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Revista GC - Ed.32 - Novembro 2012
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Artigo

Construção: Os desafios da industrialização

Por Iria Lícia Oliva Doniak

Em essência, a industrialização tem estado presente em nossa história na busca por uma vida melhor. Por definição, é simplesmente a utilização de tecnologias que substituem a habilidade de artesanato pela mecanização. No que diz respeito à arquitetura e à engenharia, seus princípios são milenares e estão evidenciados desde a simetria das edificações dos impérios greco-romanos e perceptíveis na arquitetura gótica, em que estruturas complexas davam lugar à leveza e repetibilidade das formas. Já no século XX, Le Corbusier, inspirado na indústria automobilística de Henry Ford, que tinha como característica fundamental a alta produtividade e a racionalização, criou o Modulor*. A reconstrução da Europa do pós-guerra, uma grande demanda habitacional e de infraestrutura, com recursos escassos, teve na industrialização uma forte aliada.

Princípios ou características milenares justificam a adoção de metodologias construtivas diferenciadas que propiciem o incremento da produtividade, sem que haja detrimento da qualidade, preservando conceitos arquitetônicos como função e forma.

Atualmente, requisitos como sustentabilidade e desempenho têm estado cada vez mais presentes em diversos empreendimentos, quer em obras de infraestrutura ou habitacionais, construção pesada ou não. A partir desses requisitos, creio que a maneira de construir nunca mais será a mesma e como em todo o processo de transformação, indubitavelmente, é imprescindível que haja mudança, afim de que todos os benefícios da industrialização da construção sejam extraídos ao máximo. O primeiro passo diz respeito ao projeto. Uma das premissas básicas para potencializar os benefícios da adoção de sistemas industrializados reside no planejamento, uma vez que improvisações de canteiro não mais possuem lugar. Sendo assim a definição do sistema construtivo ou dos sistemas construtivos a serem adotados, pois podemos ter um mix composto por dois ou mais sistemas: estar presente desde a concepção arquitetônica. Já neste momento, deve haver interface com outras disciplinas, especialmente, a estrutura, bem como as características específicas do empreendimento em questão serem trazidas à luz da disponibilidade de materiais e componentes na região e as considerações de logística, culminando no


Em essência, a industrialização tem estado presente em nossa história na busca por uma vida melhor. Por definição, é simplesmente a utilização de tecnologias que substituem a habilidade de artesanato pela mecanização. No que diz respeito à arquitetura e à engenharia, seus princípios são milenares e estão evidenciados desde a simetria das edificações dos impérios greco-romanos e perceptíveis na arquitetura gótica, em que estruturas complexas davam lugar à leveza e repetibilidade das formas. Já no século XX, Le Corbusier, inspirado na indústria automobilística de Henry Ford, que tinha como característica fundamental a alta produtividade e a racionalização, criou o Modulor*. A reconstrução da Europa do pós-guerra, uma grande demanda habitacional e de infraestrutura, com recursos escassos, teve na industrialização uma forte aliada.

Princípios ou características milenares justificam a adoção de metodologias construtivas diferenciadas que propiciem o incremento da produtividade, sem que haja detrimento da qualidade, preservando conceitos arquitetônicos como função e forma.

Atualmente, requisitos como sustentabilidade e desempenho têm estado cada vez mais presentes em diversos empreendimentos, quer em obras de infraestrutura ou habitacionais, construção pesada ou não. A partir desses requisitos, creio que a maneira de construir nunca mais será a mesma e como em todo o processo de transformação, indubitavelmente, é imprescindível que haja mudança, afim de que todos os benefícios da industrialização da construção sejam extraídos ao máximo. O primeiro passo diz respeito ao projeto. Uma das premissas básicas para potencializar os benefícios da adoção de sistemas industrializados reside no planejamento, uma vez que improvisações de canteiro não mais possuem lugar. Sendo assim a definição do sistema construtivo ou dos sistemas construtivos a serem adotados, pois podemos ter um mix composto por dois ou mais sistemas: estar presente desde a concepção arquitetônica. Já neste momento, deve haver interface com outras disciplinas, especialmente, a estrutura, bem como as características específicas do empreendimento em questão serem trazidas à luz da disponibilidade de materiais e componentes na região e as considerações de logística, culminando no que chamamos de projeto otimizado. Parte dos benefícios da industrialização é perdida quando a industrialização torna-se apenas um suporte para a maneira convencional de projetar e construir, ou quando é definida sua utilização após um projeto existente ser apenas convertido para o uso de sistemas industrializados. Este seria o primeiro desafio para um desfrute pleno das vantagens da industrialização.

O segundo desafio reside na contratação. Ao adotar um sistema industrializado, a qualificação do fornecedor, com base não somente em atender ao prazo com o menor custo, mas efetivamente em relação ao atendimento das normas técnicas aplicáveis, capacidade de planejamento e logística, avaliando as interfaces de projeto, produção e montagem são imprescindíveis. A mecanização, as situações transitórias, as execuções de ligações em canteiro, a precisão dimensional dos elementos, devem preceder um projeto adequado. Muitas vezes, os benefícios da industrialização não são evidenciados pela má contratação que gera transtornos durante a aplicação ou passivos decorrentes de manutenções desnecessárias, que acabam acontecendo por contratações inadequadas, comprometendo a imagem dos sistemas e os resultados. Ao se investir em projeto e adequada contratação, se verificará o efetivo resultado global.

O terceiro desafio é o de viabilizar a industrialização não somente em empreendimentos nos quais o retorno financeiro é rápido - motivo pelo qual o sistema se viabiliza em empreendimentos como shopping centers e condomínios logísticos ou industriais -, mas tenha também sua viabilidade assegurada e seus benefícios estendidos especialmente em empreendimentos habitacionais, em que a industrialização muito pode contribuir. Para tanto, a isonomia tributária em relação aos sistemas convencionais é fundamental, pois, no Brasil, diferentemente dos países europeus ou dos Estados Unidos, os sistemas industrializados ainda são penalizados por uma carga tributária maior.

Todos os sistemas construtivos convencionais ou industrializados continuarão tendo seu espaço, especialmente pela necessidade habitacional e de infraestrutura que existe em nosso país. Construir de forma sustentável passa pela adequada aplicação da tecnologia disponível em cada empreendimento, desde o início do processo que se dá no projeto à adequada contratação dos fornecedores. Catalisar o processo de industrialização a parte de questões técnicas é um esforço conjunto entre a iniciativa privada e o governo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Iria Lícia Oliva Doniak é engenheira, graduada pela PUC-PR, membro do Comitê de Revisão da NBR 9062 Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré–Moldado, presidente da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e membro do Conselho Editorial de Grandes Construções.

 

 

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