no link: http://hotsite.fiesp.com.br/construbusiness/2012/doc/CB2012Port.pdf .
Nosso setor sempre atuou fortemente em obras industriais, centros de logística, shopping centers, apesar da sua grande aplicabilidade em todos os tipos de obras. O fato de ter sido responsável pela viabilidade dos ousados cronogramas dos estádios de futebol e estar presente no Itaquerão, Fonte Nova, Minerão, Mané Garrincha, tem trazido grande visibilidade ao nosso potencial de desenvolvimento em infraestrutura. Em especial também o desenvolvimento da mobilidade no que diz respeito a pontes, viadutos e passarelas. As tipologias crescem também para a aplicação em programas habitacionais.
Para fortalecer o setor, considero muito importante a unidade no sentido de união, integração. Aumentar o nosso potencial de realização está na maior integração entre os setores da cadeia da construção civil. Muitas vezes não alcançamos resultados por agirmos de forma isolada. Evidentemente que existem as particularidades de cada um, mas basta que haja um ponto comum, que seguramente é o desenvolvimento da construção civil no Brasil, para que possamos unir esforços e conseguirmos maiores resultados num intervalo de tempo menor. Acredito muito também no apoio às iniciativas governamentais, nosso desafio é comum. A abertura ao diálogo com as entidades representativas dos setores tem sido um ponto muito favorável do atual governo. O nosso papel é estar presente com dados, informações e sugestões organizadas que permitam aprimorar as ideias e programas já existentes, incentivem novos desenvolvimentos e facilitem a tomada de decisões.
Mauro Viegas Filho, diretor-presidente da Concremat
Como pontos positivos, podemos destacar o necessário andamento das obras de infraestrutura e das arenas para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas, que foram incrementadas em 2012. Muitas obras ainda continuarão em 2013, principalmente as de infraestrutura. Como ponto negativo, o fato de que o governo não conseguiu gastar até esta data nem a metade dos R$ 90 bilhões de investimento previstos para o orçamento de 2012.
Para 2013, temos um cenário de insegurança, tendo em vista algumas indefinições, como a distribuição dos recursos dos royalties do petróleo. Enquanto essa questão não ficar resolvida, não haverá clima para licitar novas áreas para exploração e produção. Além disso, a insegurança dos investimentos no setor elétrico pode causar atrasos nas próximas gerações de energia elétrica. Em contrapartida, as medidas anunciadas pelo governo no segundo semestre de 2012 prevendo colocar Parcerias Público-Privadas (PPP) e concessões para diversos projetos de infraestrutura, poderão aquecer esses nichos a partir do segundo semestre de 2013.
Para fazer os projetos deslancharem é necessário investir no desenvolvimento de projetos básicos e executivos para todos os grandes investimentos do país, além de agilizar os processos de aprovação de licenças ambientais. Todos os nichos de infraestrutura e transportes, energia, petróleo e gás devem crescer. Mas será preciso ter mais agilidade e objetividade nas contratações dos novos nichos de infraestrutura e de PPPs.
Moacyr Servilha Duarte, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR)
A pesquisa feita anualmente pela Confederação Nacional dos Transportes – CNT (mais informações no site: www.cnt.org.br), apontou que as rodovias concedidas à iniciativa privada tiveram, em 2012, uma avaliação melhor que a de 2011, o que confirma o sucesso do programa de concessões: a nova pesquisa aponta que as 21 melhores rodovias do país são concedidas.
Outro ponto que precisa ser registrado, e que reforça o que as pesquisas independentes apontam, é que o governo federal anunciou este ano a continuidade dos leilões de rodovias federais à administração privada. Serão mais 7,5 mil Km de rodovias. Os novos lotes estão localizados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste e devem ser licitados a partir de 2013.
É sempre importante destacar a melhoria na qualidade das rodovias e, assim, a maior segurança e conforto para os usuários. Desde o início das concessões até agosto de 2012 foram construídos 3.381 km de pavimentação nova nas rodovias. Foram construídos 694 mil m² de pontes e viadutos novos, além de serem recuperados aproximadamente 3,9 milhões de m² dessas obras de arte. Quanto às realizações em segurança, as concessionárias implantaram 1,8 milhão de metros de barreiras de concreto novas, além de 3,7 milhões de metros de defensas metálicas. Até setembro deste ano, também foram instaladas nas rodovias concedidas 2.272 câmeras, 6.501 callboxes, além de 3337 radares fixos e móveis.
Visando conforto e atendimento aos usuários, as concessionárias construíram 320 SAUs (bases de atendimento ao usuário), além de ter à disposição 503 guinchos, entre leves e pesados, e 378 ambulâncias. O aspecto negativo do ano é que foi efetivada a concessão do trecho da BR-101 no Espírito Santo, licitada em janeiro. A demora cria insegurança para os investidores.
Considerando a necessidade de o país melhorar sua infraestrutura rodoviária, e os bons resultados alcançados até agora pelas 55 concessionárias hoje em atuação nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, a ABCR vê como altamente positiva a decisão do Governo Federal, anunciada em agosto, de conceder à iniciativa privada, mais 7,5 mil km de rodovias.
