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Revista GC - Ed.7 - Agosto 2010
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INDÚSTRIA NAVAL

Indústria naval levanta âncoras com Promef

Depois de um ciclo de 14 anos sem a construção de grandes embarcações no País, a indústria naval brasileira volta a levantar âncoras, impulsionada pelo Pré-Sal e pela cadeia de produtos e serviços para a exploração e produção de petróleo e gás. O ponto alto desse novo ciclo de desenvolvimento da construção naval aconteceu no dia 7 de maio, com o lançamento oficial da primeira de uma série de 49 embarcações encomendadas pela Transpetro, como parte da segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O navio petroleiro João Cândido foi construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, em Pernambuco e é o primeiro de outros 22 navios petroleiros encomendados ao estaleiro. No dia 24 de junho, foi a vez do petroleiro Celso Furtado ganhar o mar. O segundo navio do Promef II foi construído no Estaleiro Mauá (RJ) e abriu uma série de quatro embarcações encomendadas ao estaleiro, que está localizado na Ponta D’Areia, em Niterói.

Batizado em homenagem ao líder da Revolta das Chibatas, movimento de resistência aos maus tratos e castigos físicos degradantes, impostos aos marinheiros, em 1919, o João Cândido é uma embarcação do tipo Suezmax, com 274,2 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. Já o Celso Furtado, assim chamado em homenagem ao economista paraibano que criou a Sudene e lançou os fundamentos do moderno desenvolvimento do País, é uma embarcação para transporte de derivados claros de petróleo, com capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e 182 metros de comprimento.

Euforias à parte, o lançamento dos primeiros navios previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, colocou em xeque a eficiência tecnológica da indústria naval brasileira, que já foi a segunda maior do mundo, na década de 1970, até cair em uma profunda crise e praticamente desaparecer do mapa. Na construção dos dois navios ficou evidente que é necessário encurtar o tempo de produção e os custos praticados. Para se ter uma idéia, o João Cândido, por exemplo, teve preço 51,6% superior ao valor médio previsto para as dez primeiras embarcações do Promef. Segundo o presidente do EAS, Angelo Bellelis, o navio custou US$ 182 milhões, enquanto o valor estimado


Depois de um ciclo de 14 anos sem a construção de grandes embarcações no País, a indústria naval brasileira volta a levantar âncoras, impulsionada pelo Pré-Sal e pela cadeia de produtos e serviços para a exploração e produção de petróleo e gás. O ponto alto desse novo ciclo de desenvolvimento da construção naval aconteceu no dia 7 de maio, com o lançamento oficial da primeira de uma série de 49 embarcações encomendadas pela Transpetro, como parte da segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O navio petroleiro João Cândido foi construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, em Pernambuco e é o primeiro de outros 22 navios petroleiros encomendados ao estaleiro. No dia 24 de junho, foi a vez do petroleiro Celso Furtado ganhar o mar. O segundo navio do Promef II foi construído no Estaleiro Mauá (RJ) e abriu uma série de quatro embarcações encomendadas ao estaleiro, que está localizado na Ponta D’Areia, em Niterói.

Batizado em homenagem ao líder da Revolta das Chibatas, movimento de resistência aos maus tratos e castigos físicos degradantes, impostos aos marinheiros, em 1919, o João Cândido é uma embarcação do tipo Suezmax, com 274,2 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. Já o Celso Furtado, assim chamado em homenagem ao economista paraibano que criou a Sudene e lançou os fundamentos do moderno desenvolvimento do País, é uma embarcação para transporte de derivados claros de petróleo, com capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e 182 metros de comprimento.

Euforias à parte, o lançamento dos primeiros navios previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, colocou em xeque a eficiência tecnológica da indústria naval brasileira, que já foi a segunda maior do mundo, na década de 1970, até cair em uma profunda crise e praticamente desaparecer do mapa. Na construção dos dois navios ficou evidente que é necessário encurtar o tempo de produção e os custos praticados. Para se ter uma idéia, o João Cândido, por exemplo, teve preço 51,6% superior ao valor médio previsto para as dez primeiras embarcações do Promef. Segundo o presidente do EAS, Angelo Bellelis, o navio custou US$ 182 milhões, enquanto o valor estimado era de US$ 120 milhões.

