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Brasil precisa implantar conceitos de circularidade

Curadores da BW Expo, Summit e Digital 2020 avaliaram a circularidade da água, dos resíduos e dos alimentos durante e após distanciamento social

Assessoria de Imprensa

28/05/2020 11h00 | Atualizada em 28/05/2020 15h50


Um modelo econômico resiliente, circular e de baixo carbono seria o ideal para diminuir o impacto ambiental no planeta.

Entretanto, implementar conceitos de circularidade ainda é um desafio no Brasil, especialmente, por duas razões: pequena conscientização da sociedade e a responsabilidade pública na questão do lixo.

“Em economia circular, o governo não é o player mais importante. Pelo contrário, é necessário ter uma gestão descentralizada, que possibilite criar sistema independente e autossuficiente”, disse Ian McKee, CEO da Solidos e curador do Núcleo Temático Economia Circular da BW Expo, Summit e Dig

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Um modelo econômico resiliente, circular e de baixo carbono seria o ideal para diminuir o impacto ambiental no planeta.

Entretanto, implementar conceitos de circularidade ainda é um desafio no Brasil, especialmente, por duas razões: pequena conscientização da sociedade e a responsabilidade pública na questão do lixo.

“Em economia circular, o governo não é o player mais importante. Pelo contrário, é necessário ter uma gestão descentralizada, que possibilite criar sistema independente e autossuficiente”, disse Ian McKee, CEO da Solidos e curador do Núcleo Temático Economia Circular da BW Expo, Summit e Digital 2020, durante o Webinar BW Talks, promovido na semana passada, cujo tema foi Circularidade da Água e dos Alimentos durante e após o Isolamento Social.

De acordo com a avaliação de McKee, no segmento de resíduos existem soluções para propiciar a coleta adequada e a destinação correta desse resíduo.

Além disso, há tecnologias de rastreabilidade, o que garante que cada material será encaminhado para empresas e cooperativas de reciclagem e compostagem, eliminando o risco desse resíduo ir para os lixões.

“Nesse modelo, poderia ser estabelecido um pagamento, cujo valor seria calculado conforme a quantidade de resíduos gerados. Isso geraria um mercado competitivo e sustentável. Mas é preciso uma mudança de pensamento e paradigma”.

Um exemplo disso é que o Brasil conta com o maior programa de coleta e reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas do mundo. Coordenado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), o Sistema Campo Limpo se destaca por duas características: logística reversa e responsabilidade compartilhada.

Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e curador do Núcleo Temático Agronegócio Sustentável da BW 2020, lembrou que antes do programa, as embalagens eram enterradas ou queimadas, causando problemas ambientais e para a saúde das pessoas.

“O percentual de retorno aos pontos de coleta é de 95%. Essas embalagens são compactadas e recicladas, sendo que 75% vem da própria matéria-prima reprocessada”, pontuou.

No caso da responsabilidade compartilhada, Daher afirmou que a questão da rastreabilidade também está presente. Ou seja, se uma embalagem for encontrada em uma estrada, o órgão fiscalizador pode multar o fabricante, o distribuidor ou cooperativa e o cliente (produtor rural). “Nessa área, somos maiores do que a soma dos três países seguintes: Estados Unidos, Alemanha e Canadá”.

Ainda no agro, o segmento da cana faz o reaproveitamento de matérias-primas, como a vinhaça, que funciona como adubação orgânica e a palha de cana que pode ser usada em termoelétricas para geração de energia. “A circularidade presta um grande serviço nesse tipo de cultura”, destacou Daher.

Saneamento
Mckee é defensor da economia circular por acreditar que essa solução traria benefícios a toda sociedade. Ademais, os munícipios brasileiros poderiam destinar a verba que é usada na coleta de lixo para outros fins mais importantes, como saúde, saneamento e educação.

“O tratamento de resíduo está entre os três principais gastos dos municípios, com percentuais entre 33% e 50% do orçamento”.

Nesse sentido, a pandemia do novo Coronavírus evidenciou ainda mais o desafio do saneamento básico no Brasil e a importância da água nas vidas das pessoas.

“A água é essencial para tudo. Contudo quando a utilizamos, ela vira esgoto. Assim, os dois estão extremamente interligados”, avaliou Ana Luiza Fávaro, diretora técnica da Acqua Expert Engenharia Ambiental e curadora do Núcleo Temático Conservação de Recursos Hídricos da BW 2020.

A conscientização, desse modo, torna-se fundamental. “Não é possível realizar a captação da água de um rio extremamente contaminado porque existem contaminantes, como por exemplo, microplásticos, advindos de fármacos e cosméticos, que ainda precisam de estudos para que sejam controlados. Além disso, hoje, temos o coronavírus, cujas pesquisas demonstraram sua capacidade de sobreviver entre dois e quatro dias no esgoto”, acrescentou.

Desperdício de água e resíduos orgânicos
Durante o webinar BW Talks, outro ponto debatido pelos especialistas foi a questão do desperdício de água, que prejudica o abastecimento e impacta o uso desse importante recurso natural.

Ana citou o alto consumo de água pelo agronegócio, os vazamentos em centros urbanos com duração de vários dias e até os “gatos” (ligações ilegais) de água.

Entretanto, Daher explicou que a questão da água é prioritária ao agronegócio. Por isso, há investimentos em tecnologia e em soluções sustentáveis não apenas para diminuir seu consumo, mas também para reduzir a emissões de gases efeito estufa. Ademais, ele citou programas como a Agricultura de Baixo Carbono (ABC), a Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Carne Carbono Neutro, que vem sendo aplicadas no segmento, contribuindo para essa finalidade.

Outra questão levantada no evento virtual da BW Expo, Summit e Digital 2020 foi o resíduo orgânico, que poderia se tornar adubo orgânico por processo de compostagem, por exemplo. “Adubação orgânica é fundamental para produzir alimentos”, disse Daher.

McKee pontuou ainda que o chorume do aterro sanitário, após a retirada do orgânico, pode se tornar um biofertilizante, que é crucial para um jardim sustentável.

“Infelizmente, no Brasil, os dados de reciclagem ainda são muito pequenos, mas existem iniciativas lixo zero que possibilitam desviar mais de aterros mais de 90% dos resíduos produzidos. O que falta é uma percepção maior de que o futuro está no resíduo”, finalizou.

O webinar BW Talks foi aberto pelo engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, que ressaltou que os eventos digitais da BW 2020 têm como objetivo levar uma maior conscientização sobre a importância da sustentabilidade ambiental porque sem os recursos naturais não há como sobreviver.

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