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Revista GC - Ed.85 - Nov/Dez 2017
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Editorial

Chuvas de verão, tragédias anunciadas

Vem chegando o verão e com ele as tragédias anunciadas das enchentes, deslizamentos ou escorregamentos de morros e taludes em zonas urbanizadas. Resultantes da combinação de fortes chuvas, típicas do período, com a falta de planejamento para a ocupação do espaço nas cidades e a omissão do poder público na execução de obras estruturais, essas ocorrências se repetem ano a ano, deixando um rastro de prejuízos materiais e perdas de vidas humanas. As vítimas preferenciais estão nas comunidades de baixa renda, em situação de maior vulnerabilidade social, moradoras de ocupações irregulares nos morros, às margens de rios ou próximo às encostas.

A cada estação chuvosa temos a certeza de que muito pouco ou nada tem sido feito para transformar as nossas cidades em assentamentos mais inclusivos, sustentáveis, seguros e resilientes aos efeitos das inversões térmicas e alterações do regime de chuvas. Essas discussões ainda não ocorrem em um nível prático e não há modelos de ações preventivas a serem adotadas de imediato. Esse, aliás, passou a ser um grande desafio para as administrações municipais.

Pequenas enchentes até podem ser encaradas como ocorrências naturais, quando o volume d’água de um rio transborda em direção às margens, durante chuvas fortes e prolongadas. Mas, nas nossas cidades, elas são potencializadas pelo longo processo de modificação e desestabilização da natureza, que acompanha o


Vem chegando o verão e com ele as tragédias anunciadas das enchentes, deslizamentos ou escorregamentos de morros e taludes em zonas urbanizadas. Resultantes da combinação de fortes chuvas, típicas do período, com a falta de planejamento para a ocupação do espaço nas cidades e a omissão do poder público na execução de obras estruturais, essas ocorrências se repetem ano a ano, deixando um rastro de prejuízos materiais e perdas de vidas humanas. As vítimas preferenciais estão nas comunidades de baixa renda, em situação de maior vulnerabilidade social, moradoras de ocupações irregulares nos morros, às margens de rios ou próximo às encostas.

A cada estação chuvosa temos a certeza de que muito pouco ou nada tem sido feito para transformar as nossas cidades em assentamentos mais inclusivos, sustentáveis, seguros e resilientes aos efeitos das inversões térmicas e alterações do regime de chuvas. Essas discussões ainda não ocorrem em um nível prático e não há modelos de ações preventivas a serem adotadas de imediato. Esse, aliás, passou a ser um grande desafio para as administrações municipais.

Pequenas enchentes até podem ser encaradas como ocorrências naturais, quando o volume d’água de um rio transborda em direção às margens, durante chuvas fortes e prolongadas. Mas, nas nossas cidades, elas são potencializadas pelo longo processo de modificação e desestabilização da natureza, que acompanha o crescimento urbano rápido e não planejado.

Na raiz do problema estão a impermeabilização dos centros urbanos para expansão dos sistemas viários; a supressão da mata ciliar que acompanha os rios, promovendo o aumento do escoamento superficial; a canalização e a retificação dos cursos d’água superficiais, modificando a dinâmica hidrológica e dos solos, agravando os riscos de assoreamento dos rios; e o lixo acumulado em bueiros, ruas e avenidas, que se juntam aos sedimentos e extravasam os canais.

Já os deslizamentos de terra consistem num processo de desgaste dos solos, onde as áreas com declividade sofrem a ação da força das águas das chuvas. A construção de moradias e a retirada da vegetação tornam o solo desprotegido e sujeito a desbarrancamentos. Essas ocorrências são mais comuns na periferia das cidades, onde as terras com menor valor de mercado, localizadas em áreas de risco, nas encostas ou no topo de morros, são ocupadas de maneira irregular.

As ações necessárias estão além de medidas óbvias como eliminar a destruição das matas ciliares, aumentar o controle da emissão de poluentes, dar tratamento adequado ao lixo e resíduos sólidos gerados nas metrópoles. Também não basta simplesmente remover as pessoas que vivem nas áreas de riscos. É preciso planejar a ocupação das cidades e a utilização dos recursos públicos na construção de moradias populares ou linhas de crédito realmente acessíveis para aqueles que não possuem uma renda familiar satisfatória.

É necessário criar áreas residenciais de baixo impacto nas proximidades de áreas de encostas, dentro de determinados padrões de construção, como a utilização de técnicas de terraceamento e a recomposição da vegetação nativa.

As autoridades municipais, principalmente os técnicos ligados à engenharia e planejamento urbano, devem entender como o clima e os chamados bolsões de calor afetam cada região, até para que possam compartilhar esse conhecimento com a população.

Tanto as autoridades quanto a estrutura física das cidades devem estar preparadas para garantir a continuidades dos serviços essenciais, como fornecimento de água, transporte público e eletricidade, caso as fontes primárias falhem. Em alguns casos, são necessárias melhorias estruturais e atualizações tecnológicas.

As cidades devem, ainda, estabelecer redes para compartilhar boas práticas e informações. Estar conectado a lugares que já enfrentaram problemas semelhantes, mas com diferentes níveis de preparação, faz grande diferença na hora de enfrentar eventos extremos.

Por fim, uma medida que tem sido adota em muitos países em desenvolvimento é a atração de financiamentos para a resiliência urbana. Nesses países, recursos públicos e privados foram destinados ao desenvolvimento e à renovação da estrutura urbana.

Uma cidade resiliente é, antes de tudo, uma cidade organizada. Por isso, é fundamental ter um núcleo de inteligência preparado para reagir de forma ordenada, quando ocorre um grande desastre.

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