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Revista GC - Ed.47 - Abril 2014
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Entrevista

Um novo pré-sal trazido pelos ventos

O Brasil aprende com erros e acertos do passado e o setor se consolida, devendo chegar a 9,5% da matriz energética até 2022

O mercado eólico está alcançando uma posição de importante fonte de energia em todo o mundo, de maneira muito rápida.  Recentemente, o GWEC – conselho global de energia eólica, divulgou as estatísticas de 2013, revelando uma capacidade cumulativa de 318.137 MW, o que representa um aumento de quase 200.000 MW nos últimos cinco anos, em todo o mundo.

No Brasil, o setor começa a colher os frutos primeiros dessa modalidade de geração de energia, depois de uma fase inicial de percalços e experimentações. Com 4,7GW de potência contratada nos leilões de energia do mercado regulado (ACR), 142% a mais do que a meta de 2GW, 2013 foi um ano recorde, segundo com dados da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). No mesmo ano, foram realizados quatro leilões de energia proveniente de novos empreendimentos e a fonte eólica foi contemplada para participar em três deles. Com o volume total de energia eólica contratada em 2013, a estimativa dos investimentos do setor chega a R$ 21,2 bilhões.

Segundo Elbia Melo, presidente da Abeeólica, o potencial eólico brasileiro é estimado em 300GW.  O crescimento anual médio esperado para esta fonte é de 2,0GW. Em uma projeção para 2022, segundo publicação do Plano Decenal de Energia, pesquisa realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil terá 17GW de capacidade eólica instalada, o que corresponderá a 9,5% da matriz energética.

Nesta entrevista, Elbia Melo destaca que o mercado brasileiro cresceu com base nas leis do mercado, ao contrário do mercado europeu, que foi impulsionado por políticas públicas de subsídios, e que hoje sofre com a crise financeira na região. “O Brasil tem um perfil de mercado exemplar, invejado pelos outros países. As novas regras do mercado, o potencial brasileiro e o apetite das empresas estrangeiras, que estão se instalando por aqui, não deixam dúvidas sobre o futuro promissor do setor”, enfatiza.

Revista Grandes Construções - O primeiro leilão de energia eólica ocorreu em 2009. Como se pode avaliar o desenvolvimento do mercado brasileiro desde então, tanto em termos dos leilões como em empreendimentos efetivamente executados.

Elbia Melo -


O mercado eólico está alcançando uma posição de importante fonte de energia em todo o mundo, de maneira muito rápida.  Recentemente, o GWEC – conselho global de energia eólica, divulgou as estatísticas de 2013, revelando uma capacidade cumulativa de 318.137 MW, o que representa um aumento de quase 200.000 MW nos últimos cinco anos, em todo o mundo.

No Brasil, o setor começa a colher os frutos primeiros dessa modalidade de geração de energia, depois de uma fase inicial de percalços e experimentações. Com 4,7GW de potência contratada nos leilões de energia do mercado regulado (ACR), 142% a mais do que a meta de 2GW, 2013 foi um ano recorde, segundo com dados da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). No mesmo ano, foram realizados quatro leilões de energia proveniente de novos empreendimentos e a fonte eólica foi contemplada para participar em três deles. Com o volume total de energia eólica contratada em 2013, a estimativa dos investimentos do setor chega a R$ 21,2 bilhões.

Segundo Elbia Melo, presidente da Abeeólica, o potencial eólico brasileiro é estimado em 300GW.  O crescimento anual médio esperado para esta fonte é de 2,0GW. Em uma projeção para 2022, segundo publicação do Plano Decenal de Energia, pesquisa realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil terá 17GW de capacidade eólica instalada, o que corresponderá a 9,5% da matriz energética.

Nesta entrevista, Elbia Melo destaca que o mercado brasileiro cresceu com base nas leis do mercado, ao contrário do mercado europeu, que foi impulsionado por políticas públicas de subsídios, e que hoje sofre com a crise financeira na região. “O Brasil tem um perfil de mercado exemplar, invejado pelos outros países. As novas regras do mercado, o potencial brasileiro e o apetite das empresas estrangeiras, que estão se instalando por aqui, não deixam dúvidas sobre o futuro promissor do setor”, enfatiza.