Como uma das primeiras medidas a serem adotadas, para ganhar eficiência, o setor precisará diminuir o número de horas trabalhadas na fabricação dos navios. O Estaleiro Atlântico Sul possui mão de obra com pouca experiência. Dos 3,7 mil funcionários, a maioria não tem histórico no setor industrial. Donas de casa, cortadores de cana, garçons e comerciários foram arregimentados e treinados em pouco tempo para serem transformados em trabalhadores da construção naval. Outro desafio enfrentado foi concluir a construção do próprio estaleiro simultaneamente à montagem do navio. À medida que eram erguidos os galpões, começavam a ser cortadas as primeiras chapas de aço para a embarcação. O desafio da construção do navio ficou a cargo do consórcio liderado pela Carmargo Correa.

Outra dificuldade enfrentada foi a aquisição dos equipamentos para o estaleiro, durante o período de aquecimento do mercado mundial da construção, em 2008. Exemplo disso foi a compra dos Goliaths (guindastes gigantes que movimentam grandes blocos do navio para dentro do dique seco). Os equipamentos foram encomendados à empresa chinesa Wuxi, que faliu e não honrou o compromisso. A saída foi contratar a compra junto à companhia coreana WIA, o que provocou um atraso de oito meses no cronograma.

Enquanto esperava a chegada dos megaguindastes, o estaleiro teve que montar o navio a partir de pequenos blocos colocados dentro do dique seco. Foi um total de 214 blocos. Para a segunda embarcação a ser construída no EAS, a expectativa é que o número de blocos caia para 58 e, no seguinte, para 11. Isso vai garantir velocidade à construção. Puxado por quatro rebocadores, o navio foi levado até o Cais de Acabamento do EAS, onde passou pela montagem final, testes e provas, até ser entregue ao armador. Com todas essas etapas, o João Cândido totalizou um tempo de produção de quase dois anos. Para se ter uma idéia, na Coréia do Sul a montagem de embarcação do mesmo porte é concluída em até 8 meses. Para 2011 e 2012 serão quatro embarcações a cada ano. A idéia é que o tempo médio de construção de cada uma delas caia para 18 meses.

Rio de Janeiro na frente
A expectativa é de que o Promef II dê novo alento para o setor, com a modernização dos estaleiros e surgimento de novas unidades de produção. Hoje, cinco anos após o lançamento do programa, o Brasil já possui a quarta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros. Em todo o País, a construção dos novos navios da Transpetro vai gerar cerca de 200 mil empregos, entre diretos e indiretos. Do total previsto, já foram licitadas 46 embarcações, com 38 contratadas. Os últimos três navios do programa estão em fase final de licitação.

O Rio de Janeiro, maior e mais tradicional pólo naval do país, já conta com 16 navios encomendados pelo Promef, com previsão de R$ 2,2 bilhões em investimentos. O programa vai reavivar essa que é uma das maiores vocações econômicas do estado, criando pelo menos 50 mil empregos no Estado, sendo 10 mil diretos e 40 mil indiretos.

A indústria naval fluminense tem fortalecido sua posição no cenário nacional graças à mão de obra qualificada de que dispõe, que lhe confere competitividade. Pesquisas do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparo Naval e Offshore (Sinaval) mostram que o Rio de Janeiro concentra mais de 50% do total da capacidade produtiva do País, com habilidade para processar 288 mil toneladas de aço/ano.

Mais de 40% do total de empregos diretos gerados no setor estão no estado, que conta hoje com quase 25 mil trabalhadores. A indústria brasileira de construção naval emprega diretamente mais de 46 mil pessoas.

Há 16 estaleiros em atividade no Estado do Rio de Janeiro: Eisa, Superpesa, SRD, CBO, Sermetal e Rio Nave, na cidade do Rio de Janeiro; Enavi-Renave, Mauá, STX, Aliança, São Miguel, UTC, Setal e MacLaren Oil, em Niterói; Cassinu, em São Gonçalo; e BrasFels, em Angra dos Reis. Ao todo, são 13 carreiras e 12 diques secos disponíveis para construção de embarcações em uma área de 1,8 milhão de m² ocupada pelas empresas. Esses números serão ampliados com a reativação do antigo Estaleiro Ishibrás, na cidade do Rio de Janeiro.

