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Revista GC - Ed.64 - Outubro 2015
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Abastecimento

Calcanhar de Aquiles

Sistema São Lourenço aumentará a oferta de água para a Grande São Paulo apoiando a oferta de água do Sistema Cantareira, um dos principais desafios do governo paulista

O sistema Cantareira, um dos principais sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo, atingiu níveis críticos no último ano, chegando ao índice mais baixo da história, 3,5%. De acordo com os pesquisadores Paulo Inácio Prado, da USP, e Renato Mendes Coutinho e Roberto Kraenkel, da Unesp, o sistema Cantareira sofreu uma transição catastrófica, passando rapidamente de condições normais para um estado de ineficiência. Essa transição ocorreu em janeiro de 2014. Segundo eles, essa condição poderia ter sido evitada por meio do monitoramento do sistema, com a retirada de  menos água quando houvesse o risco de transição.

O agravamento do problema assustou os habitantes atendidos pelo Sistema Cantareira, levando o governo a buscar outras soluções para a crise hídrica, além de colocar em prática um racionamento. A principal delas vem do novo projeto de captação de água batizado de Sistema Produtor de Água São Lourenço, que captará água na represa Cachoeira do França, em Ibiúna. O novo sistema vai captar 4,7 mil litros por segundo, volume suficiente para atender 1


O sistema Cantareira, um dos principais sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo, atingiu níveis críticos no último ano, chegando ao índice mais baixo da história, 3,5%. De acordo com os pesquisadores Paulo Inácio Prado, da USP, e Renato Mendes Coutinho e Roberto Kraenkel, da Unesp, o sistema Cantareira sofreu uma transição catastrófica, passando rapidamente de condições normais para um estado de ineficiência. Essa transição ocorreu em janeiro de 2014. Segundo eles, essa condição poderia ter sido evitada por meio do monitoramento do sistema, com a retirada de  menos água quando houvesse o risco de transição.

O agravamento do problema assustou os habitantes atendidos pelo Sistema Cantareira, levando o governo a buscar outras soluções para a crise hídrica, além de colocar em prática um racionamento. A principal delas vem do novo projeto de captação de água batizado de Sistema Produtor de Água São Lourenço, que captará água na represa Cachoeira do França, em Ibiúna. O novo sistema vai captar 4,7 mil litros por segundo, volume suficiente para atender 1,5 milhão de moradores dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. Desse total, cerca de 1,1 milhão são abastecidos pelo Cantareira.

A Sabesp afirma que protocolou pedido na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para aumentar a outorga do futuro sistema para 6,4 mil l/s. Se for aprovado esse acréscimo, será possível abastecer mais 500 mil moradores de Santana do Parnaíba, Carapicuíba e Osasco, que hoje são exclusivamente atendidos pelo Sistema Cantareira. De acordo com a empresa, o sistema beneficiará uma região com crescimento populacional acima da média do Estado – enquanto a média de aumento populacional paulista é de 0,87% ao ano, cidades como Cotia, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista têm média acima de 2% a cada ano. Serão beneficiados condomínios residenciais (como Alphaville, Tamboré e Granja Viana), centros comerciais e 685 núcleos de baixa renda, onde vivem as famílias atraídas pela oferta de empregos.

O sistema São Lourenço será interligado aos oito outros que já fazem parte do Sistema Integrado Metropolitano – Cantareira, Alto Tietê, Alto e Baixo Cotia, Guarapiranga, Rio Claro, Rio Grande e Ribeirão da Estiva. Atualmente, a Sabesp tem capacidade instalada para produzir 73 mil litros de água tratada a cada segundo. Com a entrada do São Lourenço, esse volume chegará a 77.700 l/s. “O Sistema Integrado Metropolitano é constituído por uma rede de adutoras, estações elevatórias e reservatórios de distribuição. A adição de um novo sistema produtor a essa rede terá necessariamente repercussões no abastecimento das demais regiões da metrópole”, afirma em nota a Sabesp.

Realizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), a obra do São Lourenço completou um ano em abril. Para a construção do sistema, estão sendo investidos R$ 2,21 bilhões pelo parceiro privado, que é o Sistema Produtor São Lourenço, cujos acionistas são as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. O contrato da PPP tem prazo previsto de 25 anos. Segundo esse contrato, a conclusão da obra está prevista para abril de 2018, porém a Sabesp afirma que estão sendo empreendidos esforços para antecipar a conclusão da obra para outubro de 2017.

No total, serão instalados 83 quilômetros de adutoras, incluindo um túnel de 1.100 metros pela serra e uma passagem por baixo da Rodovia Raposo Tavares. Em parte do trajeto os tubos chegam a ter 2,1 metros de diâmetro. Um dos pontos principais é o bombeamento da água para superar o desnível de 300 metros da Serra de Paranapiacaba. O projeto prevê ainda a construção de uma estação de tratamento de água em Vargem Grande Paulista, e reservatórios para armazenar até 110 milhões de litros d’água. Atualmente, estão sendo executadas obras para a implantação de adutoras de água bruta e tratada, construção de estação de tratamento, de captação e estação elevatória de água bruta. O empreendimento gerou mais de 3.500 empregos diretos e indiretos.

Obra sustentável

De acordo com a Sabesp, as licenças para a construção do sistema já foram obtidas. Segundo a Sabesp, o projeto do novo sistema prevê uma série de ações sustentáveis e de tecnologia de ponta. Os edifícios da Estação de Tratamento de Água, que ficará em Vargem Grande Paulista, terão ventilação e iluminação naturais, energia solar e reuso da água de chuva, aproveitando ao máximo os recursos naturais. A obra do São Lourenço terá diferentes frentes de compensação ambiental: uma área de mata nativa de cerca de 80 hectares deve ser adquirida e preservada, a título de reposição florestal. Além disso, a Sabesp afirma ter repassado cerca de R$ 8 milhões à Secretaria do Meio Ambiente como compensação ambiental do empreendimento. Adicionalmente, a Reserva Florestal de Morro Grande, no Alto Cotia, já pertencente à Sabesp, vai ser transformada em Unidade de Conservação (Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN).

 

 

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