Ricardo de Luca*

O setor automotivo é um mercado importante para o desenvolvimento econômico nacional e global. Dado ao seu dinamismo, historicamente é um segmento de significativa influência e impacto nos avanços tecnológicos, que trazem conforto e conveniência para os consumidores, e geram demandas crescentes em inovação para toda a cadeia produtiva, dentre elas as indústrias de transformação e componentes.

O segmento vem apresentando recuperação pós pandemia. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de automóveis leves e pesados apresentou um crescimento de aproximadamente 6,9% entre os meses de janeiro e novembro de 2022, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Além disso, os consumidores vêm buscando maior conectividade e interatividade com as tecnologias móveis e entretenimento a bordo, além de crescentes soluções em segurança veicular. Desde a obrigatoriedade dos sistemas de ABS e Airbags sancionados em 2014, a quantidade de sistemas de apoio ao condutor aumentam ano após ano, tais como sistemas de controle de estabilidade, frenagem automática, alertas e controles de permanência em faixa, alerta de pontos cegos, monitoramentos por câmeras, controles de velocidade adaptativos, entre vários outros.

Outra tendência cada vez mais evidente do segmento está na eletrificação veicular, com vistas à eficiência energética, e aumento da oferta de veículos híbridos, híbridos plugin e elétricos. De acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro semestre de 2022 foram 20.427 unidades comercializadas, o que representa um crescimento de 47% se comparado ao mesmo período de 2021, cujas vendas atingiram 13.899 unidades.

Benefícios – As tecnologias acima descritas estão gradativamente convergindo, e entregarão cada vez mais ao consumidor a percepção de um veículo inteligente, com densidades de corrente elétrica cada vez mais elevadas, associados a um elevado trânsito de dados, que precisarão ser mais confiáveis e instantâneos, para garantir o correto funcionamento de todos os sistemas, em uma escala comercial acessível.

Neste contexto, existe a necessidade dos conectores elétricos e sistemas de distribuição de energia terem dimensões otimizadas para redução de peso, porém associados a uma boa dissipação de calor e resistência mecânica aos esforços. A combinação destas qualidades somente é alcançável com o emprego do cobre e suas ligas.

Dentre as conhecidas vantagens da aplicação do cobre e suas ligas no mercado, podemos destacar, por exemplo, a versatilidade dos latões para diversas aplicações, tais como terminais elétricos, sensores e atuadores, tais como o acionamento dos faróis, seta e limpador de para-brisas.

As ligas de bronze, dada sua excelente resistência a corrosão, são uma boa escolha para sensores e terminais elétricos das áreas que podem receber umidade e ação das intempéries durante o ciclo de vida do veículo.

Além disso, exibem excelente resistência a fadiga em ciclos contínuos com boa condutividade elétrica. Outras ligas especiais para o segmento estão emergindo em aplicações, e são de particular interesse das ações de Pesquisa e Desenvolvimento da Termomecanica, nas quais são adicionados elementos de liga para aprimorar as características de resistência mecânica, elétrica e resistência a corrosão combinados.

A sustentabilidade e respeito ao meio ambiente também são requisitos importantes e cada vez mais decisivos na escolha consciente de compra, e a perenidade do cobre traduzida na possibilidade da reciclagem total ao término do ciclo de vida do produto, entrega um benefício decisivo para um sistema sustentável e limpo, com a diminuição da emissão de gases poluentes na cadeia produtiva.

Desta forma, o avanço do mercado automotivo e o desenvolvimento tecnológico afetam diretamente a indústria do cobre, tendo em vista que, quanto maiores as vendas, a modernização e o uso de eletrônicos nos automóveis, maiores as demandas e aplicações do Cobre neste setor.

Assim, o investimento e o incentivo no setor automotivo geram oportunidades para que outros segmentos possam se desenvolver juntamente.

Diante do acima exposto, é esperada uma demanda crescente por produtos semielaborados de cobre, nos mais diversos componentes automotivos.

*Ricardo de Luca é Gerente de Engenharia de Processos e Produtos da Termomecanica, empresa de transformação de cobre e suas ligas