Promef II
A segunda fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota foi lançada no dia 26 de maio de 2008. Os navios previstos para esta etapa do programa  terão capacidade de transportar 1,3 milhão de toneladas de porte bruto (TPB) e deverão demandar cerca de 250 mil toneladas de aço durante o período de construção. São quatro Suezmax DP, três Aframax DP, oito de Produtos, cinco Gaseiros (gás liquefeito de petróleo - GLP) e 3 de Bunker (transporte de combustível para outros navios).

Dez navios já estão contratados, sete deles, construídos pela primeira vez no Brasil, são aliviadores de posicionamento dinâmico de última geração e com sistema de carregamento pela proa. Sua finalidade é aliviar as plataformas de produção de petróleo. Outros três petroleiros são para transporte de bunker.

O Promef (I e II) é um dos mais importantes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e deverá gerar aproximadamente 40 mil empregos no País até 2015.

As premissas do Promef são de que os navios sejam construídos no Brasil, com a garantia de um índice de nacionalização de 65% no Promef I e de 70% no Promef II, e que os estaleiros sejam competitivos internacionalmente.

 

NA BAHIA INDÚSTRIA RENASCE ÀS MARGENS DO  PARAGUAÇU
A experiência é inédita para a construtora Norberto Odebrecht, que tem larga experiência em construção civil, dentro e fora dos limites do País. Mas é “marinheiro de primeira viagem”, nesta área. A empresa aliou-se à Queiroz Galvão e à UTC para formar, com participações iguais, o consórcio Rio Paraguaçu. O objetivo: construir simultaneamente, para a Petrobras, duas plataformas auto-elevatórias (jackup), a P-59 e P-60, modelo Super 116-E, para perfuração offshore, em lâminas d’água rasa, de até 110 m. Com cascos flutuantes, cada uma delas pesando 11 mil t, as plataformas são dotadas de pernas retráteis, que podem ser abaixadas ao leito do mar para elevar a estrutura do casco acima do nível da água.

Esse modelo de plataforma é capaz de perfurar em condições de alta pressão e alta temperatura e não era construído no Brasil há cerca de 30 anos. As duas novas unidades servirão para renovar e aumentar a frota da Petrobras desse tipo de plataforma. O contrato já prevê a opção da montagem de uma terceira plataforma, o que será decidido pela Petrobras futuramente, em função do comportamento do mercado.

Um ano após do início da empreitada, completados em junho deste ano, quase 7 mil toneladas de aço já foram processadas no canteiro de obras, localizado às margens do Rio Paraguaçu, em São Roque, no município de Maragojipe, no recôncavo baiano.

O local não foi exatamente uma escolha das empresas. Foi, na verdade, uma exigência do contratante, com o objetivo de reativar um antigo estaleiro desativado na região, estimulando, desta forma, o renascimento deste esquecido pólo da indústria naval no País.

O grande volume de aço foi consumido na montagem dos cascos das plataformas, das pernas, nos spud cans (pés das plataformas) e em outras estruturas que permitirão o funcionamento das unidades de perfuração.

Nesse momento, o casco da P-59 está quase concluído e foi iniciada a montagem de equipamentos como o sistema auto-elevatório, guindastes e bombas de lama. Já para a P-60, cuja montagem foi iniciada quatro meses depois, foi concluída a montagem do fundo duplo e 40% de toda a estrutura foi realizada. A construção das pernas, que serão montadas nas unidades, segue equiparada, com 15 tramos, de um total de 42, para cada uma delas.

O contrato, em regime de EPC, orçado em cerca de US$ 700 milhões, prevê a entrega das unidades entre 2011 e 2012. Para a P-59, o prazo de execução é de 1.020 dias, e para a P-60, o prazo é de 1.140 dias. É um prazo apertado. Mas de acordo com representantes do consórcio, as obras seguem de acordo com o cronograma firmado.

