O serviço de logística no agronegócio é um mercado reconhecido pelo seu modelo de negócios off-line e terceirizado, em que a contratação do frete e a busca por motoristas costumam manuais.

Entretanto, as informações divulgadas no primeiro semestre deste ano pela FreteBras, que disponibiliza os números de fretes oferecidos pelas transportadoras, contradizem essa concepção.

De acordo com a pesquisa, o volume de fretes rodoviários por celular aumentou 67% se comparado ao mesmo período no ano passado.

Segundo a plataforma, a mudança se explica por dois fatores: a alta de 27% na produção de grãos (milho, soja e algodão), indicado no estudo Projeções do Agronegócio, produzido pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e o aumento do interesse em utilizar os aplicativos de frete para a contratação dos serviços de transporte.

De acordo com a FreteBras, o Rio Grande do Sul e o Paraná foram os estados que mais solicitaram orçamentos durante o período analisado, com um terço do total de fretes contabilizados no estudo.

Resiliência – Esse desempenho contribuiu para que, apesar dos resultados abaixo do esperado no início de ano devido à pandemia, os empregos no agronegócio na região Sul se mantivessem até a chegada das vacinas.

O diretor de desenvolvimento de negócios da Rodovico Transportes, Diego Nazari, atribui a resiliência ao uso de tecnologias no transporte de cargas.

“Antes da introdução dos aplicativos, o transporte no agronegócio pedia o auxílio a alguém com anos de experiência na área, que conhecesse a oferta de caminhões e a precificação do serviço”, diz ele.

“Com as plataformas de frete, o serviço fica inteligente e dinâmico. Agora, temos dados que comparam a quantidade de veículos entre as regiões e permitem a contratação do frete conforme a necessidade do cliente”, acrescenta.

Desde setembro, a Rodovico conta com o apoio do Tmov, aplicativo desenvolvido pela Sotran Logística, logtech especializada em logística no agronegócio.

Em 2016, a organização recebeu um investimento milionário do Arlon Group, fundo de investimentos dos Estados Unidos focado no mercado de alimentos, para a criação do software.

Já em 2021, o suporte da Fit Investimentos, empresa de consultoria brasileira, contribuiu para a digitalização dos 180 mil caminhoneiros cadastrados no Tmov.

Os resultados puderam ser notados desde o ano passado, em que o faturamento do aplicativo aumentou mais de um bilhão de reais.

Segundo o CEO da Sotran, Charlie Conner, as projeções neste ano são de um crescimento de 40% das receitas.
Nazari credita a maior parte desse sucesso à simplificação que o aplicativo permite na contração e no pagamento do motorista.

“O Tmov possui um sistema de cadastro com reconhecimento óptico de caracteres, o que permite uma leitura rápida de documentos e das informações do motorista”, conta.

“Trabalhar dessa maneira elimina uma série de etapas que antes fazíamos manualmente e que necessitavam de custos adicionais para a contratação do pessoal especializado”.