Revista Grandes Construções - O primeiro leilão de energia eólica ocorreu em 2009. Como se pode avaliar o desenvolvimento do mercado brasileiro desde então, tanto em termos dos leilões como em empreendimentos efetivamente executados.

Elbia Melo - O mercado se desenvolveu consideravelmente desde 2009. Verifica-se que, especialmente nos anos de 2012 e 2013, houve um aumento expressivo de projetos inscritos e também em contratação. Com relação aos preços praticados nos últimos leilões, há que registrar que são adequados para sustentar toda a cadeia produtiva do setor eólico no Brasil. O Brasil chegou ao patamar atual muito mais pelas condições do mercado do que propriamente pelas políticas governamentais. O mercado europeu, por exemplo, cresceu à base de subsídios de governos e hoje está sofrendo porque esses subsídios estão acabando. Nesse sentido, o Brasil hoje é considerado até um modelo, já que o seu mercado atingiu rapidamente um bom nível de competição, de amadurecimento, sem depender propriamente de uma política governamental.

GC - Qual a participação desta fonte de energia na matriz energética brasileira, atualmente, e quais são os números do setor projetados para os próximos cinco anos?

Elbia Melo - Atualmente a fonte eólica participa em 3% da matriz energética brasileira, o que corresponde a uma capacidade instalada de 3,4GW, além de cerca de 600MW que já estão instalados e operando em teste. O crescimento anual médio esperado para esta fonte é de 2,0GW. Em uma projeção para 2022, segundo publicação do Plano Decenal de Energia, pesquisa realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil terá 17GW de capacidade eólica instalada, o que corresponderá a 9,5% da matriz energética.

GC - Quantos parques eólicos estão em efetivo funcionamento hoje, interligados ao sistema elétrico nacional, e o que eles representam em total de investimentos e em geração de energia?

Elbia Melo - Atualmente, 102 parques eólicos estão em operação, e totalizam uma capacidade instalada de 2.379,0MW.  O total aproximado de investimento para esta capacidade é de R$10,31 bilhões.

GC - Quais foram os principais obstáculos (jurídicos, infraestrutura, institucionais, financiamento, mão de obra, etc) enfrentados até aqui pelos investidores do setor?

Elbia Melo – Um deles são as novas regras do Finame estabelecidas pelo BNDES. Elas estão em vigor desde janeiro de 2013 e contemplam quatro critérios a serem atendidos para ter a fabricação de equipamentos financiada por meio do Finame. Todos estes critérios estão relacionados com o aumento da produção de peças e componentes em território brasileiro, em unidades fabris próprias. Esta é uma medida que visa participação brasileira nos processos e incentiva o aumento do conhecimento industrial do setor. No entanto, como a maioria das empresas atuantes no setor são estrangeiras, é necessário adequarem-se às referidas regras.

Outro fator é a Logística. É motivado pela dificuldade em escoar a produção das torres eólicas e seus componentes para os locais onde os parques são instalados. A malha rodoviária e marítima nacional não possui o dimensionamento desejável para o setor. Parte desta questão tem sido solucionada com o deslocamento das fábricas do Sudeste para as regiões de produção de energia eólica (Nordeste e Sul).

Outra questão é a transmissão, ou seja o atraso na entrega das Linhas de Transmissão responsáveis por transportar a energia eólica produzida. Atualmente há 48 parques eólicos sem conexão, mas aptos a operar.

E a partir de 2013 os contratos regulados não possuem a cláusula de proteção do empreendedor para os casos onde o sistema de transmissão não estiver disponível para conexão do parque eólico, o que aumenta o risco do empreendedor.

