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Revista GC - Ed.15 - Maio 2011
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Especial do Aço na Construção

Espigão em aço, concreto e vidro no centro antigo do Rio de Janeiro

No coração tradicional do Rio de Janeiro, está surgindo um espigão vidro-metálico, investimento de mais de R$ 500 milhões, que prenuncia as fortes mudanças previstas para a cidade até os Jogos Olímpicos em 2016. O Centro Empresarial Senado (CES), projeto do escritório Edo Rocha, paisagismo de Burle Marx, é um empreendimento da construtora W.Torre. A empresa leva para o Rio de Janeiro o modelo empresarial que a alavancou em São Paulo: construções com alta tecnologia projetadas para locação. No caso, a inquilina será a Petrobras, por um período de 18 anos, que centralizará no local diversas áreas operacionais hoje dispersas por vários endereços pela cidade.

O projeto foi concebido dentro do padrão triple A, com sistemas tecnológicos de controle predial que garantem economia de manutenção, assim como atendem à certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo USGBG. O complexo constitui-se de dois blocos principais, formados por dois edifícios de 21 e 16 andares, com lajes de 2.900 m² cada torre, e interligadas por subsolo comum. Inclui dois auditórios, além de 1.705 vagas para automóveis, distribuídas em cinco subsolos, num dos locais mais saturados da cidade.

A preocupação sustentável é uma das marcas do projeto que prevê sistema de ar condicionado mais eficiente, insuflado pelo piso. A busca pela eficiência energética também aparece em dispositivos economizadores e de reutilização de água, central de ar de alto desempenho, sistemas de supervisão e controle predial automatizados, além de equipamentos dotados de grande eficiência energética.

A construtora já detinha o terreno em seu estoque, quando entrou na concorrência promovida pela estatal. O seu know-how em desenvolver projetos de galpões industriais e edifícios para locação (built to suit), segmento em que deslanchou principalmente em São Paulo,  fez a diferença nessa concorrência. Mesmo assim, e com a poderosa parceria da Petrobras, a construção de empreendimento de tal porte em área central e tradicional do Rio de Janeiro enfrentou dificuldades. Após os trabalhos de terraplanagem, surgiram problemas em edificações vizinhas e muito antigas, levando a medidas de reparo e  compensações, negociadas com o poder público. Com área construída de 18


No coração tradicional do Rio de Janeiro, está surgindo um espigão vidro-metálico, investimento de mais de R$ 500 milhões, que prenuncia as fortes mudanças previstas para a cidade até os Jogos Olímpicos em 2016. O Centro Empresarial Senado (CES), projeto do escritório Edo Rocha, paisagismo de Burle Marx, é um empreendimento da construtora W.Torre. A empresa leva para o Rio de Janeiro o modelo empresarial que a alavancou em São Paulo: construções com alta tecnologia projetadas para locação. No caso, a inquilina será a Petrobras, por um período de 18 anos, que centralizará no local diversas áreas operacionais hoje dispersas por vários endereços pela cidade.

O projeto foi concebido dentro do padrão triple A, com sistemas tecnológicos de controle predial que garantem economia de manutenção, assim como atendem à certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo USGBG. O complexo constitui-se de dois blocos principais, formados por dois edifícios de 21 e 16 andares, com lajes de 2.900 m² cada torre, e interligadas por subsolo comum. Inclui dois auditórios, além de 1.705 vagas para automóveis, distribuídas em cinco subsolos, num dos locais mais saturados da cidade.

A preocupação sustentável é uma das marcas do projeto que prevê sistema de ar condicionado mais eficiente, insuflado pelo piso. A busca pela eficiência energética também aparece em dispositivos economizadores e de reutilização de água, central de ar de alto desempenho, sistemas de supervisão e controle predial automatizados, além de equipamentos dotados de grande eficiência energética.

A construtora já detinha o terreno em seu estoque, quando entrou na concorrência promovida pela estatal. O seu know-how em desenvolver projetos de galpões industriais e edifícios para locação (built to suit), segmento em que deslanchou principalmente em São Paulo,  fez a diferença nessa concorrência. Mesmo assim, e com a poderosa parceria da Petrobras, a construção de empreendimento de tal porte em área central e tradicional do Rio de Janeiro enfrentou dificuldades. Após os trabalhos de terraplanagem, surgiram problemas em edificações vizinhas e muito antigas, levando a medidas de reparo e  compensações, negociadas com o poder público. Com área construída de 185.463,32 m², o Centro Empresarial Senado será o maior complexo empresarial construído na América Latina, ladeado por edifícios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),  casarões coloniais em ruínas, uma igreja e um edifício público de mais de 100 anos.

