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Revista GC - Ed.6 - Julho 2010
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Artigo

Empreendedores, sustentabilidade e pré fabricados em concreto

Autores: Dr. Roberto José Falcão Bauer, engenheiro civil e presidente do Instituto Falcão Bauer da Qualidade e Dr. Remo Cimino, engenheiro civil e consultor de empresas

O novo paradigma da civilização é, sem dúvida, a sustentabilidade. Chegamos a um momento em que é necessário reinterpretar o conceito de desenvolvimento, contemplando maior harmonia e equilíbrio do ser humano com o próprio ser humano e a natureza, entre o todo e as partes, e combinar os processos econômicos, sociais, culturais e políticos para que os recursos naturais das gerações futuras não sejam comprometidos.

Hoje, corremos o risco do efeito estufa – aumento da temperatura nas camadas mais baixas da atmosfera como resultado do acúmulo de gases como vapor d´água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido de nitrogênio (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3). Estes gases, conhecidos como gases de efeito estufa, funcionam como o vidro que cobre uma estufa: permitem a entrada dos raios solares e impedem a saída de calor. Esse processo mantém a temperatura na superfície da Terra equilibrada e favorece a existência da vida como conhecemos – sem o


Autores: Dr. Roberto José Falcão Bauer, engenheiro civil e presidente do Instituto Falcão Bauer da Qualidade e Dr. Remo Cimino, engenheiro civil e consultor de empresas

O novo paradigma da civilização é, sem dúvida, a sustentabilidade. Chegamos a um momento em que é necessário reinterpretar o conceito de desenvolvimento, contemplando maior harmonia e equilíbrio do ser humano com o próprio ser humano e a natureza, entre o todo e as partes, e combinar os processos econômicos, sociais, culturais e políticos para que os recursos naturais das gerações futuras não sejam comprometidos.

Hoje, corremos o risco do efeito estufa – aumento da temperatura nas camadas mais baixas da atmosfera como resultado do acúmulo de gases como vapor d´água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido de nitrogênio (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3). Estes gases, conhecidos como gases de efeito estufa, funcionam como o vidro que cobre uma estufa: permitem a entrada dos raios solares e impedem a saída de calor. Esse processo mantém a temperatura na superfície da Terra equilibrada e favorece a existência da vida como conhecemos – sem o efeito estufa, a temperatura média do planeta seria de -18ºC. O aumento de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera em decorrência de atividades humanas, entretanto, pode ampliar de modo nocivo o efeito estufa retendo mais energia na atmosfera e gerando uma elevação na temperatura (aquecimento global) capaz de causar o derretimento das calotas polares, o aumento do nível dos oceanos e a sumersão de áreas costeiras

O relatório do desenvolvimento humano publicado em 1998 pelo Pnud assinala que: “O consumo contribui claramente para o desenvolvimento humano quando aumenta as suas capacidades, sem afetar adversamente o bem-estar coletivo, quando é tão favorável para as gerações futuras como para as presentes, quando respeita a capacidade de suporte do planeta e quando encoraja a emergência de comunidades dinâmicas e criativas”.

Essas necessidades de mudanças têm, na última década, mobilizado o Brasil, a sociedade civil, investidores, financiadores e consumidores (clientes), que passaram a exigir responsabilidades das empresas com relação ao impacto ambiental de suas atividades. No setor da construção, estas exigências têm se acentuado devido ao alto impacto ambiental e social das atividades de fabricação de materiais, projeto de arquitetura e engenharia, construção, uso e operação de empreendimentos que envolvem as edificações e infraestrutura.

CICLO DE VIDA DE UM PROJETO (EMPREENDIMENTO)
Projetos são empreendimentos únicos e envolvem, portanto, um certo grau de incerteza e riscos e cada fase (ou estágio) do ciclo de evolução do projeto compreendendo contextos bem definidos, a fim de facilitar o seu controle de gerenciamento e estabelecer vínculos bem claros com os interessados envolvidos no projeto, dentro e fora da organização da empresa.

Intenção é o primeiro passo (muita intuição e na maioria das vezes pouca razão) para se colocar em jogo a intenção de se criar ou desenvolver um projeto (empreendimento).

Avaliação é o passo da razão, isto é, todos os setores-chave da empresa (interessados internos e externos) e consultores passam a detalhar e expor suas convicções na formulação do plano do projeto (empreendimento) e concluírem sobre: aspectos políticos, investimentos, rentabilidade do projeto, ações de marketing, definições técnicas: - projetos de arquitetura e engenharia - e custos de implantação e operacionais, procedimentos organizacionais, principais parceiros, ações do meio ambiente, etc.

