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Revista GC - Ed.12 - Jan/Fev 2011
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Artigo

Ação no Complexo do Alemão: um exemplo para a Copa de 2014

Por Maurício Martins Lopes, PMP

Eram quase oito horas da manhã de 21 de novembro de 2010. Em pouco mais de uma hora, um território dominado pelo crime organizado há décadas era recuperado pela ação policial e devolvido à comunidade. A cena, apresentada em todas as mídias do Brasil e em boa parte do mundo, na qual a bandeira brasileira era desfraldada no ponto mais alto do morro, representava o objetivo principal alcançado naquela operação.

Esta operação, sem precedentes na história policial brasileira recente, deve ser analisada não somente como uma ação isolada, mas através de lições aprendidas, dos erros e principalmente dos acertos.

Sem dúvida um dos grandes diferenciais foi o planejamento detalhado e abrangente para a realização da operação. Outro fator foi a ação coordenada entre as diversas instâncias governamentais, no âmbito estadual e federal, que permitiu um desfecho feliz.

Planejamento: a chave para o sucesso da operação 
O planejamento não se resume apenas na definição do prazo para a realização de um evento ou empreendimento, mas sim na resposta a uma série de perguntas, a saber: o que fazer?; como fazer?; quem vai fazer?; quando fazer?; quanto custa?; quais recursos devem ser utilizados?; quais riscos envolvidos?; e quem são os envolvidos (stakeholders)?

Antes de iniciar as respostas às perguntas acima, é necessário definir claramente os objetivos a serem atingidos. Com certeza o objetivo desta operação foi delineado para que a ocupação do Complexo do Alemão ocorresse com o mínimo de danos (pessoais e materiais) aos moradores da comunidade.

A partir daí, mesmo que de forma não estruturada, foram feitas as perguntas citadas anteriormente.

O que e como fazer? – foi a definição e o detalhamento de todas as atividades necessárias para o cumprimento dos objetivos previamente estabelecidos. Este detalhamento incluiu todas as ações da invasão propriamente dita, a forma como os suprimentos chegariam ao suposto combate e toda a infraestrutura disponibilizada nas cercanias do Complexo do Alemão.

Quem vai fazer e quais são os envolvidos (stakeholders)? – levou em conta a atribuição dos recursos utilizados (em quantidade e qualificação) para a execução das tarefas. Além desta atribuiç


Eram quase oito horas da manhã de 21 de novembro de 2010. Em pouco mais de uma hora, um território dominado pelo crime organizado há décadas era recuperado pela ação policial e devolvido à comunidade. A cena, apresentada em todas as mídias do Brasil e em boa parte do mundo, na qual a bandeira brasileira era desfraldada no ponto mais alto do morro, representava o objetivo principal alcançado naquela operação.

Esta operação, sem precedentes na história policial brasileira recente, deve ser analisada não somente como uma ação isolada, mas através de lições aprendidas, dos erros e principalmente dos acertos.

Sem dúvida um dos grandes diferenciais foi o planejamento detalhado e abrangente para a realização da operação. Outro fator foi a ação coordenada entre as diversas instâncias governamentais, no âmbito estadual e federal, que permitiu um desfecho feliz.

Planejamento: a chave para o sucesso da operação 
O planejamento não se resume apenas na definição do prazo para a realização de um evento ou empreendimento, mas sim na resposta a uma série de perguntas, a saber: o que fazer?; como fazer?; quem vai fazer?; quando fazer?; quanto custa?; quais recursos devem ser utilizados?; quais riscos envolvidos?; e quem são os envolvidos (stakeholders)?

Antes de iniciar as respostas às perguntas acima, é necessário definir claramente os objetivos a serem atingidos. Com certeza o objetivo desta operação foi delineado para que a ocupação do Complexo do Alemão ocorresse com o mínimo de danos (pessoais e materiais) aos moradores da comunidade.

A partir daí, mesmo que de forma não estruturada, foram feitas as perguntas citadas anteriormente.

O que e como fazer? – foi a definição e o detalhamento de todas as atividades necessárias para o cumprimento dos objetivos previamente estabelecidos. Este detalhamento incluiu todas as ações da invasão propriamente dita, a forma como os suprimentos chegariam ao suposto combate e toda a infraestrutura disponibilizada nas cercanias do Complexo do Alemão.

Quem vai fazer e quais são os envolvidos (stakeholders)? – levou em conta a atribuição dos recursos utilizados (em quantidade e qualificação) para a execução das tarefas. Além desta atribuição, a identificação de todos os stakeholders envolvidos, sejam os que afetavam positiva ou negativamente neste processo, foi fundamental para o sucesso da operação.