Os questionamentos que vêm sendo feitos estão relacionados principalmente aos critérios anunciados para a licitação – que não contemplam a pré-qualificação dos interessados, proposta técnica e comercial. A ideia apresentada é utilizar a chamada inversão de fases, em que se abre a documentação apenas do licitante que apresentar a menor tarifa, respeitada a tarifa-teto estabelecida pelo governo.
Esse procedimento exige a realização de um estudo de viabilidade, pelo Governo, de muito boa qualidade, com a estimativa adequada da projeção de tráfego e dos custos dos investimentos e da operação. Os estudos de viabilidade já apresentados, dos dois primeiros lotes de concessão, envolvendo trechos das Rodovias BR-040 e BR-116, no estado de Minas Gerais, não correspondem a esse nível de qualidade e têm sido objeto de significativos questionamentos por parte dos possíveis grupos econômicos interessados em participar do leilão. Essa situação é agravada pela informação de que não seria mais exigida a apresentação do “Plano de Negócios”, retirando a possibilidade de que seja verificada a exequibilidade da proposta.
O problema na área das concessões de energia foi provocado pela proximidade do prazo de encerramento de alguns contratos e a discussão quanto a sua renovação, ou não, e em quais condições. Pelo fato do governo necessitar aumentar a competitividade do país, essa medida foi tomada com o objetivo de diminuir o custo de insumos industriais. No caso das concessões de rodovias, não são previstas renovações. O que se discute é a possibilidade de o poder concedente determinar às concessionárias a realização de investimentos não previstos, como ocorreu na ViaLagos e na Ecovias. Nesses casos, o reequilíbrio dos contratos foi feito mediante a prorrogação dos prazos contratuais, considerando as condições econômico-financeiras atuais. No caso das rodovias federais, o que se discute, por exemplo, é a construção de uma nova ponte sobre o Guaíba, um viaduto ligando a Ponte Rio-Niterói à Linha Vermelha, obras na Serra das Araras e na subida de Petrópolis. Não há, no entanto, indicação de que as discussões estejam avançando.A ABCR não se manifesta sobre o posicionamento de investidores das empresas associadas.
Remo Cimino, engenheiro e consultor
Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em setembro de 2012, o Brasil foi o único do grupo dos emergentes, o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a crescer no ranking global de competitividade, e agora ocupa a 48ª posição, contra o 53º lugar em 2011. Os parâmetros de qualidade e seus índices são: infraestrutura (107º), aeroportos (134º), rodovias (123º), energia (68º), portos (135º), capacitação e educação superior (116º), extensão e efeitos da tributação (144º), eficiência no mercado de bens, eficiência no mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica, tamanho de mercado, sofisticação de negócios e inovação. No índice de regulação governamental o Brasil ocupa a posição 144º. Claro que ainda não é uma posição agradável, mas temos de que levar em consideração a relação do quanto estamos caminhando e a posição que estávamos alguns anos atrás.
O relatório do Fórum Econômico Mundial ressalta que o resultado positivo, 53º para 48º, advém das condições macroeconômicas que se estabeleceram no país, além de um forte mercado interno que já se encontra entre os dez maiores do mundo. O uso cada vez maior de tecnologias e comunicação e, ainda, o crescente acesso a financiamentos para projetos de investimentos são apontados também como razões para esse aumento da competitividade.
Foram aprimoradas as regras de incentivo ao financiamento de projetos de investimento de longo prazo pela Lei 12.715, de setembro de 2012. As mudanças realizadas trazem maior segurança a esse mercado e são um incentivo para que o setor privado capte recursos para financiar investimentos de longo prazo, a previsão para o ano é de R$150 bilhões.
Em 2012, 15 setores foram contemplados com a desoneração da folha de pagamentos, e a partir de 2013 serão 40 beneficiados. A economia para esses setores será de R$ 3 bilhões em 2012 e de R$ 12,83 bilhões em 2013. Mas são extremamente preocupantes as variações dos custos das obras.
O Brasil tem dado demonstrações claras de que tem um ambiente institucional e legal seguro e as medidas que estão sendo tomadas pelo governo demonstram um direcionamento à solução de problemas estruturais, o que tem trazido confiança e otimismo ao empresariado em relação à competitividade da economia brasileira.
Mas entendemos que o Governo Federal, Estadual e Municipal, as Agências Reguladoras, e as demais entidades necessitam de um planejamento sério de investimentos na área de infraestrutura, partindo de uma visão sistêmica de país e uma homogeneização de objetivos entre as principais entidades governamentais.
A gestão competente, baseada na visão sistêmica, planejamento estratégico e planejamento operacional, deve levar em conta as seguintes fases: a intenção, a avaliação, a consolidação, a implantação e a operação, manutenção e conservação de um projeto. O gestor público precisa ter conhecimento e competência para fazer a interlocução com o setor político. Há planos muito bons e que precisam ser desenvolvidos com antecedência e sem a interferência dos anos eleitorais.
Atualmente, o Brasil está atuando em várias direções, com grande soma de recursos no setor de infraestrutura, porém com a falta de uma visão sistêmica, um planejamento integrado e corremos o risco de darmos respostas pontuais do que propriamente um projeto efetivo.
