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Revista GC - Ed.52 - Setembro 2014
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Planejamento & Gestão

Lean Construction na Arena da Amazônia

Complexidade do projeto arquitetônico, cronograma apertado e mudanças no escopo do projeto foram os grandes desafios da construção da Arena da Amazonia

A Arena da Amazônia, situada em Manaus, é reconhecida como um dos mais importantes empreendimentos da história recente da construção e engenharia no Brasil, tanto pela sua beleza, quanto pelos desafios que sua construção representou. Todos os envolvidos no empreendimento concordam que, para garantir os custos previstos, a qualidade do empreendimento, a segurança dos colaboradores, a redução de impactos ambientais e, principalmente, o cumprimento do prazo, a adoção dos conceitos lean foi fundamental.

Para receber os jogos da Copa 2014, Manaus teria que erguer um estádio com capacidade para 44.500 espectadores, a partir de um arrojado projeto de engenharia onde se destacam os muitos elementos pré-moldados e a complexa estrutura metálica de fachada, e a cobertura revestida em membrana. O principal complicador era a sua localização, em plena floresta amazônica, acessível apenas por via fluvial e aérea. Além disso, Manaus apresenta condições climáticas que reduzem consideravelmente a produtividade em relação aos índices de referência do restante do País. Isto se dá devido às elevadas temperaturas (entre 24° e 37°), umidade relativa do ar entre 76% e 89% e pluviosidade de 2300 mm/ano da região.

Por serem as precipitações atmosféricas intensas e praticamente diárias, várias foram as interrupções dos serviços durante as obras, com perda de tempo na retomada do trabalho e reflexo negativo na produtividade geral.

Outro fator agravante na execução da obra foi a baixa qualificação da mão-de-obra local e o alto turnover (relação entre admissões e demissões), da ordem de 11,4%.

Além das naturais dificuldades de logística e tempo, várias foram as alterações de escopo do projeto impostas pela FIFA depois de contratada a obra, acarretando forte impacto no custo do empreendimento. Mesmo com aumento de serviço e custo, a construtora permaneceu firme no propósito de atender ao prazo improrrogável.

Para a construção da Arena da Amazônia, a partir de um projeto básico que i


Complexidade do projeto arquitetônico, cronograma apertado e mudanças no escopo do projeto foram os grandes desafios da construção da Arena da Amazonia

A Arena da Amazônia, situada em Manaus, é reconhecida como um dos mais importantes empreendimentos da história recente da construção e engenharia no Brasil, tanto pela sua beleza, quanto pelos desafios que sua construção representou. Todos os envolvidos no empreendimento concordam que, para garantir os custos previstos, a qualidade do empreendimento, a segurança dos colaboradores, a redução de impactos ambientais e, principalmente, o cumprimento do prazo, a adoção dos conceitos lean foi fundamental.

Para receber os jogos da Copa 2014, Manaus teria que erguer um estádio com capacidade para 44.500 espectadores, a partir de um arrojado projeto de engenharia onde se destacam os muitos elementos pré-moldados e a complexa estrutura metálica de fachada, e a cobertura revestida em membrana. O principal complicador era a sua localização, em plena floresta amazônica, acessível apenas por via fluvial e aérea. Além disso, Manaus apresenta condições climáticas que reduzem consideravelmente a produtividade em relação aos índices de referência do restante do País. Isto se dá devido às elevadas temperaturas (entre 24° e 37°), umidade relativa do ar entre 76% e 89% e pluviosidade de 2300 mm/ano da região.

Por serem as precipitações atmosféricas intensas e praticamente diárias, várias foram as interrupções dos serviços durante as obras, com perda de tempo na retomada do trabalho e reflexo negativo na produtividade geral.

Outro fator agravante na execução da obra foi a baixa qualificação da mão-de-obra local e o alto turnover (relação entre admissões e demissões), da ordem de 11,4%.

Além das naturais dificuldades de logística e tempo, várias foram as alterações de escopo do projeto impostas pela FIFA depois de contratada a obra, acarretando forte impacto no custo do empreendimento. Mesmo com aumento de serviço e custo, a construtora permaneceu firme no propósito de atender ao prazo improrrogável.

Para a construção da Arena da Amazônia, a partir de um projeto básico que incluía a demolição do estádio existente, a Andrade Gutierrez apresentou proposta de R$ 500 milhões. O projeto executivo do estádio foi contratado junto ao escritório alemão GMP (Architekten Von Gerkan, Marg und Partner), prevendo a edificação de uma moderna arena multiuso, que seja frequentado pela população durante toda a semana, e não apenas durante eventos esportivos e culturais. O escopo do contrato previa um prazo de execução de 36 meses, com conclusão em junho de 2013.