Consolidação é o passo em que se consolida o plano operacional do projeto e realiza-se o detalhamento dos processos operacionais de implantação, projetos executivos de arquitetura e engenharia e operação do projeto.

Implantação-Construção envolve todos os interessados nas áreas: econômica – financeira; construção, instalações físicas, fornecimento e montagem dos equipamentos do processo de produção até momento da realização dos testes e treinamento da entrada em operação.

Operação envolve o pessoal operacional do projeto que começa a produzir os produtos compactuados com o projeto, atuar junto aos seus fornecedores e clientes, portanto devem conhecer todo o sistema da cadeia produtiva.

EXPECTATIVA E VISÃO DO EMPREENDEDOR E DO CLIENTE
Modelo de negócio

  • Marketing: antes das decisões deve-se ter o pleno conhecimento da situação, através da análise de fatos e dados, fundamentados na realidade do mercado atual, futuro e a vontade e motivação da equipe.
  • Capacitação técnica e econômica: modelo de negócio visando o lucro e a sua inovação.
  • Implantação: preço, qualidade, prazo de execução e compatíveis com o negócio.
  • Operação e manutenção: adequados à realidade do projeto (empreendimento).
  • Disponibilidade e custos de: reposição, manutenção, assistência técnica e serviços pós-venda; compatíveis com a vida útil do projeto (empreendimento).
  • Persistência para criação de novos mercados e negócios.
  •  

    Implantação e operação do empreendimento (projeto)
    Implantação do empreendimento

    • Investimentos consistentes e que não sofram alterações consideráveis para a implantação do empreendimento.
    • Qualidade técnica dos serviços baseada em custos competitivos.
    • Qualidade técnica e custos competitivos para a prevenção e mitigação do impacto sobre o meio ambiente.
    • Operação (uso) do empreendimento.
    • Investimento que esteja em conformidade com as diretrizes gerais da estratégia do programa das intervenções, do controle e acompanhamento do gerenciamento dos recursos humanos, da disponibilização de equipamentos, materiais de consumo para a realização das atividades de operação, conservação e manutenção, e também a durabilidade das estruturas conforme previstas nos estudos de viabilidade técnica-econômica do empreendimento.

    Sustentabilidade
    Construção sustentável e viabilização

    • Planejamento sustentável é a mais importante etapa da obra amiga do meio ambiente. A partir dele serão decididas todas as intervenções que poderão integrar a obra ao meio ambiente ou resultar em danos em curto, médio e longo prazos (No Brasil estima-se que a construção civil: edificações, saneamento, rodovias, ferrovias, barragens, prédios administrativos, entre outros, sua manutenção e a cadeia produtiva dos bens, tais como: cimento, cerâmica, madeira, aço, água, entre outros tantos consomem cerca de 75% dos recursos naturais)
    • Qualidade de um sistema sustentável; que tem a capacidade de se manter em seu estado atual durante um tempo indefinido, principalmente devido à baixa variação em seus níveis de matéria e energia, desta forma não esgotando os recursos de que necessita.
    • Utilização de ecoprodutos (materiais) e soluções inteligentes, que promovam a redução da poluição, o bom uso e economia da água e de energia, seja no processo de implantação do projeto (construção), ocupação (manutenção e operação), gerando conforto aos usuários, ocasionando o menor impacto da edificação ao meio ambiente, durante sua utilização e desmonte pós-uso (A cadeia produtiva da construção contribui para a poluição, inclusive na liberação de gases do efeito estufa).
    • Dar ênfase na mudança cultural e amadurecimento sustentável, levando em consideração: introduções de inovações tecnológicas referentes às construções sustentáveis; gestão de: resíduos, coleta de água de chuva, segurança, saúde, coleta seletiva de lixo, compras de produtos sustentáveis, transporte sustentável.
    • Integração entre soluções de projeto e sustentabilidade focando: a perturbação social, perigo aos transeuntes, perturbação da fauna, emissão de material pulverulento, emprego de materiais ecológicos, redução do consumo de energia, reaproveitamento de materiais das sobras (resíduos) de construção, redução de ruídos, entre outros.
    • Dar atenção especial ao destino sanitário das águas servidas e fluentes sólidos, tendo em vista o problema a ser evitado de contaminação direta ou indireta da população vizinha, podendo tornar crítica a execução de um projeto.
    • Dar atenção na utilização de madeira extraída ilegalmente, além de comprometer a sustentabilidade das florestas representa séria ameaça ao equilíbrio ecossistêmico.
    • Em síntese o Empreendedor exige um crescimento sustentável de forma que o indivíduo, a sociedade e a natureza não sejam agredidos, possibilitando uma evolução para todos no sentido da sustentabilidade.