Para atingir esses objetivos, a indústria brasileira da construção terá de encontrar soluções para gargalos que hoje comprometem a sua competitividade, entre os quais a necessidade de mão de obra qualificada e recursos tecnológicos que proporcionem mais rapidez, consistência e qualidade à execução de seus empreendimentos.
Siegbert Zanettini, professor titular da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo)
Recebemos no dia 13 de novembro o maior prêmio de sustentabilidade internacional em São Francisco, na Califórnia, EUA. Conquistamos o Top 1 do mundo com o prêmio “David Gottfried Global Green Building Entrepreneurship Award 2012”, entregue pessoalmente pelo próprio David Gottfried, que declarou: “Valorizamos e reconhecemos todo o trabalho realizado por um importante arquiteto brasileiro que contribui para um desenvolvimento da arquitetura sustentável global”. Essa láurea de empreendedorismo, recebida como uma das mais importantes premiações mundiais no cenário contemporâneo, coloca-nos na vanguarda pioneira e inovadora como o arquiteto que vem desenvolvendo novas tecnologias e sistemas de qualidade com ótimas condições ambientais. Recebemos também, dia 26 de novembro, do Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes, o Prêmio Socioambiental Chico Mendes 2012. Completa o ciclo de premiações o Prêmio Personalidade ABCEM 2012 (Associação Brasileira da Construção Metálica).
Como pontos negativos posso afirmar que a cadeia da construção civil especulativa permanece com soluções arquitetônicas tradicionais, sem inovações tecnológicas e colocando a ecoeficiência e a sustentabilidade erroneamente como questões de marketing. Com o cenário econômico atual que não vem favorecendo vendas pelo alto custo dos imóveis, o setor imobiliário permanece com um razoável número de lançamentos. Mas acredito que essa situação deve sofrer um encolhimento para 2013, principalmente em São Paulo, as grandes cidades no estado devem se beneficiar dessa situação.
As dificuldades que aparecem em alguns setores como o industrial, por exemplo, atravessa um período difícil pelo baixo investimento tecnológico e a mão de obra cara, com os produtos sofrendo uma concorrência dos importados. Os nossos produtos são entre 40% e 50% mais caros que os importados e sobre esses produtos incide uma carga tributária muito grande.
Os nichos em que atuamos revelam contínua expansão nos segmentos hospitalar (hospitais, clínicas, consultórios, edificações no setor de saúde) e residencial (apartamentos para as classes de maior poder aquisitivo e para a ascendente classe média). A área corporativa também continua em expansão também condicionada pelas empresas estrangeiras que estão no País. Pelo acirramento da competição global o Brasil, principalmente as obras estatais habitações, escolas e de infraestrutura, mais aeroportos, metrôs, postos, hotéis precisam de um grande avanço tecnológico e grandes investimentos. A defasagem brasileira à véspera dos grandes eventos é muito grande em relação a países do primeiro mundo e mesmo dos emergentes.
SindusCon-SP estima crescimento de 4% em 2013
O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil brasileira crescerá cerca de 4% em 2012 e voltará a crescer, entre 3,5% e 4%, em 2013, segundo projeções do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), o número, no entanto, é menor que o crescimento em 2011 que foi de 4,8%. A estimativa para o PIB do país em 2012 é de alta de 1,6%, com taxa de investimento em torno de 17,5% do PIB. O emprego formal na construção deverá aumentar 5,9% em relação a 2011, destacou o presidente da entidade, Sergio Watanabe.
Em 2013, poderá haver uma recuperação da taxa de investimento, que deverá ficar em 19% do PIB. Conjugado a isto, o SindusCon-SP estima que o PIB brasileiro evoluirá na mesma medida que o produto interno bruto da construção: entre 3,5% e 4%. Para 2012, o SindusCon-SP e a FGV previam crescimento bem acima do PIB do país, com base no ritmo de obras tanto do programa Minha Casa, Minha Vida quanto de infraestrutura. No entanto, o desempenho setorial foi um pouco afetado por dificuldades, tais como:
redução dos investimentos das empresas;
queda dos investimentos do setor público para a infraestrutura;
baixo ritmo de contratação de moradias para a faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida (para uma meta de 1,2 milhão de moradias nesta faixa, apenas 340 mil haviam sido contratadas até 31 de outubro);
paralisação durante alguns meses dos serviços rodoviários do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes);
morosidade na concessão de licenciamentos imobiliários, que afetou negativamente o início de obras.
No entanto, as construtoras continuaram contratando, o que sustenta os prognósticos de crescimento do setor acima do PIB nacional. As vendas de cimento registram alta expressiva no ano. Apesar de o nível de emprego formal da construção brasileira ter caído 0,22% em outubro, ainda assim acumulava crescimento de 6,57% no ano, comparado ao mesmo período de 2011. Em outubro, o setor empregava 3 415 mi de trabalhadores. O estado de São Paulo tinha naquele mês 859 mil trabalhadores com carteira, uma alta acumulada de 4,6%.
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