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Revista GC - Ed.0 -
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Jogos Olímpicos e Copa 2014

Seremos vitrines ou vidraças

Exemplo dos problemas originados dessa falta de planejamento foram as obras dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro. A capital carioca praticamente não se beneficiou dos investimentos realizados

José Roberto Bernasconi*

“O Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), no dia 2 de outubro, em Copenhague, Dinamarca, como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa conquista, é necessário dizer, deve-se em grande parte ao trabalho profissional de relações públicas desenvolvido há mais de dois anos pelas autoridades brasileiras, especialmente aquelas ligadas ao esporte (Ministério do Esporte, Comitê Olímpico Brasileiro e Itamaraty), com o presidente Lula à frente, juntamente com o governo do estado e da capital. Às justas comemorações pela conquista da primeira Olimpíada a ser realizada na América do Sul, porém, somam-se as necessárias ações que precisam ser realizadas a fim de que o evento marque uma virada na capital carioca e deixe um legado positivo, para seus habitantes, para o incremento do turismo e ao País.

Entre essas ações, o planejamento é o fator essencial para a realização bem-sucedida dos Jogos Olímpicos 2016, a exemplo do que aconteceu em Barcelona 1992 e vem acontecendo em Londres, em sua preparação para sediar as Olimpíadas 2012. No caso brasileiro, há a feliz coincidência de o Rio de Janeiro ser uma das sedes da Copa 2014 e muitas das obras que serão realizadas para o Campeonato Mundial de Futebol devem necessariamente ser pensadas para aproveitamento nos Jogos Olímpicos, especialmente aquelas ligadas à infraestrutura urbana – de mobilidade urbana (metrô, corredores de ônibus, estacionamentos, entre outras), aeroviária, de portos, de ampliação da rede hoteleira e também esportiva.

Outra questão fundamental a ser resolvida na infraestrutura refere-se ao saneamento, em todas as suas vertentes: água, esgoto, drenagem das águas pluviais e resíduos sólidos, ou seja, coleta e destinação do lixo. Para isso, é absolutamente urgente que as autoridades federais, estaduais e municipais se unam para aproveitar a sinergia entre os dois eventos – Copa 2014 e Olimpíadas 2016 – para eliminar, de uma vez por todas, a poluição da baía da Guanabara, programa que já dura quase duas décadas, consumiu mais de 1 bilhão de dólares e não resolveu o problema. Para isso, além dos necessários investimentos em coleta e tratamento do esgoto urbano e na implantação de interceptores oceânicos, é preciso


José Roberto Bernasconi*

“O Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), no dia 2 de outubro, em Copenhague, Dinamarca, como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa conquista, é necessário dizer, deve-se em grande parte ao trabalho profissional de relações públicas desenvolvido há mais de dois anos pelas autoridades brasileiras, especialmente aquelas ligadas ao esporte (Ministério do Esporte, Comitê Olímpico Brasileiro e Itamaraty), com o presidente Lula à frente, juntamente com o governo do estado e da capital. Às justas comemorações pela conquista da primeira Olimpíada a ser realizada na América do Sul, porém, somam-se as necessárias ações que precisam ser realizadas a fim de que o evento marque uma virada na capital carioca e deixe um legado positivo, para seus habitantes, para o incremento do turismo e ao País.

Entre essas ações, o planejamento é o fator essencial para a realização bem-sucedida dos Jogos Olímpicos 2016, a exemplo do que aconteceu em Barcelona 1992 e vem acontecendo em Londres, em sua preparação para sediar as Olimpíadas 2012. No caso brasileiro, há a feliz coincidência de o Rio de Janeiro ser uma das sedes da Copa 2014 e muitas das obras que serão realizadas para o Campeonato Mundial de Futebol devem necessariamente ser pensadas para aproveitamento nos Jogos Olímpicos, especialmente aquelas ligadas à infraestrutura urbana – de mobilidade urbana (metrô, corredores de ônibus, estacionamentos, entre outras), aeroviária, de portos, de ampliação da rede hoteleira e também esportiva.

Outra questão fundamental a ser resolvida na infraestrutura refere-se ao saneamento, em todas as suas vertentes: água, esgoto, drenagem das águas pluviais e resíduos sólidos, ou seja, coleta e destinação do lixo. Para isso, é absolutamente urgente que as autoridades federais, estaduais e municipais se unam para aproveitar a sinergia entre os dois eventos – Copa 2014 e Olimpíadas 2016 – para eliminar, de uma vez por todas, a poluição da baía da Guanabara, programa que já dura quase duas décadas, consumiu mais de 1 bilhão de dólares e não resolveu o problema. Para isso, além dos necessários investimentos em coleta e tratamento do esgoto urbano e na implantação de interceptores oceânicos, é preciso fazer, principalmente, a realização de campanhas de esclarecimento que atinjam a população como um todo e impeçam que muitos, como acontece atualmente, joguem lixo na rua, nos córregos e rios, provocando enchentes e toda a sorte de problemas sanitários. Somente com a colaboração dos cidadãos a questão do lixo e da limpeza urbana, com consequências na prevenção de enchentes, poderá ser resolvida.

Esta é a única forma de superar a deficiência crônica do Brasil em planejamento, nas suas diversas esferas de poder (federal, estadual e municipal). O planejamento vem falhando seguidamente, com os custos decorrentes: obras executadas às pressas, sem projetos detalhados que definam técnicas construtivas, especificações dos serviços e materiais, cronograma de execução e orçamento rigorosos. Exemplo dos problemas originados dessa falta de planejamento foram as obras dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro. A capital carioca praticamente não se beneficiou dos investimentos realizados. As obras para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 são a oportunidade de aproveitar a intensa sinergia entre os dois eventos, mirar os ensinamentos da história recente e reverter esse quadro. Senão, os quase 30 bilhões de reais que são previstos como investimento na preparação para as Olimpíadas podem não ser suficientes ou, pior ainda, não deixar nenhuma consequência positiva para a sociedade.

E, para se ter um bom projeto, é necessário planejar, que significa pensar antes para fazer melhor. Também é necessário respeitar o tempo para a sua elaboração, enfim respeitar a engenharia. Isto porque, como preconiza o Sinaenco, “antes de uma boa obra, existe sempre um bom projeto”.

É preciso trabalhar a partir de agora, ainda com mais afinco para desenvolver rápida e eficientemente os projetos de cada estádio, praça, rodovia ou aeroporto que precisaremos para 2014 e 2016. Há aqui grave risco para a arquitetura e engenharia de projetos brasileiras. Alguns poderão ser tentados a contratar, sem licitação, escritórios estrangeiros, sob a alegação de que estes já têm experiência no projeto de estádios, padrão Fifa ou padrão COI. A justificativa será a de sempre: “Como já estamos atrasados, não há tempo a perder com demoradas licitações”. Não podemos desperdiçar essas raras oportunidades para desenvolver a competência das empresas brasileiras, competência essa que poderá ser exportada nos megaeventos esportivos mundiais, no futuro.

Organizar a Copa e as Olimpíadas é um desafio para todos os brasileiros. O principal problema está na infraestrutura. Não podemos correr o risco de fazer a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 e não deixar nenhum resultado importante para as cidades envolvidas.

O melhor resultado da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016 é o Brasil 2017, o legado positivo desses eventos para nosso país.”

(*) José Roberto Bernasconi é presidente do Sindicato da Arquitetua e da Engenharia (Sinaenco)

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