E por fim, a tecnologia. O desenvolvimento de máquinas mais adequadas e adaptadas às características dos ventos brasileiros é fundamental para o melhor aproveitamento energético. As empresas atuantes no Brasil têm trabalhado neste sentido, porém ainda não dispomos de uma máquina completamente adaptada aos ventos brasileiros.

GC - A senhora acredita que o gargalo das linhas de transmissão pode afetar a credibilidade dos empreendimentos?

Elbia Melo - Não há relação entre a credibilidade dos empreendimentos e projetos do setor eólico e o atraso das linhas de transmissão, porque as responsabilidades na execução dos parques e da linha são de instituições diferentes. Neste sentido, a Abeeólica, assim como os empreendedores do setor, considera que o objetivo foi alcançado, uma vez que os parques estão construídos e aptos a operar, e a energia está comercializada. Eu considero este problema como algo do passado. Porque a partir da mudança de regras do ano passado, os novos leilões de energia não terão mais esse problema, pois só poderão ser contratadas usinas próximas a subestações onde existam linhas de transmissão com capacidade para escoar a energia. Isso já valeu para os últimos leilões.

GC - Qual a perspectiva do mercado quanto à velocidade na implantação dessas linhas de transmissão?

Elbia Melo - O Governo está sensível a esta necessidade e tem organizado leilões específicos para solucionar a questão. Espera-se que no primeiro semestre de 2014 sejam realizados leilões de transmissão para ampliação das redes de transmissão de energia.

GC - Qual o status da tecnologia empregada nos empreendimentos do setor no Brasil, quando comparada com o que há de mais moderno no mundo? Pode-se afirmar que contamos com tecnologia de ponta?

Elbia Melo - É possível afirmar que contamos com tecnologia de ponta. Os parques eólicos recentemente construídos possuem máquinas e sistemas de controle e operação semelhantes aos utilizados em países europeus.

GC - O mercado brasileiro tem conseguido atrair os principais fornecedores desta tecnologia, para a montagem de fábricas em nosso território?  Qual o índice de nacionalização dos equipamentos e da tecnologia empregada no Brasil?

Elbia Melo - Com as novas regras de financiamento do BNDES, o índice de nacionalização das peças e componentes utilizados e fabricados no Brasil deve ser elevado e crescente. Para as torres, por exemplo, o índice de nacionalização deve ser de pelo menos 70% em peso das chapas de aço utilizadas para a industrialização deste bem.

GC - Quais são os principais players mundiais que já têm unidades de fabricação no Brasil?

Elbia Melo - Os fabricantes de peças e componentes de aerogeradores, que são associados à Abeeólica são a Alstom; Acciona; Gamesa; GE Energy; Siemens; Suzlon Energia Eólica do Brasil; Vestas do Brasil Energia Eólica; WEG Equipamentos Elétricos S.A e a Wobben Windpower Indústria e Comércio Ltda.

GC - No caso de uma sobreoferta de empreendimentos, o País está preparado para atender em termos de fornecimentos de equipamentos, mão de obra, etc.?

Elbia Melo - O Brasil está preparado para atender à necessidade de equipamentos, e os empreendedores possuem uma previsão de necessidades de insumos e capacidade de fornecimento, que é realizada antes do leilão. Esta medida auxilia na redução dos riscos, caso o empreendimento cadastrado, vença o certame.  Com relação à mão de obra especializada para atuar no Setor Eólico, duas ações têm sido feitas no Brasil para minimizar este déficit. Uma destas ações está sendo executada pelo Governo com a oferta de cursos específicos no âmbito do Pronatec. A segunda ação é realizada pelos empreendedores do setor com a capacitação específica para seus colaboradores.

GC - Diante da demanda nas grandes cidades, a senhora considera problemática a implantação dos parques em lugares longínquos. Há alguma possibilidade de aproveitar o potencial eólico, em área mais próxima das grandes cidades? Nesse sentido, qual o potencial, por exemplo, do estado de São Paulo?