Quando fazer? – esta pergunta remete ao detalhamento do cronograma da operação, destacando os principais marcos (eventos) da operação.

Quais recursos devem ser utilizados? – além dos recursos humanos necessários para a operação, foram enumerados os recursos em termos de equipamentos e armamentos para auxiliar na operação.

Quais riscos envolvidos? – foi um item fundamental nesta operação. A clara e precisa identificação e, posteriormente, o gerenciamento dos riscos, sejam eles oportunidades ou ameaças a operação e a todos os stakeholders envolvidos. Nesta operação a análise de riscos permitiu que um dos principais afetados, a população, fosse poupada das sequelas de um possível combate entre a ação policial e os bandidos. Fato este que teria conse-

quências desastrosas e poderia colocar toda a operação por água abaixo, além de manchar fortemente a imagem da força policial.

Ação coordenada dos principais stakeholders envolvidos 
O segundo fator, que indubitavelmente foi decisivo no sucesso da operação, foi a ação absolutamente coordenada entre as diversas instâncias municipais, estaduais e federais.

Os stakeholders que afetariam positivamente esta ação foram as diversas polícias participantes. Desta forma, a união e a coordenação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, das tropas federais, da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, de forma inédita até então, garantiram o sucesso da operação. Cabe salientar que a coordenação foi exercida por uma liderança efetiva da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.

Somado a isto, o entendimento comum de todos os stakeholders dos objetivos da operação, bem como do planejamento como um todo, também contribuiu para o seu sucesso.

A ação coordenada deixou em segundo plano os interesses políticos, pelo menos de forma direta, colocando como foco de todos os envolvidos o alcance dos objetivos.

A combinação desses dois fatores, o planejamento detalhado e a ação coordenada dos stakeholders, garantiram o sucesso de tal empreitada. Um fator deu respaldo ao outro.

Correlação com os projetos para a Copa 2014
Existe uma total correlação dos problemas e das ações tomadas no Complexo do Alemão e a consecução dos projetos necessários para a realização da Copa de 2014 no País. Assim como a operação decisiva no Morro do Alemão se deu a partir de uma situação muito insatisfatória, ou seja, as dezenas de ataques do crime organizado junto à comunidade civil da cidade do Rio de Janeiro nos dias que precederam a invasão, o mesmo pode ser correlacionado à luz vermelha já acesa para que seja dado um andamento normal dos projetos essenciais para a Copa de 2014.

Guardadas as proporções, a inércia para que os projetos saiam do papel é tão crítica quanto à crise que deflagrou a invasão do Complexo do Alemão. O momento de agir é agora, e sendo assim, devem ser adotados os dois principais pilares que garantiram o sucesso das operações policiais no Morro do Alemão: o planejamento detalhado e a ação coordenada dos principais stakeholders envolvidos na realização da Copa do Mundo de 2014.

Planejamento dos projetos e a atuação conjunta dos stakeholders para a realização da Copa de 2014
Mencionar a necessidade de planejamento para a realização dos projetos da Copa de 2014 é mais uma repetição daquilo que muitos especialistas já vêm salientando, e não há como negar tal necessidade. No entanto, esse planejamento carece de um entendimento e convergência comuns a muitos dos stakeholders envolvidos nos diversos projetos.

A ação comum e coordenada do estado representado pelas Prefeituras Municipais, Governos Estaduais, Ministério dos Esportes, outros ministérios envolvidos com o projeto, Ministério Público, Agências Reguladoras, Controladoria Geral da União, Orgãos Ambientais, da iniciativa privada com as construtoras, projetistas, gerenciadoras, fornecedores, consultorias, empresários, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da FIFA deve ser concatenada imediatamente. Deve ser preservado não o interesse político, mas sim a vontade política em estabelecer tal ambiente. Esta coordenação deve ser liderada por um stakeholder importante, como por exemplo, o Ministério dos Esportes.

Não obstante a isso temos a questão legal, referente às licitações, que extrapola esta esfera. No entanto, assim como na questão de segurança pública existem inúmeras leis a serem criadas, melhoradas e revistas, no caso da execução das obras públicas há também limitações legais, e só uma operação conjunta e de choque neste momento é que levará o país a um futuro mais positivo em relação à realização da Copa de 2014.

O problema não recai apenas no risco de vários projetos não serem entregues no prazo previsto ou na qualidade requerida ser insatisfatória, mas sim em evitar que tal evento cause danos irreparáveis ao erário do Estado.

O planejamento detalhado, entendido de forma comum e com a ação coordenada dos principais stakeholders, públicos e privados, irão representar um passo decisivo e firme na implementação do objetivo principal, que é fazer uma Copa do Mundo digna das melhores já realizadas até hoje.

 

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