O consórcio contratou a empresa americana Letourneau  Offshore Products, uma das maiores especialistas do mundo em construção de plataformas, para o fornecimento do projeto de engenharia, a partir dos parâmetros fornecidos pela Petrobras. A Letourneau forneceu ainda os equipamentos de perfuração para as unidades. Tudo ao custo de US$ 185 milhões. O detalhamento do projeto de engenharia básica ficou a cargo da brasileira Projemar.

Modernizando as instalações
Montar as plataformas em São Roque do Paraguaçu tem sido um grande desafio para o consórcio, já que o estaleiro, desativado, não dispunha da infraestrutura necessária. No local já existia calado de cerca de 10 metros, possibilitando o atracamento de navios e balsas de grande porte. Mas as instalações eram precárias. Foram aproveitados os galpões existentes, mas foram instaladas linhas de painéis para fabricação de blocos, equipamentos como pórticos e pontes rolantes, um guindaste de 700 toneladas e feitas adaptações na carreira de embarque.

O consórcio adquiriu, ainda, máquinas de corte a plasma e tem desenvolvido um drive de comunicação que possibilita a transmissão de dados diretamente do programa de modelagem 3D para as máquinas de corte. A alta tecnologia deu eficácia e agilidade aos processos. As adaptações levaram oito meses.

Os investimentos no estaleiro serão ressarcidos, ao final do contrato, pela Petrobras, dona do canteiro São Roque, que soma 400 mil m2 e área. Base de apoio à frota de balsas da Petrobras, São Roque é usado ainda como área de transbordo de cargas e equipamentos. Há no local um heliporto, armazéns, almoxarifados, espaço a céu aberto, estação de armazenamento de óleo, estações de energia e vias de acesso para grandes veículos, entre outros itens.

Além de tudo isso, São Roque está localizado nas proximidades da Baía de Todos os Santos. O litoral da Bahia concentra as estratégias da Petrobras no Nordeste. Na Bahia, a companhia pretende aplicar recursos em perfuração de poços, desenvolvimento da produção e implantação de instalações de produção nas Bacias Recôncavo, Tucano e Bahia Sul. Além disso, as operações do Campo de Manati devem ser ampliadas.

Pode sair mais um estaleiro
Por todas essas vantagens, Odebrecht, OAS e UTC já pensam em instalar no local uma unidade própria, para continuar atuando no setor da construção naval. O Estaleiro Enseada do Paraguaçu deverá ser instalado com o principal objetivo de permitir às parceiras participar do processo de licitações bilionárias, a serem lançadas pela Petrobras, para a construção de um conjunto de sondas de perfuração de poços de petróleo. Os sócios do projeto apresentaram propostas para construir navios sonda para a estatal no novo estaleiro, que vai situar-se próximo à foz do rio Paraguaçu, também no município de Maragogipe.

A Odebrecht tem 50% do projeto e os outros dois acionistas 25% cada um. Os acionistas do estaleiro compraram 160 hectares em Maragogipe, às margens do rio Paraguaçu, perto do canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu, usado pela Petrobras para a construção das plataformas. O projeto deve custar cerca de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1,7 bilhão financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM). A unidade terá capacidade de processar 60 mil toneladas de aço por ano e a previsão é de que as obras sejam executadas em 24 meses. Seis meses antes do término do empreendimento, porém, o estaleiro começaria a processar aço. A exemplo do que ocorreu no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, o desafio desta unidade, caso o consórcio ganhe a encomenda da Petrobras, será erguer suas instalações ao mesmo tempo em que constrói os navios sonda.

A proposta de Odebrecht, OAS e UTC para a construção dos navios sondas considera o projeto da norueguesa LMG. E a proposta também conta com a Aker Stord como estaleiro consultor. As sondas encomendadas pela Petrobras destinam-se a operar em lâmina d´água de três mil metros.

Se não ganhar ao menos parte das encomendas, o estaleiro deve começar com um projeto menos ambicioso e desenvolver o negócio em módulos, inicialmente fazendo a montagem de “topsides” (unidades que equipam as plataformas) para cascos já licitados pela estatal. Em fases seguintes, o estaleiro poderia ser expandido e chegar à capacidade de processamento de 140 mil toneladas de aço por ano.

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