    Passivo ambiental
    Dar ênfase ao passivo ambiental, principalmente quando atravessam ou interferem com áreas sensíveis e protegidas.

    Requisitos e indicadores de desempenho ambiental
    Estabelecer os requisitos e indicadores de desempenho e as influências de cada fase do processo construtivo e de operação, com relação ao meio ambiente.

    Oportunidades e clientes
    Na confecção do projeto arquitetônico e de engenharia estabelecer os diferenciais competitivos, redução de custos, melhoria nos níveis de eficiência  e desempenho, visando: Conquista e fidelização de clientes, ambiente de trabalho positivo, controle de redução de custos, acesso ao mercado externo, acesso ao crédito etc.

    Ambiente global
    Estar atento para os critérios de qualidade do ar, da água e do solo, inclusive com relação ao aquecimento global, à camada de ozônio, alterações no ecossistema, consumo de recursos naturais, emissão de gases com efeito estufa, poluentes aéreos e descarga de resíduos.

    Energético
    Utilização de máquinas e equipamentos altamente eficientes energeticamente – elétrico, combustíveis fósseis e gás natural.

    Ambiente em torno da obra

    • Interferência ao redor do empreendimento que, segundo os requisitos do plano urbanístico e arquitetônico, implicam custos adicionais que exigem uma análise cuidadosa.
    • Análise das contaminações e alterações que possam afetar o ar, solo, água e bens públicos e privados.
    • Passivo ambiental ao redor do empreendimento.

    DURABILIDADE E DESEMPENHO DA ESTRUTURA

    • A durabilidade da estrutura de concreto do empreendimento depende da qualidade de fabricação das peças pré-moldadas, dos materiais utilizados, equipamentos de confecção e da mão de obra especializada.
    • Depende também da construção, exatidão da obra, principalmente dos elementos de ligação das peças pré-fabricadas.
    • Os outros cuidados que se deve ter com as estruturas pré-fabricadas são os mesmos de qualquer estrutura convencional; requer uma boa manutenção preventiva.
    • Capacidade de resistir à ação de intempéries, ataque químico, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração (ACI 201).
    • Um concreto durável preservará sua forma, qualidade e capacidade de usos originais, quando exposto ao ambiente para o qual foi projetado.
    • As estruturas de concreto devem ser projetadas, construídas e utilizadas de modo que, sob as condições ambientais previstas em projeto e respeitadas às condições de manutenção preventiva especificada em projeto, conservem sua segurança, estabilidade, aptidão de serviço e aparência, durante período pré-fixado, sem exigir medidas extras de manutenção e reparo.

    RESPONSÁVEIS PELA GARANTIA DA QUALIDADE E DURABILIDADE DA ESTRUTURA
    A garantia da qualidade identifica-se com a gestão da qualidade, e corresponde à execução das atividades da qualidade planejada(s) e que a empresa tem como objetivos:

    • a utilização de todos os processos necessários para atender aos requisitos da qualidade;
    • que os padrões de qualidade sejam alcançados;
    • um conjunto de medidas orientadas para atingir a qualidade, em outras palavras, evitar ou detectar erros em todas as fases do processo construtivo;
    • um conjunto de processos para a resolução de problemas ou de correções de defeitos, com abordagem consistente e rigorosa que assegure que eles sejam corrigidos de maneira eficiente;
    • referência à demonstração documentada de que foram efetuados os pertinentes controles da qualidade;
    • estabelecer os critérios de desempenho do projeto, visando a assegurar que o processo está funcionando e que o projeto irá atender aos padrões estabelecidos no planejamento da qualidade

    VIDA ÚTIL DOS PROJETOS E DOS MATERIAIS
    Vida útil do projeto

    • Período de tempo durante no qual as estruturas de concreto mantêm características  conforme estabelecido em projeto;
    • Pode ser aplicado à estrutura como um todo ou às suas partes;
    • Após entrega existem responsabilidades sobre seu correto funcionamento, incluindo a eficiência na sua operação e manutenção, que representam um custo muito superior ao da execução.