Elbia Melo - A questão relacionada com a implantação de parques em lugares longínquos refere-se às dificuldades logísticas, uma vez que as estradas não estão adequadas para o transporte de pás e demais componentes das torres.  No entanto, deve-se ressaltar que os parques eólicos são instalados preferencialmente em locais onde o potencial de geração é mais expressivo. É também por este motivo que o preço da energia eólica comercializada é tão competitivo. Os melhores ventos rendem mais eficiência de geração e consequentemente menores preços. É possível que no futuro o potencial eólico de grandes centros seja explorado, porém há ainda um vasto território no interior a ser utilizado para o aproveitamento desta fonte. De acordo com o publicado no Atlas Eólico do Estado de São Paulo, o potencial é de 1,5GW.

GC - Quais as regiões que estão atraindo mais empreendimentos neste setor e quais os motivo?

Elbia Melo - As regiões Sul e Nordeste são as que mais atraem os empreendimentos do setor (ver mapa). A justificativa para esta localização está relacionada com os maiores potenciais eólicos. Nesse quesito, o Rio Grande do Norte ainda é o estado com grande potencial a ser aproveitado.

GC – Quais os impactos ambientais de uma implantação dos parques eólicos e como eles podem ser mitigados?

Elbia Melo – Os impactos ambientais negativos para a instalação de uma usina eólica são reduzidos se comparados com os impactos provenientes da instalação de outras usinas de geração de energia. No entanto, eles existem. Mas a fonte eólica não exclui outros usos da terra, auxilia na fixação do homem no campo, auxilia na regularização fundiária, não emite gases com Efeito de Estufa em sua fase de operação, gera empregos para a comunidade local e aumenta a receita tributária dos municípios.

GC – Houve uma retração nos leilões no passado. Qual foi o motivo, e qual a perspectiva para este ano?

Elbia Melo - Nos leilões ocorridos entre 2009 e 2012 o mercado do setor não apresentava o desenvolvimento que experimenta atualmente. Por ser um setor muito novo no Brasil, houve a vivência de uma fase de aprendizado, no qual todos os atores tiveram que se empenhar para que o setor alcançasse o patamar atual. A tendência continua sendo de crescimento. Os resultados dos leilões ocorridos em 2013 foram excepcionais e espera-se que em 2014 a fonte eólica mantenha a expectativa de comercialização.

GC - O setor empresarial está organizado em torno da Abeeólica. Quais são as principais reivindicações dos empresários?

Elbia Melo - As principais necessidades dos empreendedores estão relacionadas às melhorias na logística de peças e componentes, à manutenção da dinâmica de comercialização e participação da fonte eólica nos leilões realizados, melhor adequação de tributação para a cadeia produtiva, e alinhar sobre as demandas relacionadas à Operação e Manutenção dos parques.

GC - Quais os valores atuais de remuneração dessa energia e como compará-los com os das demais fontes?

Elbia Melo - A fonte eólica é a segunda fonte mais competitiva no Brasil. Em primeira posição está a fonte hídrica com valores médios de R$80,00/MW. Contudo, para efetuar comparações é necessário levar em consideração os diferentes mecanismos de geração de energia, os combustíveis utilizados e a tecnologia empregada.

GC - A energia eólica ajuda a reduzir o interesse pelas PCHs?

Elbia Melo - Todas as fontes de geração são necessárias e complementares. Recentemente verificamos por meio da imprensa especializada, as dificuldades que o País enfrenta para a construção de grandes hidrelétricas. Neste sentido, as PCHs podem auxiliar na utilização, ainda que em escala reduzida, do potencial hidrelétrico brasileiro, que é expressivo e essencial para fornecimento de energia competitiva e renovável. Como os leilões são competitivos e são organizados leilões específicos para energia eólica, não há possibilidade de redução de interesse pelas PCHs em detrimento das eólicas.

GC - Como a energia solar deverá se enquadrar nesse panorama?

Elbia Melo - No Brasil a comercialização de energia é viabilizada em função da competitividade das fontes. Quando a solar se tornar mais competitiva com certeza terá seu espaço.

 

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