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Revista GC - Ed.11 - Dezembro 2010
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Voluntariado

Ação comunitária Com um novo teto, uma nova vida

O jovem Igor, filho de Diran, observa o grupo que escava o quintal de sua casa. É manhã do dia 4 de dezembro no bairro do Jardim Gardênia, nos arredores do município de Suzano, na Grande São Paulo.  As famílias estão acordando e as ruazinhas de terra ainda estão vazias.  Mas Igor e sua mãe já estão de pé e conversam com os líderes de seu grupo, Jonathan Rosenblat e Ana Lúcia Spínola, que pergunta como será o desenho da casa. Eles foram contemplados com a construção de uma casa emergência, dentro do projeto da ONG Um Teto Para Meu País.

Pergunto para  Diran o que ela espera da nova casa e ela responde que deseja uma cozinha maior.  E qual foi a principal diferença que ela notou na comunidade, desde o início dos trabalhos da ONG, questiono. “Agora eles até sorriem”, diz ela. Já o filho Igor, depois de relutar um instante, responde que sonha ter um quarto próprio. Diran completa. “Ele quer uma TV só para ele, mas isso está tão longe, é tão difícil”. Pergunto-lhe se conseguir a casa não era algo mais difícil do que uma TV. Ela concorda esperançosa.

Para definir os beneficiados da ONG, é feita uma pesquisa entre os moradores para avaliar suas condições de moradia, renda, saúde e outros aspectos, priorizando os moradores em situação de maior risco social. As casas são executadas da maneira mais simples possível, não exigindo mão de obra especializada.  Caracterizam-se por painéis de madeira, montados sobre pilotis e cobertura em telhas de fibra de cimento. O morador contribui com R$ 150 e tem o compromisso de demolir a antiga habitação.

A ONG não entra com serviços de água e infraestrutura, que ficam por conta do morador e do Estado, uma vez que em geral a intervenção ocorre em terrenos não legalizados. A casa tem durabilidade prevista para cinco anos, mas o objetivo é de que a mudança de habitação dê as bases necessárias para outras mudanças sociais, que ajudem a modificar a vida dessas famílias, não somente com o apoio da ONG mas também da comunidade, agentes governamentais e empresas privadas.

A moradora Aninha, por exemplo, precisa de dois quartos para distribuir as quatro crianças que tem em casa, além da filha e um neto. O grupo liderado por Daniel Alonso e Gilvan Nascimento Jr. brinca e sorri enquan


O jovem Igor, filho de Diran, observa o grupo que escava o quintal de sua casa. É manhã do dia 4 de dezembro no bairro do Jardim Gardênia, nos arredores do município de Suzano, na Grande São Paulo.  As famílias estão acordando e as ruazinhas de terra ainda estão vazias.  Mas Igor e sua mãe já estão de pé e conversam com os líderes de seu grupo, Jonathan Rosenblat e Ana Lúcia Spínola, que pergunta como será o desenho da casa. Eles foram contemplados com a construção de uma casa emergência, dentro do projeto da ONG Um Teto Para Meu País.

Pergunto para  Diran o que ela espera da nova casa e ela responde que deseja uma cozinha maior.  E qual foi a principal diferença que ela notou na comunidade, desde o início dos trabalhos da ONG, questiono. “Agora eles até sorriem”, diz ela. Já o filho Igor, depois de relutar um instante, responde que sonha ter um quarto próprio. Diran completa. “Ele quer uma TV só para ele, mas isso está tão longe, é tão difícil”. Pergunto-lhe se conseguir a casa não era algo mais difícil do que uma TV. Ela concorda esperançosa.

Para definir os beneficiados da ONG, é feita uma pesquisa entre os moradores para avaliar suas condições de moradia, renda, saúde e outros aspectos, priorizando os moradores em situação de maior risco social. As casas são executadas da maneira mais simples possível, não exigindo mão de obra especializada.  Caracterizam-se por painéis de madeira, montados sobre pilotis e cobertura em telhas de fibra de cimento. O morador contribui com R$ 150 e tem o compromisso de demolir a antiga habitação.

A ONG não entra com serviços de água e infraestrutura, que ficam por conta do morador e do Estado, uma vez que em geral a intervenção ocorre em terrenos não legalizados. A casa tem durabilidade prevista para cinco anos, mas o objetivo é de que a mudança de habitação dê as bases necessárias para outras mudanças sociais, que ajudem a modificar a vida dessas famílias, não somente com o apoio da ONG mas também da comunidade, agentes governamentais e empresas privadas.

A moradora Aninha, por exemplo, precisa de dois quartos para distribuir as quatro crianças que tem em casa, além da filha e um neto. O grupo liderado por Daniel Alonso e Gilvan Nascimento Jr. brinca e sorri enquanto prepara o início da montagem. Aninha fica ali com uma garrafa de água pronta para atender a sede dos novos amigos. Daniel já tinha participado desse projeto fora do Brasil, no Chile, e Gilvan procurava um trabalho voluntário quando leu reportagem sobre a construção de casas para famílias carentes e a busca por voluntários. “No começo achei estranho eles trabalhando aqui para mim. Mas agora, por eles eu faço tudo”, diz uma Aninha tímida. “Eles trouxeram a alegria para cá”.