    Vida útil dos materiais

    • Nenhum material é propriamente perene. Como resultado de interações ambientais, a microestrutura e, consequentemente, suas propriedades mudam com o tempo.
    • Mesmo estruturas bem calculadas, bem executadas e muito bem utilizadas sofrem desgaste natural e necessitam de manutenção.
    • Um material atinge o fim de sua vida útil quando suas propriedades, sob determinadas condições de uso, tiverem se deteriorado de tal forma que a sua utilização se torna insegura e antieconômica.

    PROCEDIMENTOS PARA A EXECUÇÃO DOS PROJETOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA
    Os principais critérios para a utilização de peças pré-fabricadas de concreto de uma maneira geral são  os “Conhecimentos do processo operacional e a garantia da qualidade”, visando às ações mecânicas, físicas, químicas e biológicas.

    PROJETO BÁSICO/EXECUTIVO - PROCESSOS
    O desafio para qualquer projetista é encontrar o equilíbrio, a combinação perfeita que leve em consideração aspectos como a durabilidade, o tempo de construção, a funcionalidade, a segurança, entre outros.

    Processos diretamente relacionados à geração de valor agregado para os clientes internos e externos, associados à prestação de serviços e criação de produtos necessários para atender às necessidades dos empreendedores, clientes e da sociedade, compreendem, normalmente:

    • processos de projeto de arquitetura /designer;
    • processos de produção (fabricação de bens ou prestação de serviços);
    • processos de execução e de entrega (expedição, transporte e distribuição de bens ou conclusão de um serviço) do produto;
    • processos de operação;
    • processos de assistência técnica e/ou pós-entrega;
    • satisfação dos clientes internos e externos;
    • no serviço público, são também conhecidos como processos-fim.

    PROCEDIMENTOS PARA A PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DE PEÇAS PRÉ-FABRICADAS
    Organização do trabalho na produção das peças pré-fabricadas, vantagens e facilidades.

    • Definição precisa dos métodos de execução e dos modos operacionais, permitindo colocar em prática técnicas modernas de construção e equipamentos de alto rendimento;
    • Escolha em quantidade e qualidade do pessoal para a execução dos serviços, de tal forma que se tenha a racionalização do ciclo de trabalho;
    • Formação adequada das equipes de trabalho, coordenando e distribuindo de forma equilibrada a concentração de pessoal especializado;
    • Continuidade na execução dos serviços, procurando-se evitar picos desnecessários de trabalho;
    • Coordenação de atividades para se obter eficaz e economicamente a execução de um serviço, ou seja, pesquisa de uma maior eficiência na ordenação do trabalho;
    • Organização do trabalho na aplicação das peças pré-fabricadas, vantagens e facilidades;

    Apresentam as seguintes vantagens e facilidades, entre outras:

    • Mobilidade total para a utilização de equipamentos;
    • Utilização racional das dimensões dos equipamentos;
    • Evitam o congestionamento dos equipamentos;
    • Facilidade de acesso às redes de energia elétrica, ar comprimido, água, drenagem etc;
    • Balanceamento das áreas de acordo com a demanda do produto;
    • Racionalização da movimentação e estocagem das peças em função do suprimento;
    • Facilidade para percorrer as áreas de serviço;
    • Incremento e velocidade do processo construtivo;
    • Implementam a segurança e saúde, reduzindo ao máximo as atividades no canteiro de obras;
    • Reduzem os resíduos de construção;
    • Aumentam a eficiência energética;
    • Reduzem o nível de ruídos na construção;
    • Estabilizam ou reduzem os custos de construção e operação;
    • Reduzem os custos de manutenção preventiva;
    • Incentivam, valorizam a pré-fabricação industrial, visando reduzir os defeitos de execução e desperdícios;
    • Modificam a opinião pública aumentando a qualidade do produto no mercado consumidor;
    • Menos improvisação no canteiro.

    CONCLUSÃO
    Os Empreendedores de todo Brasil caminham a passo largos para agregarem valores aos seus empreendimentos, considerando a sustentabilidade das construções, saúde e segurança no trabalho, qualificação profissional, trabalho justo, entre outros, o desenvolvimento de projetos que visam à certificação ambiental do empreendimento e contemplam a redução dos impactos e a qualidade da implantação das construções, economia de água, eficiência energética, redução do uso de recursos não renováveis, especificação de materiais sustentáveis, industrialização da construção, melhoria da qualidade do ambiente construído, uso e operação do empreendimento e com adoção de indicadores de desempenho do empreendimento em relação à sustentabilidade.

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