Em tempo de crise econômica no país, o ramo da construção civil passa por um delicado processo de economia de recursos visando resguardar suas atividades e lucros. Normal que muitas empresas neste ramo acreditem que os investimentos em meio ambiente não sejam prioritários nessas condições. Porém, há que se desmistificar a ideia geral de que meio ambiente gera custo e não economia. E foi dentro desse panorama que foram implementadas algumas boas práticas ambientais visando a redução de recursos financeiros aliados à prática da sustentabilidade na obra de implantação de ciclovia na zona sul do Rio de Janeiro.
REUSO DE SOLO DE ESCAVAÇÃO
A primeira boa prática implantada foi o reuso de solo fruto da atividade de escavação (manual e mecânica). Geralmente enviado para aterros, este solo começou a ser armazenado, desde setembro de 2014, em sacos de ráfia e utilizado no aterramento de cortinas atirantadas de contenção, o que gera economia tanto na destinação quanto na compra de solo novo.
Até o mês de maio de 2015 esta atividade gerou
Em tempo de crise econômica no país, o ramo da construção civil passa por um delicado processo de economia de recursos visando resguardar suas atividades e lucros. Normal que muitas empresas neste ramo acreditem que os investimentos em meio ambiente não sejam prioritários nessas condições. Porém, há que se desmistificar a ideia geral de que meio ambiente gera custo e não economia. E foi dentro desse panorama que foram implementadas algumas boas práticas ambientais visando a redução de recursos financeiros aliados à prática da sustentabilidade na obra de implantação de ciclovia na zona sul do Rio de Janeiro.
REUSO DE SOLO DE ESCAVAÇÃO
A primeira boa prática implantada foi o reuso de solo fruto da atividade de escavação (manual e mecânica). Geralmente enviado para aterros, este solo começou a ser armazenado, desde setembro de 2014, em sacos de ráfia e utilizado no aterramento de cortinas atirantadas de contenção, o que gera economia tanto na destinação quanto na compra de solo novo.
Até o mês de maio de 2015 esta atividade gerou economia de pouco mais de cem mil reais evitando assim custos com pagamento de transporte e destinação em aterros e compra de caminhões de solo novo retirado de outras regiões impactando o ecossistema regional.
A condição principal para propiciar o reuso era a condição do solo escavado, pois ele precisava estar limpo de outros resíduos que não fossem materiais orgânicos naturais misturados no local. Em alguns pontos deste empreendimento (que possui 3,9 km de extensão) o solo não estava em condições ideais para ser reutilizado no próprio local e isso não evitou que esse solo fosse reutilizado em outra atividade. Foi enviado para reutilização na construção de uma central frigorífica de outra empresa.
Importante evidenciar que mais importante que a economia financeira é o fato de que se evitou que houvesse consumo de recursos naturais de outros locais, causando impactos ambientais severos nos ambientes de onde seriam retirados. A quantidade de solo reutilizado no próprio local está na ordem de 1025 m3 e ainda continua aumentando. Já a quantidade de solo enviado para reuso em outro local foi de 765 m3.
Economia de água como aliada na economia de recursos
Outra importante boa prática aplicada é o reuso de água nos canteiros da obra da ciclovia aqui citada. Com a crise de escassez de água atual, todos são forçados a fazer a economia deste recurso visando garantir sua disponibilidade por mais tempo. Neste caso, ações simples foram implantadas e geraram grande economia no uso e consequentemente na aquisição de água para utilização.
Na fase de mobilização dos canteiros, os lavatórios foram conectados aos mictórios e/ou descargas possibilitando o reuso da água e diminuindo a quantidade de água limpa usada para essas finalidades.
Outra prática é a captação de água condensada dos aparelhos de ar condicionado dos canteiros através do uso de um simples sistema de canos de PVC e de galões de 20L. Esta água captada é utilizada na limpeza interna dos canteiros e na lavagem dos veículos de transporte de materiais e colaboradores. É importante aliar as ações de economia de água com a manutenção dos recipientes de armazenamento e dos sistemas de distribuição interna da mesma, evitando também o desperdício fruto de vazamentos.
Por fim, o maior impacto com reuso de água foi na atividade de captação de água residual de cimento e concreto (fruto da limpeza de caminhões betoneira, de misturadores, de ferramentas e masseiras). Toda a água foi colocada em tanques de decantação ou em caixas d’água e deixada parada e tampada por um período de 24h visando a separação da água e dos sedimentos sólidos que decantam e depositam-se no fundo dos recipientes. Após este processo são analisados acidez e Ph da água visando reutilizá-la na limpeza de recipientes e ferramentas envolvidas nas atividades de concretagem. Os sedimentos sólidos inertes decantados são enviados para reciclagem e tornam-se agregados reciclados e outros materiais.
Todas estas atividades de reuso de água geraram economia de 480 m3 até maio de 2015, que giram na ordem de R$ 29.000,00 (vinte e nove mil reais). As ações relatadas neste artigo mostram a importância que as boas práticas ambientais têm na economia de recursos naturais e financeiros dentro das atividades da construção civil. Porém só são possíveis com a sensibilização de profissionais do setor para que visualizem o meio ambiente como aliado e não gerador de custos nos projetos. Ideias simples com impacto significativo no curto prazo auxiliam as empresas a reduzirem os impactos financeiros sofridos durante a crise além de demonstrarem que a sustentabilidade não é inatingível.
Tecnóloga em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e responsável pela Gestão Ambiental em obras no grupo Concremat.
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