Na verdade quem não pára de sorrir são eles, os voluntários, apesar do trabalho pesado, pé na lama e sol escaldante. É o caso do jovem belga Thibaut De Preter que relata ter vindo ao Brasil especialmente para participar da ação.  “Acabei de me formar em arquitetura e queria trabalhar em algo relacionado ao projeto. Vir para o Brasil me mostrou que não era verdade tudo o que eu ouvia lá fora. Aqui pude conhecer de perto o problema de moradia das pessoas. No entanto, o mais importante para mim foi poder conhecer essas pessoas. O ser humano é o mais importante de tudo”, diz ele, sorrindo sempre.

Enquanto descarregam os painéis de madeira, várias crianças ficam ali, observando e querendo participar. Igor me diz que pretende ser bombeiro. Ao redor, outros moradores tocam suas próprias obras em alvenaria, assim como suas vidas, sem se incomodar, estranhar ou se surpreender com a movimentação daquele grupo. Afinal, ali eles são pessoas comuns, com tarefas a fazer, sem diferenças que o distinguam dos moradores do local. Uma lição de humildade.

Mais adiante, conheço a casa já arrumada e pintada da Ana Paula, mãe de Iasmim  e grávida do segundo filho. Ela está feliz. “Ganhei uma vida nova, pois antes a minha casa molhava e entrava bicho”. Sua maior alegria no entanto não foi por si mesma. “Eu posso morar em qualquer lugar. O que eu queria mesmo era que a Simone tivesse a sua casa nova”. Quem é a Simone? “A minha vizinha. Foi a maior alegria de todo mundo quando ela recebeu sua casa nova”.  E porque?  “Porque ela merecia e precisava”, respondia.

Simone foi uma das primeiras contempladas da ONG no Jardim Gardênia, por viver em condições bastante precárias, ao lado do filho com deficiência motora.  Marcelo Marzagão, voluntário que virou coordenador, diz que é impressionante a mudança que ocorre na vida das pessoas com a mudança das condições de sua moradia. “É incrível o que a gente vê. Eles ganham mais motivação”, relata. No caso da Simone, o marido arranjou um emprego, o filho ganhou uma cadeira de rodas e ela virou um símbolo do poder de transformação na comunidade.

“Olha, eu sempre digo para esse pessoal que eles são os nossos anjos. Posso ter problema, mas quando eles estão chegando, tudo muda, é só alegria. Eles podem até vir morar aqui. Aqui é o melhor lugar do mundo. É uma festa todo dia, as crianças brincam na rua até tarde e comida não falta. Depois que esse pessoal chegou por aqui, a gente ficou ainda mais confiante. A gente quer ter agora uma creche para deixar as crianças e podermos trabalhar. Mas eu também queria fazer uma piscina no meu quintal para elas ficarem brincando aqui”, conta sorridente Ana Paula.

A ONG Um Teto Para Meu País surgiu no Chile, em 1997, por iniciativa de um grupo de jovens universitários após um terremoto. Em 2001, após dois terremotos na região do Peru e de El Salvador, a ação passou a se expandir no continente. Hoje são mais de 250 mil voluntários e 70 mil famílias já beneficiadas nos 18 países em que a organização está presente: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. A ONG chegou ao Brasil em 2006, e construiu 300 casas em regiões carentes nos municípios de Suzano, Itapeva, Guarulhos e São Paulo.

A ação da ONG cativou o apoio de universitários do mundo todo e tornou-se uma referência de ação voluntária por dar aos jovens oportunidade de efetivamente colocar a mão na massa. A difusão do trabalho é feita pelos próprios estudantes que atraem amigos e colegas. “Nosso principal objetivo é atrair esses estudantes para o trabalho voluntário, para que conheçam de perto essa realidade adversa e possam se tornar líderes no futuro com uma consciência social”, diz Marzagão. O que mais o toca nesse trabalho? “O momento de entrega da casa para a família. A gente corta um laço e a família entra. Realmente é um momento muito contagiante. Nós criamos vínculos com essas pessoas e isso ajudará para as próximas etapas do trabalho, que tem como finalidade a erradicação da pobreza extrema, longe do paternalismo”.

O modelo de intervenção é realizado em três etapas. A primeira consiste na construção de casas pré-fabricadas; a segunda em oferecer assistência jurídica, educacional, médica e de micro crédito. E por fim, a última etapa é atuar na estruturação das comunidades até torná-las sustentáveis. No Brasil, a ONG ainda desenvolve projetos apenas na primeira etapa.

A cada patrocínio de uma empresa – que pode contribuir de diversas maneiras, entre as quais patrocinar a construção de um número de unidades – a ONG se responsabiliza pela construção de outras sete. “No entanto, tão importante como entrar com valores em dinheiro, é a participação das pessoas”, diz Marzagão. Nessa etapa de atuação do Jardim Gardênia foram construídas 14 casas, sete delas patrocinadas pela Caterpillar. Foi a primeira vez que a empresa fez parceria com a ONG, e contou com o voluntariado de funcionários de todo o Brasil.

Segundo Otto Breitschwerdt, diretor comercial e porta-voz da Caterpillar, a intenção é aproximar os funcionários da realidade do país. “Essa é uma oportunidade de entender um pouco melhor a realidade e participar um pouco mais ativamente de problemas sociais que existem e que muitas vezes não vemos. Com certeza, nós vamos aprender muito mais do que a gente imagina com isso”.

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