No entanto, o principal desafio da jovem construtora, que em duas décadas de vida se inseriu na elite das grandes construtoras nacionais, não era somente o construtivo. Mas também o de implantar em plena reserva arquitetônica e cultural do Rio de Janeiro – e por isso mesmo de grande significado no imaginário coletivo carioca – um exemplar da nova estética empresarial globalizada.

Esse desafio explica a demanda por sistemas construtivos que permitissem velocidade na execução dos serviços, e principalmente, menor ou nenhuma produção de entulho e resíduo na obra. Ante ao elevado porte da obra, havia ainda a escassa disposição de áreas para carga e descarga de material, bem como para a estocagem de outros insumos. Daí, a opção por estruturas metálicas praticamente se impôs ao projeto.

“Conseguimos obter aqui um ótimo índice de industrialização do canteiro, que praticamente se tornou um ponto de montagem”, explica o engenheiro Jader Daniel Oliveira de Araujo, gerente geral do contrato. Desde o início, explica, a ideia era empregar estruturas mistas de metal e concreto, onde o aço não possui a função estrutural mas de recheio do concreto.

Após as fundações executadas em concreto, é realizada a montagem dos pilares metálicos e das lajes em steel deck. Após esta etapa é feita a concretagem dos pilares e do piso, fazendo a união e a consolidação das estruturas, que ganham finalmente a função estrutural. Araujo explica que além de dar a função estrutural, o concreto atua como elemento de revestimento do aço e proteção passiva contra fogo das estruturas metálicas.

Focada no modelo built to suit, a construtora já vinha ampliando o uso de estruturas metálicas em seu sistema construtivo como elemento fundamental para ganhar mais velocidade em suas obras, respondendo assim à maior exigência com relação aos prazos – após um longo período de inovação e consolidação do sistema Tilt-up, caracterizado por estruturas e painéis de concreto.

Uma das primeiras obras da W.Torre onde foram empregadas as estruturas mistas de aço e concreto foi o conjunto W.Torre Nações Unidas, na Marginal Pinheiros, em São Paulo. São duas torres de escritórios, uma de 10 e outra de 13 pavimentos, executadas em vigas metálicas e pilares mistos de aço e concreto armado, e lajes steel deck. A obra contava com espaço de canteiro de obras muito restrito, em via de trânsito intenso. E a viabilidade da obra, do ponto de vista da logística de movimentação, foi dada pelo uso das estruturas de aço.

Diferente dos Estados Unidos e da Europa, em que a estrutura metálica é utilizada como função estrutural para edifícios altos, no Brasil essa aplicação ainda não é tão comum para edifícios. Jader Araujo explica que a estrutura mista é mais econômica que a estrutura somente metálica, e mais cara do que a estrutura convencional em concreto. Mas não foi o fator econômico que prevaleceu na opção pelo modelo estrutural, explica ele. E sim a viabilização do projeto mediante os aspectos exigidos de sustentabilidade, obra limpa, menor impacto de logística no entorno, assim como velocidade de execução.

“Com a estrutura metálica, no outro dia já é possível entrar com a execução de novos serviços, o que seria impossível se fosse feita a estrutura convencional. Imagine fazer o cimbramento, esperar o concreto curar, retirar o cimbramento. Esse processo, numa obra deste porte, numa região de logística complicada, seria um obstáculo a mais em termos de agilização do processo. Na estrutura metálica, depois de concretada, a estrutura fica livre permitindo a entrada de outras equipes para executar outros serviços. A grande vantagem não está na comparação entre um prazo de um pavimento e de outro, mas em todo o processo sequencial da obra”, diz ele.

Mudança de rumo
Trata-se de uma sensível mudança de rumo para a construtora que notabilizou-se por trazer ao Brasil e empregar o sistema Tilt-up, principalmente aplicado na construção de plantas industriais. Consiste na execução de paredes em placas pré-moldadas em concreto, sobre piso industrial, nas quais são fundidos inserts metálicos especiais para içamento e solidarização com a estrutura metálica da cobertura, empregado pela construtora desde a década de 1990.  O emprego do sistema deu à W.Torre maior domínio sobre o processo de  industrialização do canteiro,  e abriu caminho para que o processo se expandisse para o uso das estruturas metálicas, assim como o uso de outros elementos industrializados no canteiro, como esquadrias e fachadas.

