Além da repercussão política, a decisão da Vale de suspender o projeto Rio Colorado, na Argentina, gerou outro efeito prático. Segundo o jornal argentino El Cronista, a construtora Andrade Gutierrez estaria deixando o país. Em nota à imprensa, distríbuída nesta tarde, a empresa negou a informação.

O motivo, segundo o jornal, é que a Andrade Gutierrez é a responsável pela implantação de uma parte do projeto da Vale: a construção de um terminal portuário em Bahia Blanca, por onde seria exportado o potássio produzido pela mineradora em Mendonza.

Citando fontes anônimas, o El Cronista informou que as obras do porto também foram suspensas em janeiro, seguindo a decisão da Vale de interromper os trabalhos na Argentina.

Efeito-dominó

Ainda segundo fontes ouvidas pelo jornal, a Andrade Gutierrez deixaria a Argentina em meados de abril, quando vencerá o prazo dado pelo Ministério do Trabalho local para que a Vale resolva as pendências trabalhistas decorrentes de sua decisão. Uma vez solucionada esta questão, segundo o jornal, a Vale deverá rescindir o contrato com a Andrade Gutierrez.

O jornal citou que fontes da construtora, ouvidas pela reportagem, “não puderam confirmar nem desmentir a informação”. Em nota à imprensa, a Andrade Gutierrez declarou que "não está encerrando suas operações no país".

Segundo o El Cronista, esta foi a primeira obra iniciada pela Andrade Gutierrez no país em quatro anos. A construção do porto emprega 800 pessoas. O projeto Rio Colorado estava orçado em 6 bilhões de reais, mas consultorias já estimavam que seu preço final ficasse m 10 bilhões. A Vale reivindicava mais flexibilidade tributária e cambial para continuar com os planos, mas não chegou a um acordo com o governo argentino. O projeto foi suspenso em 11 de março. Estima-se que 45% já havia sido implantado.