O estádio tem formato circular, compreendendo dois anéis de concreto armado onde serão instalados os assentos. A estrutura metálica (fachada e cobertura) é revestida por uma membrana de PFTE. O projeto arquitetônico é inspirado em um cesto indígena, sendo composta de perfis caixão soldados. Estes perfis não possuem formato comercial padrão, e foram fabricados exclusivamente para a Arena através de processo de caldeiraria. A estrutura não é autoportante durante sua montagem, e somente ao final da colocação do anel superior (de compressão) é que a mesma consegue se suportar sem o auxílio de pilares (as torres de escoramento serão retiradas).

Isso exigiu uma sequência de montagem definida, que não podia ser feita aleatoriamente, influindo diretamente no andamento de toda a obra.

Outro ponto de grande dificuldade foi a execução dos degraus de arquibancada pré-moldados, com grandes variações dimensionais entre si, o que necessitava de constantes paradas para ajustes das formas metálicas na sua execução.

Dada à distância de Manaus dos grandes centros produtores do país (aproximadamente 3500 km de São Paulo) e os grandes quantitativos envolvidos (volume de concreto armado de 66.225,89 m³), a construtora optou por instalar no canteiro de obras uma central de pré-moldados de concreto, uma central de armação e uma usina de concreto a fim de atingir a produção requerida para um cronograma tão apertado. A central de pré-moldados chegou a produzir 880 peças por mês, entre degraus de arquibancada, vigas planas, lajes Pi e vigas inclinadas.

Ocorreu, porém, que durante o detalhamento do projeto começaram a que surgir mudanças de especificação ditadas pela FIFA. Foi o caso da chamada curva de visibilidade dos estádios, alterada já na fase de projeto executivo para adequar as arquibancadas a novos parâmetros. As placas de propaganda, por exemplo, tiveram sua altura aumentada de 0,9m para 1m, assim como a distância à linha demarcatória do gramado reduzida de 5m para 4m (Fig. 4). Como é forçoso que todos os assentos da arena tenham visão total das quatro linhas do campo, um rápido exercício de geometria mostra que essa simples mudança dimensional afetava o arranjo das arquibancadas, causando com isso muitos são os reflexos na dimensão dos degraus, quantidade de assentos, locação dos blocos de fundação, etc.

Ainda com o intuito de melhorar a visibilidade, a FIFA determinou também que de nenhum lugar do estádio o torcedor pode deixar de ver a bola a uma altura de 20m do chão. No caso de Manaus, isso acarretou um abaixamento da cota do gramado da ordem de 4m, impactando no volume de escavação e transporte de solo, na solução arquitetônica de escadas, rampas e acessos em geral, exigindo a implantação de muro de contenção, o que afetou o prazo da obra.

Outra mudança de escopo se deu a partir da exigência de o estádio obedecer à certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que demonstra o perfil sustentável desde a fase de projeto passando pela construção e até a operação do empreendimento.

Todas essas imposições tiveram como resultado um representativo aumento nos custos e ajustes de projeto. Os quantitativos subiram bastante, porém tendo que ser executados no mesmo prazo. Com todos os percalços de escopo e de custo, a única maneira encontrada pela construtora foi recorrer à engenharia de valor e aos conceitos da construção enxuta (lean). A ideia era usar soluções técnicas inovadoras para compensar o impacto da aceleração da obra, garantindo a viabilidade econômica do empreendimento e o resultado financeiro da Construtora.

Jevandro Barros, diretor Geral do IOpEx, que participou pessoalmente do processo, conta que a implementação da filosofia lean se iniciou no final de 2010 e foi conduzida até 2012, tendo como principais temas:

- Reorganização Orientada a Processos

- Programação do Takt

- Otimização da Central de Armação – Layout, fluxos, sistema puxado, balanceamento e logística

- Gestão da Rotina

- Controle da Rotina

- Gestão de Contratos e Subempreiteiros

- Otimização do Pátio de Pré-Moldados

- Layout, fluxos, sistema puxado, balanceamento e logística.

A utilização dos conceitos de produção enxuta trouxeram enormes benefícios à obra, permitindo à equipe gestora controlar melhor o cronograma do empreendimento, melhorar o fluxo de comunicação, aumentar a produtividade e adequar os processos com foco na redução de desperdícios. Nas frentes de serviço em que foi ela foi aplicada, a Excelência Operacional Enxuta proporcionou um aumento de produtividade de aproximadamente 20%. Além disto, a utilização do Value Engineering trouxe soluções mais econômicas.

 

 

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