O engenheiro Jader Araujo acredita que, pelas dimensões do complexo do CES e as implicações de logística de implantação, a obra é um divisor de águas para o setor construtivo  do país. “Acredito que pelas características desse projeto, ele é praticamente um divisor de águas. Um passo a mais para a difusão do uso das estruturas metálicas no país, apesar das dificuldades encontradas para atingirmos a performance esperada, o que aconteceu em apenas um dos quatro prédios inicialmente”, diz. Segundo ele, comparativamente, a velocidade obtida nos demais edifícios empregando-se o sistema misto aço/concreto seria equivalente ao obtido com a execução do pavimento todo em concreto.

“Com a expansão do uso das estruturas metálicas, no entanto, o país precisa desenvolver mais empresas com tecnologia nessa área. Hoje existem duas principais empresas que atendem à construtora, porém o boom de obras, inclusive com as previstas para a Copa do Mundo e infraestrutura, exigirá um maior número de fornecedores. Mas podemos falar em avanço, pois o importante deste empreendimento foi o apuramento do planejamento, em nível absolutamente tão detalhado, em sequência, que evitou retrabalhos”, disse o engenheiro.  Por outro lado, o porte da obra inviabilizou sua execução em concreto. Se a estrutura fosse totalmente em concreto, o volume de material utilizado na obra poderia girar em torno de 80 mil m³, o que representaria algo em torno de 50% a mais do que o consumido pela estrutura mista. “Seria complicado encontrar fornecedores no estado para atender a esse volume, pois as concreteiras estão sobrecarregadas pelas diversas obras em execução. Hoje, as duas principais empresas do Rio, Polimix e Engemix, já nos atendem por meio de consórcio”.

Além disso, a logística de transporte desse volume de concreto na obra seria mais um elemento complicador, em virtude do tempo de cura do material e do complicado trânsito local, explica o engenheiro Paulo Demoro Neto. O engenheiro Araujo explica que, por este motivo, um dos caminhos críticos foi justamente a necessidade de concretagem dos pilares, no ciclo de seis pavimentos, para liberar o andamento da obra, pois no caso de qualquer problema nessa etapa, a montagem poderia ser paralisada.

Segundo o engenheiro Paulo Demoro Neto, os turnos de obra se seguiram por 18 e 20 horas, mobilizando 1.300 pessoas. Esse número pode chegar ainda a 1.700 pessoas, diz Demoro, para dar ainda mais velocidade aos trabalhos. “Esse foi outro ponto relevante em relação à escolha da estrutura mista. Até porque as vigas metálicas permitem estruturas mais esbeltas, elas reduzem o consumo de concreto. O uso do steel deck, por sua vez, elimina a necessidade de cimbramento, reduzindo tempo e uso de madeira.

Para o engenheiro Jader de Araujo, é preciso aperfeiçoar o fornecimento de todos os produtos vinculados à cadeia do aço, eliminando justamente o que ele considera ser o ponto crítico do sistema, a execução dos pilares.   “Somos precursores nesse processo. As empresas que estão atuando em parceria com a gente também estão elevando o seu grau de aprendizado. Estão aprendendo muito com essas obras e isso é sentido na velocidade que temos obtido. No começo, o processo de montagem das estruturas chegava a 300, 400 até 500 peças/mês e aos pouco fomos atingindo a marca de 2 mil peças/mês”, explica o engenheiro. “Ou seja, a curva de aprendizado numa obra como essa, industrializada, é realmente muito elevada”, diz Jader Araujo. Na opinião do engenheiro, é preciso que os materiais se aproximem mais. Por exemplo, o aço pode servir de forma para o concreto. “Há um grande nicho para as empresas de estrutura metálica caso elas viabilizem um parceiro de concreto, para que elas possam ter domínio da execução das estruturas. As construtoras, no futuro, passarão a atuar mais como gestoras do que como executoras, e essa é uma porta de entrada para as empresas mais especializadas”. O engenheiro Araujo destaca, no entanto, que existe ainda uma longa lacuna de aprendizado a ser preenchida em termos de preparação de mão de obra de montagem, pois as empresas brasileiras estão mais familiarizadas a montar obra industrial e horizontal – e não edifícios altos. “Este é um item fundamental para a disseminação das estruturas metálicas para a construção de edifícios. Nos Estados Unidos, todo edifício acima de 12 ou 13 pavimentos é feito com estruturas metálicas. Aqui isso ainda não acontece. No entanto, é uma obra que exige, entre outras coisas, uma logística de equipamentos de movimentação vertical, como gruas e elevadores cremalheiras. São processos de industrialização do canteiro, não tem mais volta. É uma evolução natural da construção brasileira”, decreta.

Um projeto de revitalização
Localizado no quadrilátero formado pelas ruas Henrique Valadares, Rua dos Inválidos, Rua do Senado e Travessa Dídimo, O Centro Empresarial Senado (CES) conviverá com uma longa história cultural do centro do Rio de Janeiro – a uma quadra da rua do Lavradio – onde reinam os casarões/antiquários, que mantém vivas as lembranças do passado colonial brasileiro,  não muito distante dos Arcos da Lapa, hoje um dos principais polos turísticos da cidade, ao lado da Rua dos Inválidos, nome dado pela existência de um abrigo para soldados que voltavam da guerra, ainda no tempo da Coroa Portuguesa.

A arquitetura do conjunto triplo metálico, com cobertura por película de vidro verde, certamente contrastará com a imagem da Igreja de Santo Antônio dos Pobres, fundada em 1811, entre as ruas dos Inválidos e do Senado, e que não traz maior riqueza do que sua arquitetura barroca e o trabalho incansável da irmandade franciscana. E acabou por acelerar a recuperação do antigo edifico de Polícia Geral (que já abrigou as atividades do Dops) e que provavelmente será transformado em museu.

No local em que está sendo construído o moderno centro, existiu uma vila operária construída para atender a demanda por moradia no início do século 19 criada pelo surgimento de fábricas de tecidos na cidade.  Com o tempo, a Vila Rui Barbosa acabou concentrando uma população de intelectuais, estudantes, artistas, vinculados à vida boêmia carioca, até chegar à decadência que levaria à sua demolição.  Mas foi essa degradação que deu margem à sua demolição, e abriu espaço para o novo projeto imobiliário, que terá a capacidade de modificar o processo de degradação de toda a região.

O complexo empresarial deverá estimular a revitalização do entorno. A construtora WTorre irá construir um reservatório subterrâneo, sob a antiga Garagem Poula, para confinar as águas que frequentemente inundam o local em dias de chuva. Para isso, estão sendo feitas obras nas galerias subterrâneas existentes e novas tubulações conectando o CES ao reservatório. Por conta de acordos de compensação, a construtora ficou encarregada das obras de recuperação da fachada do antigo edifício da Policia Geral, assim como está patrocinando as obras de recuperação do Solar do Marquês de Lavradio, que abriga a Sociedade Brasileira de Belas Artes. As intervenções não devem parar por aí. Há ainda a ideia de uma nova praça de alimentação no entorno, assim como intervenções no calçamento e na iluminação. Em meio a outras iniciativas do poder público local, sem dúvida, esse será um grande mote para a revitalização do Centro do Rio de Janeiro.

Boom de obras exigirá desenvolvimento do mercado
Inovação, busca por tecnologias avançadas e foco no prazo são marcas da WTorre, o que justifica sua opção cada vez mais frequente por sistemas industrializados, como é o caso das estruturas metálicas, destaca o executivo da empresa, Sérgio Lindenberg, diretor superintendente.

A empresa se notabilizou pela construção de edifícios corporativos, pela competitividade de custos, velocidade de entrega e sistemas de construção limpa. “Nesse sentido, o uso de sistemas como steel deck, telhas metálicas, eliminação de cimbramentos,  redução de entulhos, enfim, representam grandes ganhos no processo construtivo”.

Segundo ele, esse modelo requer também uma opção pela mão de obra qualificada, direcionada para a montagem no canteiro, pois a maior parte da produção fica nas indústrias. A seu ver, o material representa uma ótima alternativa para a construção dos aeroportos, hotéis e estádios, que serão construídos nos próximos anos para atender aos eventos da Copa do Mundo de 2014 –  a WTorre está construindo o novo estádio Arena Palestra Itália.

Lindenberg alerta, no entanto, para a necessidade de desenvolver novos fornecedores no país com o objetivo de atender a tal volume de obras previsto, não somente na área do aço, como de outros insumos para a construção civil.

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